O boletim médico “o paciente está estável” é relativo. Estável consciente é uma coisa; em coma, outra. O diagnóstico do julho de Gravataí se encaixa na segunda opção. Os próximos dias mostrarão se o “platô” da COVID-19 vai apontar para uma melhora ou piora do doente. A ‘ideologia dos números’ mostra que o crescimento em casos e mortes ultrapassou os 300% em 31 dias.
Em live, o prefeito apelou mais uma vez pela ajuda da comunidade:
– A hora é agora, de empatia, amor ao próximo: quem puder fique em casa, saia só quando necessário, use máscara, cuide a higiene, ou vamos demorar mais a sair dessa.
Marco Alba também fez um alerta:
– Não temos como fiscalizar todo município, mas temos informações de que, se os problemas cessaram em parques e campos de futebol, algumas orientações não estão sendo cumpridas na região das paradas, principalmente entre 64 e 68, nas Moradas e no Interior.
Siga em dados a virulência da “gripezinha”, do “resfriadinho”.
Entre março (24), maio (58) e junho (318) Gravataí registrou 400 casos. Só em julho foram 1.122. O mês encerrou na sexta-feira com 1.522 casos. Neste domingo, já são 1.554 casos.
As mortes também triplicaram. Entre 19 março e 30 de junho, 15 vidas foram perdidas para a COVID-19. Em julho, 45 óbitos. São 60 no total.
O que técnicos da Secretaria Municipal da Saúde usam para evidenciar um possível “platô” é que os óbitos se dividiram em 22 na primeira quinzena e 23 na segunda.
– Os próximos 15 dias serão decisivos para evitarmos a propagação – resumiu o prefeito, lembrando que a Região Porto Alegre segue em bandeira vermelha, de alto risco de contágio.
Na mesma live, o secretário da Saúde reforçou a convocação:
– Nos preparamos para estes dois meses de inverno, que sabíamos ser os mais difíceis. Mesmo assim, o comportamento individual ainda é necessário. Precisamos nos manter em alerta.
Jean Torman fez um inventário dos investimentos. Citou a abertura do hospital de campanha, com 10 leitos de UTI, em 10 de junho, com capacidade ambulatorial para atender 291 pacientes a cada 24h; mais 51 leitos intermediários no Pronto Atendimento 24 Horas, em julho, para pacientes que saem do tratamento intensivo e precisam ficar hospitalizados em tratamento e observação; além de, na última semana do mês, mais 10 leitos de UTI, com capacidade completa de intubação.
– Mesmo assim, em julho precisamos transferir 200 gravataienses para outros municípios, pela complexidade dos casos.
Ao fim, se não basta aos covidiotas, e insisto na expressão para incomodar e provocar reflexão, julho terminou na noite de sexta com os 10 leitos de tratamento intensivo do Hospital de Campanha ocupados, além de 21 pessoas na fila; e com 8 ocupados dos 10 leitos novos de UTI para casos mais graves, com intubação, no Hospital Dom João Becker.
A pressão do novo coronavírus se soma ao que Brasil afora é rotina no inverno, a estação das emergências lotadas: a UTI não-covid do HDJB tinha os 10 leitos ocupados, assim como os 14 leitos clínicos. Outras 20 pessoas aguardavam em macas, poltronas, sentados no chão ou escorados na parede.
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