Gravataí pode perder 17 médicos com a redistribuição de vagas do Médicos Pelo Brasil, substituto do governo Jair Bolsonaro para o Mais Médicos.
A projeção dos gestores da saúde da Grande Porto Alegre é que, a partir de novembro, regiões metropolitanas percam até 60% dos profissionais, entre redução de vagas do programa e direcionamento para municípios do interior.
Régis Fonseca, secretário da Saúde de Gravataí, é o articulador de um movimento junto à Granpal, que é a associação das prefeituras da região, e ao Cosems, o conselho das secretarias municipais de saúde.
– Dos 34 médicos que temos no programa ficaremos com 17. Será um caos, já que toda região enfrenta dificuldade de contratação de profissionais para atenção básica – alerta o secretário, que conseguiu junto à secretária estadual Arita Bergmann enviar ofício ao Ministério da Saúde pedindo a manutenção dos médicos na região hoje sobrecarregada por um inverno que começou cedo e ainda com sequelas da pandemia da covid pela virulência da omicrom.
– Quando você tira médicos da atenção básica, o impacto é direto nas urgências e emergências – resume.
Hoje Gravataí tem 200 médicos, incluindo especialistas. Além de dois por plantão nas UPAs, um para noite no Hospital Dom João Becker e nove nas unidades básicas de saúde, há 50 equipes habilitadas na Estratégia de Saúde da Família (ESF), com uma deficiência de 7 médicos. A Prefeitura tentou contratar emergencialmente, mas não houve interessados.
– Devemos abrir concurso nos próximos 15 dias para cargos da saúde em geral – informa, agradecendo a aprovação pela Câmara de Vereadores de projeto enviado pelo prefeito Luiz Zaffalon que aumenta o salário dos médicos de 40h de R$ 14 mil para R$ 17 mil, além de transformá-los em estatutários, um atrativo por aumentar o vínculo trabalhista com o município.
Com o Médicos Pelo Brasil, neste segundo semestre a quantidade de vagas providas pelo governo federal no Rio Grande do Sul encolhe de 1.323 para 1.103 em relação ao Mais Médicos. E já havia dificuldade de preencher um quarto das vagas.
Levantamento da Famurs também mostrou em abril que 75% das prefeituras gaúchas tinham carência de pelo menos um profissional em suas equipes médicas.
Em nota, o Ministério da Saúde já se manifestou informando que “os contratos vigentes do programa anterior não serão cancelados ou suspensos”, mas “a finalidade do Médicos Pelo Brasil é prover profissionais médicos em locais de difícil provimento ou de alta vulnerabilidade”.
Ao fim, não bastasse a dificuldades em encontrar Apolos, Esculápios, Hígias, Panacea ou Silvas para medicar nas periferias, onde os rios correm a seco, os Joões, Marias, Enzos, Gaéis, Maria Alices e Maitês que precisam de atendimento sofrem com a bobagem ideológica – e também corporativista – da troca do Mais Médicos, e seus ‘escravos’ cubanos, pelo Médicos Pelo Brasil; ou, na prática, ‘Menos Médicos’ para Gravataí.