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Gravataí pode produzir carro elétrico da GM

Em 2011 a Chevrolet trouxe dos Estados Unidos, para test-drive no Brasil, oito carros Volt. O colunista foi um dos jornalistas convidados para testar-pilotar o híbrido (foto acima) que era o xodó do momento.

Seria muita pretensão deste colunista, num exercício de conjugação da lógica com a futurologia, apostar que pode sair da aldeia dos anjos, mais precisamente do Complexo Automotivo Industrial de Gravataí (Ciag), um modelo de carro movido 100% à eletricidade, nos próximos dois anos?

Talvez sim, talvez não!

Aos fatos.

 

1

A General Motors anunciou no começo de agosto, com pompas e circunstâncias, investimento de R$ 1,4 bilhão na fábrica de Gravataí. Não é para ampliação de pavilhões e da linha de produção, mas para transformação desta linha de produção de forma a capacitá-la para montagem de um terceiro modelo. O vice-presidente da GM Mercosul, Marcos Munhoz, disse-me na ocasião que seria algo (o carro) totalmente novo, com uma tecnologia sem igual e que iria surpreender o mercado.

 

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2

Ao mesmo tempo a GM confirmou mais R$ 1,2 bilhão na fábrica carro-chefe da empresa em São Caetano do Sul, pertinho da capital São Paulo. Trata-se de um complexo de capacidade produtiva elevada mas que está estrangulado pela cidade que cresceu no seu entorno. Fábrica que também sofre com frequentes greves de um movimento sindicalista muito forte e que, de tempos em tempos, compromete a produção da montadora.

 

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Outro R$ 1,9 bilhão está destinado para a fábrica da GM de Joinvile, em Santa Catarina, onde são produzidos essencialmente motores e cabeçotes para o mix de modelos montados em solo verde-amarelo e até no exterior, como na Argentina, ou México. Toda essa dinheirama é parte do bolo de R$ 13 bilhões que a GM deve destinar às suas fábricas brasileiras até 2020.

 

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Sobre o que vai sair da planta de Gravataí, de dentro da GM ninguém sabe, ninguém viu. A cláusula de confidencialidade assinada por quem assume cargos estratégicos deve prever multas milionárias para o caso de vazamento de informações ao público. Mesmo assim, especula-se largamente no meio especializado que a linha de montagem da aldeia deve colocar na rua um novo SUV, mais compacto do que os atuais modelos, e mais urbano. Algo entre um Onix e uma Tracker.

 

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Cada vez mais os governos, do mundo inteiro, estão incentivando o uso de tecnologias sustentáveis e de motores de combustão zero – os elétricos se encaixam aí. General Motors, Ford e Toyota lideram a corrida para colocar no mercado modelos dotados de alta tecnologia, inclusive as que dispensam o motorista, e motorização sem emissão de poluentes. A Volvo foi a primeira fabricante a "abraçar" o futuro elétrico, anunciando a eletrificação de seus modelos até 2020.

 

6

Outros fabrinacntes correm por fora e podem surpreender. Volkswagen, BMW, Mercedes-Benz e Jaguar Land Rover também revelaram planos semelhantes de adotar a propulsão sem emissão de poluentes. Ah, e tem a Tesla, outra da terra do “Tio Sam”, mais precisamente da árida – pelo menos nos filmes de bang-bang – Califórnia, que só faz elétricos desde sua criação.

 

7

Agora, ontem, segunda-feira, dia 2, a General Motors anunciou planejamento que prevê a colocação no mercado de 20 modelos de carros totalmente elétricos, até 2023. O ponto “número um” a se deduzir é que a tecnologia em estudo está avançada. O ponto “número dois” é que esta motorização elétrica deve contemplar atuais e novos modelos. Então…

 

8

A maior fabricante dos Estados Unidos disse que vai lançar, em 18 meses, dois novos modelos construídos a partir da experiência do Chevrolet Bolt, que foi lançado em dezembro de 2016. Então… Em 18 meses já estaremos em 2019, ano no qual, segundo Marcos Munhoz, vice presidente da GM Mercosul, o terceiro modelo made in aldeia dos anjos deve entrar nas concessionárias.

 

: Chevrolet Bolt deve servir de base, principalmente na tecnologia do motor sem emissão de poluentes

 

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É bom não esquecer que em Gravataí são produzidos dois modelos atualmente, o Onix e o Prisma. O terceiro modelo pode ser mais um ou substituir o Prisma, que tem tudo para sair de linha até o final da década. Impossível, levando em conta esse raciocínio (20 modelos com motor elétrico até 2023) que um deles não saia da linha de montagem de Gravataí.

 

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E é bom recordar que a GM já produziu nos Estados Unidos o Chevrolet Volt, um híbrido plug-in cuja bateria de lítio confere ao modelo uma autonomia de 70 a 80 quilômetros. A partir daí, um motor estacionário movido a gasolina funciona como gerador de eletricidade, aumentando essa autonomia para algo pouco além dos 500 quilômetros.

 

11

A GM trouxe ao Brasil alguns exemplares do Volt, no segundo semestre de 2011, para apresentar à imprensa em eventos de test-drive. Pilotei um deles até o parque eólico de Osório. Carro pesado, por conta da bateria que ocupava um espaço gigante sob o banco traseiro e entre os bancos dianteiros, num formato de ‘T’, e do motor adaptado.

 

: Levei o Volt para ser “abastecido” com energia diretamente em um dos aerogeradores de Osório.

 

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Era carro de 41 mil dólares nos Estados Unidos e Canadá – cerca de R$ 70 mil pelo câmbio da época. Mas que não poderia ser vendido por menos de R$ 90 mil a R$ 100 mil no Brasil por causa da elevada carga tributária, valor inviável para o padrão aquisitivo tupiniquim e diante da – ainda – duvidosa eficiência da tecnologia empregada no Volt.

 

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Por fora, um carro bonito, com excelente acabamento. De interessante, o silêncio do motor elétrico. Chovia. Ouvia-se apenas o ruído dos pneus no asfalto molhado. É bom admitir que não sei mais do Volt, se continua sendo produzido e vendido. Mas pelo que tenho lido é um modelo que cedeu espaço ao Bolt EV, um elétrico que está servindo muito mais como veículo de testes do que propriamente um carro para “bombar” no volume de vendas.

 

Pelo sim, pelo não, como bom jogador de pocker que sou (SQN), aposto metade das minhas fichas que Gravataí vai produzir um – ou mais – destes 20 modelos elétricos que Mark Reuss, vice-presidente de Desenvolvimento de Produto da GM, disse ontem que a norte-americana vai colocar no mercado brasileiro até 2023.

Alguém topa essa aposta?

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