A oferta de 30 leitos de UTI para COVID-19 são a base do recurso de Gravataí à manutenção da bandeira vermelha no Distanciamento Controlado do Governo do RS. Sem torcida ou secação, não acredito será aceito. São os fatos, aqueles chatos que atrapalham argumentos: a maioria dos leitos são uma promessa, não uma realidade.
O anúncio do recurso foi feito pelo prefeito em live, na noite deste sábado, e que você assiste clicando aqui.
– Não recorremos na semana passada porque não havia subsídios. Agora temos. Não é apenas uma satisfação para os insatisfeitos, mas uma argumentação técnica – argumenta Marco Alba.
– Não se trata de ser contra ou a favor do Distanciamento Controlado. Fizemos o recurso porque Gravataí tem uma capacidade de atendimento maior do que no início da pandemia há quatro meses – acrescenta o secretário da Saúde Jean Torman.
O plano do governo municipal une maior oferta de leitos, reorganização da atenção básica em saúde e maior fiscalização, além da subjetiva colaboração da comunidade.
Na atenção primária, os 100 dias de pandemia, quando especialistas foram deslocados para atender nas UBSs e USFs, permitiram tempo para a Prefeitura contratar médicos e ter hoje ao menos um profissional de saúde em cada unidade básica de saúde e unidade de saúde da família, além das equipes da UPA, do 24 Horas e do Hospital Dom João Becker.
Conforme o secretário da Saúde, a capacidade semanal foi ampliada em 2 mil potenciais atendimentos na atenção primária, responsável pelos diagnósticos e encaminhamentos de pacientes com sintomas respiratórios e suspeita da COVID-19. O novo plano de contingência prevê usar, além dos postos de saúde (todos com fichas sem necessidade de marcação de consulta para casos respiratórios) e do hospital de campanha, o espaço do 24H para triagem de suspeitos de infecção pelo novo coronavírus.
Já a fiscalização começou a ser feita, em locais de maior movimento e, principalmente, em parques e praças, por guardas municipais e agentes de trânsito, além da orientação dos ‘coletes verdes’, também responsáveis por verificar ônibus das linhas municipais, os ‘branquinhos’, que só podem circular com passageiros sentados conforme decreto municipal.
Outro decreto será publicado neste fim de semana prevendo multas pelo uso de campos de futebol e canchas esportivas. Na live, o prefeito ameaçou revogar cessões de uso para clubes em caso de descumprimento.
Aí chegamos ao principal do recurso: as novas UTIs. Gravataí tinha 12 antes da pandemia, sendo 10 delas no Becker e as outras na UPA e no 24H. Com o hospital de campanha, 10 leitos foram abertos, mas a operação começou com 4 ‘UTIs’, que precisaram de respiradores cedidos pela Santa Casa. Só na última semana o Ministério da Saúde entregou 5 dos 20 pedidos em abril pela Prefeitura, que providencia agora a instalação.
A esperança de Marco Alba é receber nesta semana os outros 15 respiradores. Neste sábado, o prefeito recebeu ligação da secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, perguntando se a Prefeitura teria como comprar 15 monitores caso recebesse apenas os respiradores.
– Garanti que sim – conta o prefeito.
A conta fecharia em 30 leitos de UTI para COVID-19, entre o hospital de campanha e uma nova estrutura no Becker, além dos já existentes 121 leitos e 12 UTIs para outras necessidades no hospital, UPA e 24H.
– Gravataí está fazendo mais do que sua parte, já que pela Constituição Federal é dos governos federal e estadual a responsabilidade por leitos e UTIs – diz o secretário.
O prefeito buscou comunicar esperança na aprovação do recurso.
– Conforme a pesquisa da UFPel, que subsidia tecnicamente o Distanciamento Controlado do Governo do RS, a cada 1 infectado diagnosticado há 7 ativos. Então, os 341 casos de hoje representariam 2.387, com 11 mortes, ou 0,4%. Sustentamos ter capacidade de atendimento maior do que muitos dos 20 municípios da Região Porto Alegre. Podemos atender casos leves e graves, estabilizar os pacientes e aguardar leitos nos hospitais de referência (Clínicas, Conceição e, agora, a Santa Casa, em Porto Alegre, e o Universitário, em Canoas).
– Mas, se o recurso for aceito, voltarmos à bandeira laranja e não agirmos como comunidade, respeitando o próximo, estaremos mais perto da bandeira preta – alertou.
Reputo difícil o Governo do Estado aprovar o recurso antes da instalação das novas UTIs. Até porque o ‘balão’ do governo federal nos respiradores já dura mais dois meses e a Prefeitura precisará comprar monitores, nunca uma operação fácil, mesmo em estado de emergência. Obviamente, Marco Alba não vai sair comprando equipamentos a qualquer preço, como nos ‘covidões’ descobertos pela Polícia Federal e Ministério Público, país afora.
Ao fim, a resposta sai terça e, até lá, a bandeira é vermelha. Se der certo, é preciso que comerciantes sigam com ainda mais rigor as regras de operação e barrem – e não sejam eles – covidiotas de máscara no queixo. Infelizmente, neste modelo ‘sueco’ do Governo do RS, que chamo de ‘experimento descontrolado’, como em É tudo com a gente em Gravataí e Cachoeirinha; o Distanciamento Controlado fake não segura a COVID 19, caberá também à Prefeitura pesar nas multas e ‘contagiar’ o bolso de quem praticar crimes contra a saúde pública.
Ou a curva continuará ascendente. Junho foi o pior mês da COVID-19 em Gravataí.
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