Gravataí está entre as cidades-alvo da Operação Turrim Lavare, deflagrada pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul na quinta-feira para combater um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas. A ação, coordenada pela Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro (DRLD), do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), cumpriu 209 medidas cautelares em 19 municípios gaúchos e catarinenses.
Entre as ordens judiciais, estavam 68 mandados de prisão preventiva, 37 de busca e apreensão, 74 bloqueios de contas bancárias, sequestros de imóveis e veículos e ordens de indisponibilidade de bens. Duas das propriedades sequestradas ficam em Santa Catarina, mas também houve ações em cidades da Região Metropolitana, incluindo Gravataí, Canoas, Alvorada, São Leopoldo e Sapucaia do Sul.
Pelo menos 50 pessoas já foram presas. As equipes também apreenderam 10 veículos, armas, munições, drogas, dinheiro, balanças de precisão e anotações do tráfico.
Segundo o delegado Adriano Nonnenmacher, o grupo criminoso tinha estrutura organizada e utilizava métodos sofisticados para disfarçar o dinheiro ilícito no sistema financeiro.
“As movimentações eram dissimuladas por meio de pulverizações, triangulações, uso de contas de idosos e de passagem, além de depósitos em casas lotéricas. Os valores passavam por dezenas de contas em diferentes cidades, inclusive aqui na região metropolitana”, explicou.

Bloqueio de mais de R$ 120 milhões
O bloqueio judicial determinado na operação pode alcançar R$ 120,3 milhões, além de R$ 2 milhões em ativos que tiveram a indisponibilidade decretada. O objetivo, segundo a Polícia Civil, é descapitalizar completamente a organização criminosa.
O delegado Rafael Liedtke destacou que entre os presos está um dos líderes estaduais do grupo, detido anteriormente no exterior por crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa.
“As provas financeiras mostraram a ligação direta entre o litoral, a Grande Porto Alegre e cidades como Gravataí, demonstrando a capilaridade e o alcance do esquema”, afirmou.
O delegado Alencar Carraro, diretor de investigações do Denarc, afirmou que esta é a segunda fase da Operação Turrim Lavare, iniciada em 2023.
“A primeira fase já havia resultado em 53 prisões e na apreensão de 21 armas de fogo. Agora, conseguimos atingir a alta cúpula do narcotráfico gaúcho”, destacou.
Desde 2019, segundo o diretor do Denarc, delegado Carlos H. Wendt, o departamento já descapitalizou mais de R$ 130 milhões de organizações criminosas no Estado.
“A Operação Turrim Lavare é mais um passo importante para enfraquecer o poder financeiro do tráfico e seus operadores”, ressaltou.
A operação contou com o apoio da Polícia Civil de Santa Catarina, da Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência (DIOPI/Senasp) e do Ministério da Justiça, por meio do Projeto Impulse, que incentiva ações integradas para o combate ao crime organizado.
De acordo com o diretor da DIOPI, Rodney da Silva, a ação reflete o esforço nacional em fortalecer investigações contra grandes redes criminosas.
“O objetivo é integrar as polícias e reforçar a capacidade investigativa dos estados no enfrentamento à lavagem de dinheiro e ao tráfico de drogas”, declarou.
Em Gravataí, as diligências foram conduzidas por equipes do Denarc com o apoio da 14ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana, responsável por prestar suporte logístico à operação.
A Polícia Civil não divulgou, até o momento, detalhes sobre endereços ou pessoas investigadas no município, mas confirmou que houve cumprimento de mandados de busca e bloqueio de contas ligados a suspeitos com atuação na cidade.