Gravataí vai gastar cerca de R$ 5 milhões a mais ao ano para compensar a perda de médicos com a redistribuição de vagas do Médicos Pelo Brasil, substituto do governo Jair Bolsonaro para o Mais Médicos, que era o programa que admitia médicos cubanos.
O que antecipei ainda em junho, e desinformados, informados do mal ou sequestrados por seitas disseram ser fake news foi confirmado pelo secretário municipal da Saúde, Régis Fonseca, que a partir deste mês é o representante do Rio Grande do Sul no Conselho Nacional de Representantes Estaduais (Conares), órgão vinculado ao Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), que trata pautas nacionais do SUS.
A projeção dos gestores da saúde da Grande Porto Alegre é que, a partir de novembro, regiões metropolitanas percam até 60% dos profissionais, entre redução de vagas do programa e direcionamento para municípios do interior.
Dos 34 médicos hoje ligados ao programa Gravataí perderá 17.
Como a falta de médicos na atenção básica impacta nas urgências e emergência, não será um caos – ao menos em Gravataí – porque o governo Luiz Zaffalon (MDB) tem equilíbrio nas contas, o que permite tanto contratações emergenciais, como ter aberto em agosto um concurso público para cargos na saúde municipal.
E ainda oferecendo salários mais altos que praticamente todas as prefeituras da região. O salário dos médicos de 40h foi ampliado, com aprovação da Câmara de Vereadores, de R$ 14 mil para R$ 17 mil, além de transformar a carreira em estatutária, um atrativo por aumentar o vínculo trabalhista com o município.
– Hoje temos todas as equipes médicas completas. Com as perdas, vamos chamar concursados ou compensar com contratações – anuncia o secretário, que em maio enfrentou a crise da falta de pediatras, “já resolvida”; em julho a falta de 7 médicos na saúde da família, também suprida, e hoje comemora Gravataí liderando as 10 maiores cidades gaúchas no Previne Brasil, que avalia a atenção básica em saúde.
O concurso tinha, até a última semana, 90 inscritos para o cargo de médico de 40h, de mais difícil contratação no mercado, e 55 para médicos de 20h. A expectativa é ter as contratações homologadas até o fim de novembro.
Hoje Gravataí tem 200 médicos, incluindo especialistas. Além de dois por plantão nas UPAs, um para noite no Hospital Dom João Becker e nove nas unidades básicas de saúde, há 57 equipes habilitadas na Estratégia de Saúde da Família (ESF)
Com as mudanças na distribuição de vagas pelo Médicos Pelo Brasil, neste segundo semestre o número de profissionais encolhe de 1.323 para 1.103 em relação ao Mais Médicos. E já havia dificuldade de preencher um quarto das vagas.
Levantamento da Famurs também mostrou em abril que 75% das prefeituras gaúchas tinham carência de pelo menos um profissional em suas equipes médicas.
Em nota, o Ministério da Saúde já se manifestou informando que “os contratos vigentes do programa anterior não serão cancelados ou suspensos”, mas “a finalidade do Médicos Pelo Brasil é prover profissionais médicos em locais de difícil provimento ou de alta vulnerabilidade”.
Ao fim, Gravataí vai gastar milhões para compensar o ‘Menos Médicos’ de Bolsonaro; apoiado por parte da classe médica, preocupada com os ‘escravos cubanos’.