Quando maiores forem as limitações do elenco, maior é a importância da comissão técnica. Fazer futebol com recursos em abundância que, entre outros, garantem 2 ou 3 opções para cada posição, é muito “menos difícil”.
Pois bem, demorou, mas estamos vendo a máxima vestir azul, preto e branco com Renato na casamata. É claro que que o comandante teve seus méritos no passado recente, mas convenhamos, os times vencedores eram infinitamente superiores ao atual tecnicamente.
Será que está no estatuto do clube a obrigatoriedade de jogar somente no 4-2-3-1? Perdemos as contas de quantos pitacos escrevemos nesta linha. Inclusive no período “dourado” e dentro da lógica do Futebol Além do Resultado.
Com vitórias mais escassas, crises e o improvável rebaixamento recente, outros tantos contribuíram com as críticas construtivas. Redes Sociais em polvorosa. Twitter bombando. Os meias nada velozes atuando como extremas foram a gota d’água. Gauchão é outra exigência, naturalmente.
Embora incipiente, o 5-4-1 devolveu competitividade ao Tricolor. Não apenas no Gre-Nal, aproveitando-se da fase tenebrosa do rival, mas sobretudo no famigerado gramado sintético da Arena da Baixada.
Não tendo no time atletas com características de controle, cadência, armação e posse, a receita é mais antiga que andar pra frente: ceder a posse ao adversário e especular no contragolpe. Diego Simone na versão Tupiniquim.
Mais um ingrediente do pragmatismo necessário — ainda mais com tantos desfalques: bola aérea ofensiva. Cobrança de manual de Reinaldo; Bruno Uvini nas alturas e… 2 a 1 no placar final.
Falando em Reinaldo, os laterais podem e devem ocupar bem mais o campo ofensivo. Um dos principais trunfos do sistema com 3 zagueiros é justamente a possibilidade de ter os camisa 2 e 6 praticamente como extremas em 3-4-3. Não é o que tem ocorrido. Tem sido 5-4-1 do início ao fim!
Isto é, apesar dos 6 pontos conquistados em 6 possíveis, existe um latifúndio a ser explorado na nova mecânica tática. Embora as características dos laterais não sejam a ofensividade, a simples presença na peça ofensiva pode criar superioridade numérica pelos flancos, facilitando o 1×1 — mano a mano — do ponta contra o lateral adversário.
Entre o mundo ideal e real, Renato tem buscado alternativas, testado, experimentado, fugido da mesmice. A presença do lateral-esquerdo Cuiabano numa linha mais à frente, é outra prova recente. Sem pontas velozes, utilize-se um lateral ofensivo.
Esqueçamos o rótulo de “improvisação”. Futebol é ocupação de espaços. Atletas com determinadas características podem/devem atuar em mais de uma posição e exercer ‘n’ funções.
Contra o Cruzeiro, na quarta-feira, a presença do camisa 54 se impõe. Na vaga de Reinado no 3-5-2. Na vaga de Vina no 4-2-3-1. Ou seguindo com liberdade no 5-4-1. Gostaria também de ver a manutenção do goleiro Adriel entre os 11…
Que role a bola…
Ao lado de Suárez, Renato tem sido o grande diferencial do Grêmio em 2023.
Num futebol cada vez mais equilibrado do Oiapoque ao Chuí, não tem jeito: até as Estátuas precisam estudar e evoluir. Que continue assim! Tem dado resultado.
Antes tarde do que mais tarde…