“Gauchão é engana bobo”. A célebre frase do saudoso cronista Wianey Carlet, a cada início de Brasileirão volta à tona para a dupla Gre-Nal.
No caso do Grêmio, a compreensão da realidade tem outro empecilho: a “régua” alta criada pela presença de Luís Suárez no comando ofensivo.
Naturalmente, em algum momento, o torcedor sonhou com uma temporada à altura da história do clube frente a chegada do 5º maior artilheiro do mundo na atualidade. Puro devaneio!
A cada rodada, o campo promove um choque de realidade e tanto. Em matéria de desempenho, o Grêmio de Renato ainda não entrou em campo no Brasileirão 2023. E o pior: em quatro jogos, o tricolor não enfrentou nenhuma “pedreira”. São sete pontos contra Santos, Cruzeiro, Cuiabá e Bragantino.
Contra o time de Bragança Paulista, aliás, empate como obra e graça da Imortalidade. Pela jornada, a derrota teria recebido o selo da justiça conferida pelos deuses da bola. Empate também graças ao camisa 9 fora da curva. Aliás, Luisito jamais será problema, que fique claro!
Após a partida, a grande notícia gremista na noite dominical: a lucidez do treinador na entrevista coletiva. Já iniciou reconhecendo o mau momento, lamentando o empate cedido, mas sublinhando que o adversário foi superior em todos os quesitos. Muito bom! O primeiro passo para o conserto é reconhecer os estragos.
Entretanto, quando está no comando do Grêmio, Renato normalmente abusa do direito de ser Renato. Ao cobrar publicamente a direção por reforços, o comandante comete duas gafes numa cajadada só: expõe assunto que seria de economia interna e flerta com a transferência de responsabilidade.
Talvez seja mais um round da polêmica envolvendo Adriel, quando o presidente Alberto Guerra “decretou” a lei do silêncio em emissora nacional: “Foi além do que deveria”, pontuou o mandatário.
As carências do tricolor no elenco são óbvias. Renato tem pouco material para fazer diferente, reconhecemos. Mas aquilo que pode ser feito, necessariamente precisa virar prática. Diogo Barbosa, por exemplo, não pode mais fardar azul, preto e branco.
O time repleto de meias, que “encantou” no campeonato estadual jamais foi convicção do treinador, mas acerto circunstancial. “Não gosto de jogar com meias nas extremas (pontas)”, disse mais ou menos assim na coletiva.
Sem Pepê e Carballo, o sistema é inviável, repetindo pitaco de dias atrás. Não adianta meias de talento se a bola não chegar neles, né? Enquanto isso, Suárez agonizando de sede no deserto. Nesse ponto, já passou da hora de buscar alternativas. Existe vida além do 4-2-3-1 com suas singelas variações. Será?
Zinho ou Galdino próximos ao centroavante? Três zagueiros com Reinaldo ou Cuiabano na ala esquerda? Enfim, as alternativas são um resumo “perfeito” do Grêmio na atualidade: nada animadoras.
O ano é de reconstrução. Não esqueçamos, por mais que o início da temporada tenha sido com vitória em Gre-Nal e títulos da Recopa-RS e do Gauchão.
O campeonato dos 45 pontos é o primeiro objetivo. Depois, vaga na Sula. Se der, presença na Liberta 2024.
Boca fechada e pés no chão não fazem mal a ninguém.