“O retorno da dupla Villasanti e Carballo ampliou a robustez defensiva. Faltou, porém, o tão necessário elo meio-ataque (…) Talvez Pepê no futuro breve possa devolver naturalidade ao futebol do Grêmio. Com ele, podendo variar para o 4-1-4-1 para maior controle, posse e articulação”.
Não gostamos de ser autobiográficos, mas abrimos exceção para contextualizar. O parágrafo acima foi extraído do último pitaco após Flamengo x Grêmio no Maracanã. Embora o insucesso na Copa do Brasil, o campo demonstrava evoluções, mas também “gritava” algumas necessidades da equipe.
Novamente com uma semana cheia de trabalho, Renato e Alexandre Mendes promoveram nova mudança tática: 4-3-3 com suas singelas variações, entre elas, o 4-1-4-1, principalmente sem a bola. O repertório tático tem sido a grande novidade da comissão técnica em 2023. Antes tarde do que mais tarde!
Você que nos honra com a leitura quase sempre, haverá de reconhecer um dos mantras do nosso singelo espaço opinativo: o jogo se ganha é no meio-campo. Com Villasanti, Carballo e Pepê, o Grêmio teve execução perto da excelência contra o Cruzeiro. Marcação, armação, infiltração e conclusão.
Aos seis minutos, Villasanti antecipa, rouba e cruza para Suárez balançar as redes — o VAR, porém, jogou “água no chope” tricolor. Ali ficou claro que “três volantes” não necessariamente deixa o time defensivo. Na maioria das vezes, Villa é o camisa 5.
No gol que valeu, Cristaldo e Carballo “apertaram” a saída de jogo. No segundo, o próprio Carballo balançou as redes. No terceiro, infiltração de Pepê na marca do pênalti e… bucha!
Eis a nova dinâmica que elevou o potencial do Grêmio. Talvez seja a mudança que faltava para oxigenar a equipe na reta final da temporada. Retorno ao G-3 e mais uma “gota no oceano” na busca pelo objetivo possível no momento: vaga direta à Libertadores 2024. Presença quase assídua no pódio do Brasileirão 2023.
Pepê com o campo aberto à sua frente, devolve naturalidade ao futebol do Grêmio e resgata a “essência” de jogo de Renato. Em parte, nos remete aos áureos tempos de 2016-17-18. Com o camisa 23, não há mais a necessidade pragmática dos 3 zagueiros, tampouco o modelo “repetitivo e previsível” do 4-2-3-1 que normalmente depende do “brilho individual” do meia centralizado.
Com três médios, Felipe Carballo também pode desprender-se mais. A atuação contra o Cruzeiro ilustra o quanto pode ser importante nas funções mais avançadas. Mantê-lo fixo entre os zagueiros é desperdício.
Numa linha mais à frente, Cristaldo, Suárez e João Pedro Galvão. Todos com movimentação. Embora com liberdade para flutuar como camisa 10, Cristaldo novamente deixou a desejar, ao menos na nossa singela ótica.
O ingresso de Bitello na etapa final escancarou uma das obviedades da temporada: o camisa 39 é a melhor figura individual da equipe. Deu assistência, passes-chave e fez o quarto gol, anulado novamente pelas “linhas da tecnologia”.
JP Galvão, embora ainda careça de ritmo, é outra figura que elevou o time taticamente. Sua presença tira Suárez do isolamento. Permite que o camisa 9 deixe a área para articular. Torna os movimentos de ataques menos previsíveis. Precisa, claro, colaborar também com gols e assistências. Eis o próximo degrau necessário.
Pelas evoluções que humildemente citamos no pitaco até agora, está explicado o fim do jejum de Luisito Suárez. Futebol é um ato coletivo. O extraclasse fez gol, tirou onda como 10, deu assistência de letra. Deveria, porém, ter deixado o time após os 2 a 0 em nome da preservação.
Agosto finalmente está indo embora. Com ele, o “inverno” que estava combalindo o futebol do Grêmio. A noite só não foi perfeita pela nova lesão do capitão Geromel. Mas sigamos…
O Grêmio voltou a jogar Futebol Além do Resultado que gera resultado. Não haveria melhor notícia para o momento. Apenas vencer não basta. É preciso merecer.
Os deuses da bola agradecem…
