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Grito de Gravataí foi ouvido sobre vergonha da interdição da escola Tuiuti; É o ’Mercado Livre’ da educação

Patrícia Alba em sessão da Assembleia Legislativa gaúcha

O grito de Gravataí foi ouvido e a secretária da Educação Raquel Teixeira vai receber às 14h de segunda-feira a deputada estadual Patrícia Alba (MDB) para tratar dos problemas estruturais que interditam três dos quatro pavilhões da maior escola pública do município, o Tuiuti, uma vergonha que tratei em uma série de artigos, a última vez na semana passada em Um candidato a Presidência da República não consegue consertar uma escola em Gravataí. Nesta quarta, virou notícia na RBS.

A ex-primeira-dama, que ainda não foi sido recebida pelo governador desde que assumiu o mandato em janeiro, tentava há 90 dias uma audiência para tratar sobre a escola, fez uma cobrança forte na terça-feira, na tribuna da Assembleia Legislativa.

– Não sejam negligentes com a Educação – apelou, no pronunciamento que você assiste clicando aqui.

Além de alertar para as condições de infraestrutura e segurança do estabelecimento, que aguardam por investimentos desde os governos Tarso Genro (PT) e José Ivo Sartori (MDB), a parlamentar ainda apontou “falta de vontade política” do Palácio Piratini para lidar com as demandas da cidade.

– Foi assim com a Mercado Livre, quando o Estado mandou embora mais de 1,5 mil empregos pelo excesso da burocracia e pela incapacidade de perceber e de se adequar aos novos tempos, pelos quais passam o mercado de trabalho. Tem sido da mesma forma com o projeto da elevada de acesso ao Distrito Industrial na ERS-118, que já deveria estar sendo executado desde o início do ano e sequer teve o edital publicado – criticou.

A deputada ainda relembrou os apontamentos feitos pela diretora da Tuiuti, Geovana Affeldt, quanto aos problemas na rede elétrica e em três dos seus quatro prédios – comprometendo 12 salas de aula e impondo aos alunos terem que estudar em espaços improvisados, como refeitório, biblioteca e, até mesmo, salão da igreja.

– Estamos comprometendo a vida de mais de 700 alunos todos os dias. E para piorar, com o consentimento do Estado, que insiste numa resposta protocolar de estar tomando providências quanto ao caso – concluiu.

No dia seguinte ao pronunciamento, a principal colunista de política do Grupo RBS, Rosane Oliveira não citou a escola Tuiuti, mas no artigo Vai que é sua, governador Eduardo Leite: escola sem energia elétrica não tem defesa se associou às críticas que venho fazendo ao escrever que “passou da hora de substituir as desculpas pela ação e consertar estruturas físicas deterioradas” e acrescentar que “se vai mesmo concorrer a presidente ou a outro cargo na eleição de 2022 precisa entregar mais na área da educação”.

– Basta de desculpas esfarrapadas para problemas que já deveriam ter sido resolvidos nas escolas estaduais. Não importa se herança dos governos anteriores, culpa de direções ineptas que descuidaram da manutenção ou do desgaste natural provocado pelo tempo. É indefensável que um Estado com as pretensões do Rio Grande do Sul tenha escolas públicas sem energia elétrica, sem água, com janelas quebradas, mobiliário semidestruído ou assoalhos carcomidos pelos cupins – criticou. 

Abri o artigo Um candidato a Presidência da República não consegue consertar uma escola em Gravataí escrevendo: “Tuiuti em tupi-guarani significa “lamaçal”. Como tratei em junho em Tuiuti é Haiti: maior escola de Gravataí segue interditada; Que vergonha governador!, a maior escola pública de ensino fundamental, médio e técnico de Gravataí segue uma sujeira indelével nas mãos de Eduardo Leite. Como pode um presidenciável não conseguir consertar uma escola que cai aos pedaços a 20 quilômetros do Palácio Piratini?”

A polêmica na Tuiuti, contada em uma série de reportagens pelo Seguinte:, e que você pode assistir clicando aqui em um mini-doc de denúncia foi feito em uma parceria do vereador Thiago De Leon (PDT) com a produtora gravataienses Tellart Films, se arrasta desde 2016 quando a direção pediu a recuperação de instalações físicas, especialmente da rede de energia. Há época havia inclusive ameaça de fechamento da escola.

O que toda comunidade escolar sabia só foi oficializado em novembro de 2018 após vistoria do Conselho Estadual de Educação e de engenheiros da Secretaria de Obras do Estado que interditaram três dos quatro pavilhões da escola por apresentarem graves problemas estruturais, especialmente no forro e na parte elétrica.

Só restou espaço para quatro salas, com capacidade para 35 alunos. Em 2019, as aulas foram entre o refeitório, biblioteca e até o salão da Igreja.

Em janeiro de 2020, elementos técnicos da licitação foram encaminhados à Central de Licitações (Celic) com um orçamento de R$ 525.325,03. Com a tragédia da COVID-19 a partir de março, que suspendeu as aulas, e o decreto de calamidade pública que restringiu atividades, como a construção civil, no Rio Grande do Sul, o processo 20190000169995 parou até, no dia 11, chegar ao Departamento de Obras Públicas da Secretaria de Obras do Estado, sob o comando de José Stédile (PSB), ex-deputado federal e ex-prefeito de Cachoeirinha.

As aulas retornaram neste dia 3 de agosto, mas a última informação é que será preciso refazer o processo licitatório porque o meio milhão orçado em 2019 já está defasado para a obra. Os 1.200 alunos, aqueles que não desistem, vão estudar onde dá, não entra água ou não há risco de uma parede cair e acontecer uma tragédia.

Ao fim, insisto: é uma vergonha, como trato desde o ano passado em artigos como Onde é difícil tratar piolhos e tapar buracos no telhado, volta às aulas é tragédia; Obrigado Miki, socorro Marco Alba! Façam greve, alunos, onde questionava a volta às aulas sem a devida infraestrutura nas escolas.

Escrevi: “Governador, os salões do Palácio Piratini são inspirados no Palácio de Versalhes, mas o Rio Grande do Sul não é a França. Não precisa ir a Pelotas. Convide seus burocratas e visite o Tuiuti e o Barbosa. O Haiti é aqui. Duvido o senhor não recue dessa política de morte”. E conclui: “Onde há dificuldade para tratar de piolhos, e tapar buracos no telhado, voltar às aulas é risco de uma tragédia. Como não é obrigação dos alunos irem às aulas, que tal uma ‘greve de presença’ para salvar os professores?”

Um ano depois, os professores estão vacinados. Mas o Haiti – depois do terremoto – resta ali, na rua Borges de Medeiros, 435, Bonsucesso, Gravataí, CEP 94130-110.

Resolver – ou não resolver – o problema de uma escola é um símbolo para alguém que quer ser Presidente da República.

Agora que a RBS cobrou, talvez o governador já tenha até uma solução para sua secretária apresentar segunda.

 

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