RAFAEL MARTINELLI

Guerra pela água: 5 anos é o prazo para barragens no rio, solução definitiva para falta de água em Gravataí; O pior da Amazônia aqui?

Pelo menos cinco longos anos é o prazo para construção das 13 microbarragens que resolveriam a falta de água no rio Gravataí. A projeção foi feita pelo diretor-superintendente da Metroplan, Francisco Horbe.

Ontem reportei efeitos políticos locais da reunião na Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano do Estado entre o prefeito Luiz Zaffalon (MDB), a Frente Parlamentar pelas barragens que reúne os vereadores Dilamar Soares (PDT), Cláudio Ávila (União Brasil) e Márcia Becker (MDB), e a deputada estadual Patrícia Alba (MDB).

Detalhes nos artigos Guerra pela água: a pauta é gigante, mas chamou atenção em Gravataí Patrícia Alba na mesma mesa que Cláudio Ávila; O grito de socorro no melhor da festa e Cláudio Ávila envia nota sobre polêmica reunião com Patrícia Alba: “Você apequena a pauta”; Leia o artigo novamente, vereador!.

Hoje, já com informações em on e off, trato do macro: os resultados práticos.

Dia 13 a superintendência assinou a ordem de início para o EIA-Rima, que é o estudo técnico para as obras – o que estava parado desde 2018, mesmo com recursos disponíveis.

É uma vitória para os defensores das barragens. Porém, os estudos tem prazo de entrega entre 12 e 24 meses. O passo seguinte é a aprovação na Fepam, para iniciar a elaboração de projetos executivos e o processo de licitação. Há R$ 8,5 milhões disponíveis para a obra; troco para o Governo do Estado.

– Sendo otimista, teremos os barramentos em cinco anos. A ideia da Metroplan é ter obras só em três ou quatro anos. Precisamos de pressão política permanente – disse o prefeito, que agradeceu o apoio da Câmara e da Assembleia Legislativa.

– Água para Gravataí não tem lado ou ideologia. A luta tem que ser de todos. Patrícia, Dila, Márcia e Cláudio na mesma mesa. Tudo que eu sempre esperei dos políticos. Grandeza – convocou, informando que já gestiona junto a Corsan ações emergenciais para mitigar a falta de água e manter o rio Gravataí vivo pelos próximos cinco anos.

Zaffa lista ações na barragem do Incra para represar água, fiscalização das lavouras de arroz, obras para redução das perdas na captação, uma nova adutora de água tratada para reservatório Cipreste “e, de repente, água extra que já chega na adução de Alvorada vindo do Arroio das Garças, afinal mais 3 ou 4 km e poderá estar na Cavalhada”.

– O tempo é que dá uma dor na gente. Em cinco anos o rio pode secar, por isso não podemos descuidar de ações emergenciais. Mas avançamos para a solução definitiva com a assinatura do EIA-Rima e a consolidação desse movimento político, cujo partido é o rio Gravataí – disse Dila, presidente da Frente.

Ávila informou que vai pedir ao secretário de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano Rafael Mallmann que crie um grupo de trabalho para centralizar informações sobre as microbarragens e ações emergenciais.

– Preocupa o prazo, mas precisamos seguir a pressão política pela solução definitiva, enquanto buscamos ações pontuais – disse.

Como trato na série de artigos ‘A guerra pela água’, mais recentemente em Guerra pela água: solução de Gravataí para falta de água tem apoio de entidade que representa mais da metade do PIB gaúcho; Dê-nos água, Leite!, texto onde há links para uma série de artigos, é uma pauta gigante e fundamental para o futuro de Gravataí, tanto do ponto de vista social quanto econômico, já que a falta de água impacta no dia a dia da população e na atração de investimentos.

A pressão é necessária porque, apesar das microbarragens custarem apenas R$ 5 milhões, troco para o Governo do Estado, pode o EIA-Rima considerar que as microbarragens não são as solução, já pensaram nisso?

Já circula nos bastidores o temor pela necessidade de indenizações a produtores de arroz que teriam áreas de plantio alagadas pelos banhados que ressuscitariam com o represamento da água. Coisa de bilhão.

Aí talvez apareçam as forças ocultas que agem desde sempre contra as barragens.

Indenizações? Associo-me ao vereador Clebes Medes (MDB), que por quase uma década participa do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí, e lembrou na sessão de ontem que as áreas de plantio só aumentaram com a construção do ‘Canal do DNOS’, nos anos 60, que, para beneficiar arrozeiros, criminosamente mudou o curso do rio e reduziu áreas de banhado, que retém água necessária para a população e a indústria.

– Se pegar as escrituras da época e comparar com onde estão as plantações hoje, talvez as indenizações devam ser pagas ao Estado, não o contrário – bem resumiu.

Ao fim, talvez se chegue à conclusão de que o pior da Amazônia é aqui.

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