A Habitasul não abre mão da valorização dos imóveis na principal avenida do bairro Granja Esperança, em Cachoeirinha, no momento de negociar a venda das casas ocupadas desde o final da década de 1980. Esta foi a principal constatação ao final de mais uma audiência no Centro Judiciário de Soluções de Conflitos e Cidadania (Cejusc), do Tribunal de Justiça, ocorrida na tarde desta quarta, entre representantes dos moradores e a Habitasul.
— Mesmo que não seja uma proposta que nos agrade, por ser muito tímida, saímos muito satisfeitos deste encontro pelo simbolismo da negociação. Significa que a Habitasul está disposta a negociar e tem margem para isso — aponta um dos membros da Comissão de Moradores da Granja Esperança, Valci Guimarães.
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Os moradores haviam levado ao encontro a sua proposta, que não foi acolhida pela Habitasul. Uma nova audiência ocorre na manhã de 27 de março. Até lá, o processo para a venda judicial dos imóveis do bairro segue trancado.
A mediação neste momento está neste estágio: a proposta feita nesta quarta pela Habitasul não abre mão da valorização 30% superior nos imóveis da Avenida Juscelino Kubitschek, considerada o eixo comercial da Granja Esperança. No entanto, a incorporadora propõe descontos de 20% a casa 20 casas negociadas nesta área. Nas demais áreas, o mesmo desconto de 20% seria concedido na compra de cada grupo de 100 casas.
— Não difere muito do que já vinha sendo oferecido por eles nos feirões de venda já feitos antes da mediação — aponta Valci.
De acordo com a Habitasul, as vendas das casas contariam com uma entrada, de 10% do valor total do imóvel, pela avaliação feita pela Caixa, e 15 anos de financiamento.
A contraproposta dos moradores previa financiamentos em 35 anos, com juros inferiores e a retirada da característica de "imóveis em área comercial", considerado a vocação inicial do loteamento, na década de 1980.
Pela proposta dos moradores, uma casa de um dormitório custaria R$ 34,8 mil, uma de dois dormitórios, R$ 40,6 mil e de três, R$ 45,8 mil. Em média, os valores aplicados até agora nas negociações pela Habitasul são três vezes maiores.
As casas do loteameto foram ocupadas há 30 anos. Desde 1992, a Habitasul tenta da retomada dos imóveis na Justiça. O processo, porém, acelerou-se em 2018, entrando na fase de execução. Em novembro do ano passado, o prazo para que as vendas judiciais se concretizassem foi aumentado em mais seis meses, mas o processo teve seu trâmite congelado para abertura das negociações pelo Cejusc.
AS PROPOSTAS
Da Habitasul
: Pagamento de entrada de 10% do valor do imóvel e financiamento em 15 anos
: Juros de 8%
: Vaores dos imóveis correspondem à avaliação feita pela Caixa Federal, levando em consideração a urbanização e melhorias do bairro desde a ocupação
: Na conciliação, a Habitasul propõe descontos de 20% no valor total de cada imóvel a cada grupo de 20 casas vendidas no chamado eixo comercial, onde os imóveis têm valores 30% superiores, e também de 20% de descontos para cada grupo de 100 casas vendidas em áreas residenciais normais
Dos moradores
: Compra sem valor de entrada, financiada em 35 anos
: Juros máximos de 4,6%
: Retirada de valores extras em virtude da vocação comercial de certas ruas do bairro