Os meios de comunicação modificaram a forma como as pessoas se relacionam em todo o planeta. Tudo ganhou uma drástica aceleração. Gosto disso, mas me preocupo. Parece-me que há certa esquizofrenia em estar permanentemente conectado, plugado, informado. A culpa é das tecnologias que nos conectam com tudo o que acontece na internet, especialmente nas redes sociais.
A famosa Pirâmide de Maslow apresenta a teoria das necessidades que a pessoa precisa ter satisfeitas para alcançar a autorrealização. Na base estão necessidades fisiológicas como a fome, a sede, o sono, o sexo, a excreção, o abrigo. Neste mundo tecnológico, elas precisam ser complementadas com uma tomada e o Wi-Fi. Loucura isso!
Dia desses assisti uma palestra com um cientista de dados, de uma empresa internacional de monitoramento em redes sociais. Ele apresentou números significativos de ações das pessoas no mundo da internet e algumas curiosidades, como, por exemplo, que 9 milhões de brasileiros riem online todos os dias. Esse rir é traduzido pelos hehehe, hahaha e pelas figurinhas com essas expressões. Disse ele, que o kkkk, também usado para demonstrar riso, é menos usado, pois quem o emprega é a turma de mais idade, grupo menor de usuários. É, realmente, muita coisa mudou em nossa linguagem.
O que me preocupa, no entanto, não são abreviações para o riso e, sim, o reducionismo na leitura e interpretação das informações disponíveis na internet. A cada segundo são lançados novos dados na rede. Quantas vezes lemos tudo que recebemos? Quantas vezes nosso olhar se restringe somente ao título do que está escrito? E quando, efetivamente, nos permitimos refletir sobre um texto lido? Prestamos atenção? Pesquisamos sobre a veracidade da informação recebida?
E o prazer em ler um bom livro impresso, manuseando folha por folha, absorvendo palavra por palavra, nos envolvendo em cada capítulo, será transferido totalmente para o mundo digital? Se depender de mim, não será assim. Mas quem pode predizer as decisões futuras dos editores e dos livreiros?