crise do coronavírus

Hospital de Campanha supera atendimentos do ’pico’ de agosto; O ’Efeito Orloff’

Alta de paciente no Hospital de Campanha de Cachoeirinha

Faltando um dia para o fim de outubro e o número de atendimentos no Hospital de Campanha (HC) de Cachoeirinha superou agosto, mês apontado como o ‘pico’ da COVID-19. É mais uma evidência de que uma segunda onda deve chegar antes mesmo do fim da primeira.

Agosto teve 1.918 atendimentos. Até a manhã desta sexta, 30, já foram registrados 2.100. Neste fim de semana, o HC, o primeiro a abrir fora de Porto Alegre, deve chegar aos 6 mil atendimentos em seis meses de operação e superar as 200 internações. Hoje há 12 internados. Das 93 vidas perdidas de moradores de Cachoeirinha, seis pacientes faleceram no hospital.

O comparativo entre agosto, do ‘pico de contágio’ e outubro, do ‘platô de estabilidade’, é válido porque a partir de julho o HC começou a atender de ‘portas abertas’. Antes havia apenas internações. Uma triagem era feita nos postos de saúde e na UPA. O aumento de atendimentos evidencia que o tal ‘platô’ está na altura do Edifício Madri, como tratei em Aumento de atendimentos em hospital de campanha não é segunda onda, é a primeira ainda; O ’platô’ nas alturas em Cachoeirinha e Gravataí.

– Infelizmente aconteceu o que prevíamos. É o reflexo do feriadão do Dia das Crianças. E temos um novo feriadão chegando. A Freeway está parada neste momento. Famílias se reunirão nas casas e beira da praia. Primeira ou segunda onda, fato é que a procura está crescendo de forma preocupante – alerta Vanderlei Marcos, diretor do HC, que calcula que 20% dos atendimentos são moradores de Gravataí.

– Estou olhando agora pela janela e de cada 10 pessoas 5 não estão usando máscaras. As pessoas tem que voltar a trabalhar, ter convívio social, mas com responsabilidade. É o ‘novo normal’, diferente de antes do vírus. Não há vacina. Pensem que o próximo Finados pode ser de ainda mais tristeza – apela.

O diretor se emociona ao falar do dia a dia no HC.

– Eu fui infectado, minha esposa também, mas com sintomas leves. Só que o que testemunhei aqui é inesquecível. A agressividade e a velocidade com que o vírus ataca é assustadora. Perdemos um paciente com 40 anos que chegou caminhando.

Vanderlei critica o que chama de campanha de fake news contra o HC.

– Faz com que algumas pessoas demorem a buscar atendimento, o que pode ser fatal. Vários pacientes contaram que só vieram para o hospital porque pioraram, mas tinham medo, porque tinham lido e ouvido informações falsas. A grande maioria sai fazendo juras de amor para essa equipe maravilhosa de profissionais que se arriscam diariamente para salvar vida.

O diretor vai além:

– Desqualificar o Hospital de Campanha é torcer pela morte, é dar mais valor ao voto do que a vida. Quem produz esses factóides certamente não teve nenhum familiar que precisou de atendimento. Pensem um pouco: para onde iriam essas 6 mil pessoas que foram atendidas, para uma rede de saúde que já opera no limite em toda região?

O prefeito Miki Breier busca recursos com os governos estadual e federal para prorrogar o contrato que vence dia 28 de novembro.

– Seguiremos abertos, 7 dias por semana, 24h e inclusive em feriados – garante o diretor.

O Hospital de Campanha de Gravataí também segue aberto pelo menos até dia 15 de novembro.

– A prorrogação de 15 dias é para verificarmos se a rede de saúde suporta o fechamento do hospital – explica o secretário da Saúde Jean Torman.

Cachoeirinha tem 3.725 casos confirmados e 93 mortes. Gravataí 6.067 casos e 166 óbitos, com uma vida perdida por dia, média menor que o pico de julho e agosto (duas mortes a cada 24h), mas crescendo. UTIs da região, inclusive particulares, como do Moinho de Vento, já experimentam a ressaca do feriadão de 12 de outubro. O HC de Gravataí está com os 10 leitos de UTI COVID (com respiradores) ocupados.

Inevitável, sem vacina, é o ‘Efeito Orloff’, aquele do “eu sou você amanhã”. Hoje, a Alemanha decretou lockdown emergencial de um mês, que inclui o fechamento de restaurantes, bares, academias de ginástica, teatros cinemas e piscinas, além do cancelamento de shows – tudo o que agora estamos abrindo, como europeus fizeram há dois meses, e tratei quarta em O dia do ’liberou geral’ na pandemia de Gravataí; tudo pode funcionar.

Também nesta sexta a comissária de Saúde da União Europeia (UE), Stella Kyriakides, disse que os países do bloco devem estar prontos para impor restrições sobre a vida das pessoas visando combater a disseminação do novo coronavírus pelo continente.

Ao fim, primeira, segunda, ou as duas ondas arrebentando juntas, a pandemia é uma realidade. Hoje, infelizmente, o amor de alguém vai perder a vida em Gravataí ou Cachoeirinha.

 

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