Coitados dos usuários do Ipag Saúde. Nem da tragédia são informados.
Explico.
No artigo Suspensão de Ipag Saúde no Hospital; o início do fim, publicado dia 4, nesta segunda de Carnaval, revelei no Seguinte: a polêmica sobre a ameaça de suspensão, a partir daquele dia, do atendimento pelo Dom João Becker, o único hospital de Gravataí, do convênio do plano de saúde do funcionalismo municipal, que atende mais de 8 mil pessoas, entre servidores e dependentes.
Nesta quarta, ainda pela manhã, busquei contato com Ipag, Santa Casa e o Sindicato dos Professores (SPMG). A primeira a atender foi a presidente do sindicato, Vitalina Gonçalves, que às 12h de hoje disse não ter informações. A ligação caiu e depois chamou, chamou, chamou por várias vezes. Não fui atendido. Às 14h, a diretora-presidente do Ipag, Janaína Balkey, deu a real:
– Não falamos sobre especulações. O Ipag não foi comunicado pelo hospital sobre suspensão de atendimento.
Depois volto à entrevista com a presidente do Ipag, porque foi muito transparente e falou sobre o tamanho da dívida e o que está sendo feito, num momento em que parece que ninguém tem coragem de dar más notícias.
Antes, quero compartilhar a nota que recebi da Santa Casa no fim da tarde. Depois comento.
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A Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre informa que o contrato entre o Hospital Dom João Becker (HDJB) com o IPAG iniciou em 2002. Desde então, a instituição trabalha em parceria com a finalidade de atender aos segurados desse importante Instituto.
Há alguns meses, no entanto, surgiram dificuldades no cumprimento dos pagamentos por parte do IPAG aos serviços prestados pelo HDJB. Neste sentido, para sanar essas pendências, foram realizados diversos contatos e reuniões junto à Diretoria do Instituto, com o intuito de alinhar um fluxo de pagamento.
Devido à falta de êxito nas tentativas de negociação, o HDJB protocolou junto ao Instituto no dia 01/02/2019 notificação de Suspensão dos Atendimentos no prazo de 30 dias. Findado o prazo da notificação sem que houvesse contato, procedeu-se a suspensão dos atendimentos em 04/03/2019.
Neste mesmo dia 04/03, a Direção do HDJB recebeu contato de representantes de umas das categorias do funcionalismo municipal solicitando que fossem mantidos os atendimentos de urgência até hoje (quarta-feira), visto que não haviam recebido qualquer comunicado do IPAG. Entendendo se tratar de uma situação em meio a um feriado prolongado, e pela argumentação desses representantes de que os beneficiários não tinham conhecimento da suspensão, foram retomados os atendimentos de urgência temporariamente até a data de hoje, quarta-feira dia 06/03/2019.
(…)”
Parece-me claro que a partir desta quinta, dia 7, estão suspensos os atendimentos do Ipag pelo Hospital de Gravataí. Que feio, Santa Casa, volte atrás! São famílias, gente doente que tem tratamentos continuados, que dependem desse plano de saúde e o pagam em dia. Ou será que nos acostumamos mal, como naquele tempo em que as irmãs do Imaculado Coração de Maria administravam o Dom João Becker?
Vocês não vão deixar de receber. O Ipag Saúde, como já alertei no artigo Ipag Saúde deve ser extinto, vive sua Quarta-Feira de Cinzas. Mas as dívidas serão pagas, como prevê o projeto da Prefeitura de Gravataí, aprovado pela Câmara, que autoriza pagar dívidas do exercício anterior. Mas essa conta precisa ser parcelada e depende da burocracia natural das relações entre fornecedores e o poder público. A Santa Casa, que não está vendendo, mas comprando, não pode esperar um pouquinho a mais?
Volto à Janaína, que está na ‘cadeira do castigo’, ao presidir o Ipag, a maior bomba de Gravataí: ela admite que a dívida com o Hospital é de R$ 550 mil, e há mais R$ 6 milhões em débitos com outros médicos, dentistas, clínicas, hospitais e laboratórios, mas janeiro e fevereiro estão sendo pagos em dia para a Santa Casa. A advogada garante que o instituto quer pagar e está aberto à negociação.
No mundo dos negócios, suspender a prestação de serviços é forma de pressão para o fornecedor que não recebe. Mas, pergunto: uma potência, como a Santa Casa, exemplo não só para os cristãos, mas para os gaúchos e brasileiros, deixar de atender 8 mil pessoas a partir do dia em que se inicia a Quaresma, o período que antecede a principal celebração do cristianismo, a Páscoa, perdoem-me, mas me faz sentir uma tristeza que, acredito, compartilharia a irmã Bárbara Maix.