Alguém duvida da possibilidade de reunir, dentro de um mesmo casarão – ops, mansão! – uma empresa do setor de automação com matriz na Índia e que atende às grandes empresas de Gravataí ligadas ao setor automotivo, advogados, pessoal de marketing, de tecnologia da informação, imobiliárias, ou escola de idiomas?
Mais ainda, que esta união é capaz de reduzir custos operacionais como aluguel, limpeza, contas de água, luz e telefone, entre outros gastos que incluem, por exemplo, a água mineral, cafezinho e até o papel higiênico? Pois é! Esta realidade já existe pelo mundo afora, é um conceito largamente utilizado entre os norte-americanos, na maioria dos países europeus e chega a passos largos ao Brasil.
São os coworkings, espaços de compartilhamento de trabalho que reúnem profissionais que podem ser de várias empresas e de diversos ramos de atividades, ideia surgida e aplicada pela primeira vez nos Estados Unidos, em 2005. Foi ideia do engenheiro de software Brad Neuberg que criou uma comunidade de trabalho para compartilhar com amigos.
Em território verde-amarelo, São Paulo é a cidade que mais tem empreendimentos desta natureza. Em Porto Alegre já são quase 50 os coworkings em que se reúnem pessoas que não querem ter na sua contabilidade o alto custo de um escritório e nem pensam em trabalhar em casa – o chamado home office – por uma série de dificuldades, ou situações, que isso implica.
E por aqui?
Em Gravataí já existem dois destes ambientes compartilhados de trabalho, como conta o empresário e sócio fundador da i9 Coworking, Marcos Henrique da Silva, de 29 anos. A empresa que Marcos fundou ao lado de Carlos Geovane, de 35 anos, e Andressa Flores, 27, já tem dois anos e meio de operação no centro da cidade.
— Na verdade a gente já vinha pensando em ter uma coworking em Gravataí desde 2013, por aí. Mas só conseguimos materializar esta nossa ideia em 8 de junho de 2017 quando a i9 foi oficialmente criada — conta Marcos.
OS FUNDADORES
Marcos Henrique da Silva – dono da Versates, empresa de TI voltada à área financeira
Carlos Geovane de Jesus – empresário da área de construção que utiliza largamente a TI em seus projetos
Andressa Flores – consultora de moda, ou, como ela se define na rede social Instagram, consultora de imagem e estilo.
A clientela
Se no início das atividades havia a natural curiosidade sobre o que era e como funcionaria, ao ponto e as pessoas enviarem e-mails ou telefonarem pedindo explicações, hoje a situação é inversa. O trabalho de informação que foi exaustivamente exercitado logo no lançamento da i9 frutificou e, hoje, a empresa já faz até planos para expandir os negócios.
De acordo com Marcos, a i9 Coworking tem hoje 10 clientes fixos, que ocupam 65% dos espaços disponíveis no confortável casarão que os sócios locaram para servir de sede, na rua Francisco Tafas, bairro Salgado Filho, centro de Gravataí. São corretores de imóveis, advogados e profissionais liberais, além de representações de uma petroquímica (da Índia) e uma empresa de automação industrial, com sede em São Paulo.
E há, também, os clientes rotativos, ou esporádicos, ou eventuais.
Entre estes, no apontamento de Marcos da Silva, cerca de 70%, ou mais, acabam retornando para utilizar as dependências e serviços da i9.
— Os eventuais, ou rotativos, são de empresas que buscam espaços para reuniões, palestras, cursos, treinamentos e seleção de pessoal, por exemplo. Boa parte deste pessoal acaba voltando e, quem não volta, geralmente é de alguma empresa distante que teve uma única passagem com um propósito específico na cidade ou região. Mas mesmo estes podem voltar, assim esperamos — fala Marcos.
Por que o coworking
Além das vantagens financeiras – como a redução de custos operacionais e de manutenção – conviver em um coworking com outros profissionais, de outras áreas, tem outras vantagens. Uma delas é poder participar dos eventos que o próprio coworking, no caso o i9, promove. Visa a interação entre os coworkers, que é como são chamados os que locam os espaços.
— No nosso caso, oferecemos o café, água, internet de alta velocidade, área comum para lazer e até estacionamento. Além disso, num coworking os profissionais acabam realizando negócios entre eles — explica Marcos.
Exemplos…
É o caso de um corretor imobiliário que precisa dos serviços de TI para formatar uma nova página para sua empresa na internet.
Ou de um analista de sistemas que quer formalizar sua empresa e para isso vai necessitar da assessoria de um advogado.
— São muitas as opções, e essa troca de informações que pode resultar em negócios não aconteceria, por exemplo, se a opção do profissional fosse trabalhar em casa — assegura Marcos.
Sobre o home office, ou trabalho em casa, ele enumera algumas desvantagens…
— Por mais que ele conheça e saiba tudo que tem dentro da geladeira, sempre vai abrir para ver se tem alguma coisa para comer, ou para beber. Tem a televisão, que pode atrapalhar sua concentração, tem o cachorro que vai atrair sua atenção! Sem contar que a esposa, ou situação inversa já que pode ser o marido, pode pedir para ir ao mercado, na padaria: “Ah, já que tu não está fazendo nada aí no computador, vai lá e busca isso ou aquilo”.
O coworking tem vantagens sobre escritórios, também. Especialmente se o imóvel for locado, já que os valores para alugar uma sala bem posicionada e ampla, são estratosféricos. O profissional já começa sua contabilidade no negativo.
Daí entram mais as taxas de água, luz, telefone, e até de IPTU, sem contar a necessidade de ter um profissional para limpeza – mesmo que seja semanal – e de um colaborador efetivo para a recepção, quem sabe fazer o café e cuidar de documentos, explica, de forma sintetizada, o sócio-fundador da i9.
No futuro
Marcos da Silva não considera que o conceito de coworking seja um modismo, algo passageiro, e garante que a tendência é, cada vez mais, surgirem novos ambientes deste tipo com capacidades diversas, aptos ou focados na oferta de espaços para que sejam desenvolvidas atividades específicas. É a segmentação do mercado de coworkings, algo não muito distante, segundo ele.
Cita como exemplo o ramo da moda, em que opera a sócia e noiva Andressa.
Por que não ter um coworking com estrutura adaptada ou preparada para este mercado, com bancadas apropriadas ao corte de tecidos, à colocação de máquinas de costura, e com tecnologia para ao mesmo tempo em que um modelo é idealizado na tela de um computador, na tela de outro, ao lado, estejam sendo fechados negócios?
E o i9 Coworking já está pensando logo ali.
Os espaços ainda disponíveis na mansão que ocupa já estão sendo adaptados para oferecer ainda mais espaços para profissionais interessados em partilhar espaços de trabalho. Um visionário e empreendedor Marcos já vê a i9 Coworking com mais unidades. Dezenas delas, quem sabe. E o foco de expansão da i9, o que já vem sendo conversado entre os sócios, é a capital – Porto Alegre – e Região Metropolitana e Vale dos Sinos.
— Depois, quem sabe, por todo o Brasil — diz Marcos, sobre o futuro.
: Juliana, representante comercial usa espaço na i9
O QUE TEM NA i9
– Escritórios compartilhados
– Salas de reunião e privativa
– Duas redes de internet/wifi – 50 e 120 Mb
– Cozinha compartilhada
– Café, água e estacionamento
– Serviços de impressão
– Eventos internos
– Networking
– Salas de convivência
– Sala de atendimento – Sala startup
– Atendimento telefônico
– Endereçamento fiscal-comercial
DIFERENÇAS
Coworking
1
Ou co-working, ou cotrabalho, é um conceito que se baseia no compartilhamento de espaço e recursos de um ambiente, reunindo pessoas que trabalham para uma mesma empresa – não necessariamente!) ou na mesma área de atuação, podendo reunir entre profissionais liberais, empreendedores e usuários independentes.
2
É uma maneira utilizada por muitos profissionais autônomos para solucionar o problema de isolamento do modelo de trabalho conhecido como home office. Além disso, é uma alternativa para aumentar sua produtividade e fazer novos contatos de negócios através do networking.
Home office
1
É o escritório em casa. É possível trabalhar no sistema home office a partir de três tipos de situação, principalmente estes: funcionário de uma empresa (modalidade chamada de teletrabalho), como freelancer (realizando projetos pessoais ou corporativos, avulsos) ou como dono de uma empresa home based (que tem sua sede em uma residência).
2
Com a expansão das redes de comunicação e a popularização dos dispositivos portáteis como laptops, smartphones e tablets, entre outros, este tipo de trabalho atravessou as paredes da casa e ganhou o mundo, permitindo que atividades sejam realizadas de qualquer lugar onde exista um sinal de internet disponível.
Clique na imagem abaixo e assista ao vídeo com a entrevista de Marcos Henique sobre coworking e a sua i9!