RAFAEL MARTINELLI

Acabou o ‘love’ político entre os vereadores Dila e Cláudio Ávila; A sessão das acusações, o #LiraNão! e a III Guerra Política de Gravataí

Cláudio Ávila e Dilamar Soares, na Câmara | Foto ARQUIVO

Acabou o ‘love’ político entre os vereadores Dilamar Soares (PDT) e Cláudio Ávila (União Brasil), respectivamente líder do governo e, se não pelo voto, ao menos no protagonismo em pautas na Câmara, líder da oposição. É mais um episódio da III Guerra Política de Gravataí, Luiz Zaffalon x Marco Alba, Abílio x Oliveiras e Bordignon x Stasinski.

O último trovão da tempestade que vem por aí no legislativo, consequência inevitável do choque entre duas personalidades fenomenológicas, foi a última sessão da Câmara, onde restaram denúncias de corrupção e a revelação de supostos vetos do governo à aproximação com vereadores de oposição.

Para sepultar a ‘Pax’ que buscava Dila – leia em Líder do governo busca a ‘Pax Romana’ para Zaffa governar, mas a III Guerra Política de Gravataí existe com Marco Alba; Siga a entrevista onde Dila não fecha portas a oposição – começou a se discutir nos bastidores a coleta de sete assinaturas para uma ‘CPI dos Contratos Públicos’ – seja lá o que isso for; CPI do Fim do Mundo, talvez.

O movimento aloprado existiu; nomes dos envergonhados protagonistas não revelo ainda, para não expor fontes.

Fato é que Ávila somou-se a Clebes Mendes (MDB) – leia III Guerra Política: Líder do governo, Dila se atirou na frente da bala por Zaffa; O Borodinó, o Napoleão de Hospício e o incêndio de Gravataí – nas críticas às condições políticas de Dila liderar o governo.

Quando, após duas horas de debates pesadíssimos, o líder do governo afirmou na tribuna que “nada” fazia sem autorização do prefeito, Ávila lembrou críticas feitas por Dila a vereadores, fora dos microfones, na briga que teve com Clebes antes do começo da sessão de terça.

– Então o prefeito concorda? – questionou, acrescentando supostos vetos de Zaffa e do vice, Dr. Levi (sem partido), a negociação com vereadores de oposição para participar do governo e formar uma ‘nova base’ menos dependente do MDB do ex-prefeito Marco Alba (MDB).

Dila pediu para ser cobrado por suas manifestações na tribuna, e não pelas relações conturbadas com outros vereadores por contas do passado (em várias tem razão, assim como tem oposicionistas sobre o desdém de secretários não irem à Câmara prestar esclarecimentos).

Corretamente, ou pareceria uma confissão, também pagou para ver sobre denúncias e investigações sobre o governo.

– Estamos prontos para tudo. Não devemos nada, não fizemos nada errado. Se alguém souber algo, avise, que providências serão tomadas. Até para não prevaricar – desafiou, elogiando a postura do MDB, “o partido que elegeu o prefeito” e (leitura obvia minha) confirmando um acordo de governabilidade, ao citar como exemplo o governador Eduardo Leite (PSDB) e as relações com o MDB e o PP a partir da vitória sobre José Ivo Sartori até a candidatura de Luiz Carlos Heinze ao Palácio Piratini.

Assista a sessão, de ‘críticas construtivas’ e ‘elogios destrutivos’, e, abaixo, sigo. Os trechos mais pesados você acessa a partir de 2h50:15 no vídeo.

Por que trato na manchete que havia um ‘love’ político?

Não dá para esquecer de lembrar que Dila e Ávila vinham dominando a Câmara, mantendo uma relação republicana, mas que, ao menos parecia, de amizade até; com o oposicionista inclusive abrindo mão da oportunidade de paralisar financiamentos do governo, como tratei em O dia em que o vereador Cláudio Ávila ajudou – e muito – o governo Zaffa em Gravataí e Governo Zaffa retribui Cláudio Ávila com aprovação de projeto que prioriza idosos no teleagendamento de consultas em Gravataí.

Um exemplo é fatal: antes de assumir a liderança do governo, Dila conseguiu algo inacreditável, que foi colocar na mesma mesa, por duas oportunidades, Ávila, o prefeito e a deputada estadual Patrícia Alba (MDB), esposa de Marco, em agendas de sua Frente Parlamentar pelas Microbarragens no Rio Gravataí – o que analisei em artigos como Guerra pela água: a pauta é gigante, mas chamou atenção em Gravataí Patrícia Alba na mesma mesa que Cláudio Ávila; O grito de socorro no melhor da festa; Cláudio Ávila envia nota sobre polêmica reunião com Patrícia Alba: “Você apequena a pauta”; Leia o artigo novamente, vereador! e Guerra pela água: Frente Parlamentar vai cobrar execução de projeto de barragens já contratado por Leite; “Nosso partido é o rio Gravataí”.

Antevejo tempestades na Câmara; que, reputo, só consolidarão o pacto de governabilidade entre Zaffa e o MDB de Marco Alba – o que me faz não duvidar de nada até eleição pela Prefeitura em 2024, neste Guerra & Paz que começou em Declarada III Guerra Política de Gravataí: Zaffa vai sair do MDB para enfrentar Marco Alba; Bem-vindo à política, prefeito!Bomba em Gravataí! Nota do MDB é um aceite da guerra entre Zaffa e Marco Alba e III Guerra Política de Gravataí: o que diz Zaffa sobre a nota do MDB e sua desfiliação.

Preocupa-me, porém, um exemplo usado por Ávila ao cobrar “respeito” ao parlamento pelo prefeito, de seu líder e secretários, não só aos vereadores de oposição, mas a governistas.

O vereador citou as articulações de Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, que “modula” propostas do governo Lula.

Péssimo exemplo, amigo Ávila! Lira não é nada além de um chantagista, um bandido.

Antes que entendam como uma acusação transversal, antecipo não é: acredito que a política de Gravataí – na qual incluo Ávila e Dila, Zaffa e Marco, Dimas e Bordignon e tantos outros – não permitirá chance de termos no futuro uma ‘República de Vereadores’, como a que por anos e anos transforma nossa vizinha em, como chamo, ‘Pobre Cachoeirinha!’.

Ao fim, se acabou o ‘love’ político, que se mantenha o republicanismo. Por Gravataí, façam cada um sua mea culpa, sob a inspiração do poema de Aleksandr Blok (1880–1921), considerado por Górki o maior poeta russo de seu tempo.

A lua deixa o leito. Trovejando

A cidade derrama fogos vários.

Aqui tudo é tão calmo, lá insano;

Lá tudo é brilho — e nós, tão solitários.

Mas se a chama do encontro que se cala

Fosse uma chama eterna para nós,

Não correria assim a tua fala,

Não soaria assim a nossa voz.

Acaso uma paixão ainda nos prende,

E há ainda alegria a se sentir?

Na hora do encontro indiferente

Lembramos a tristeza do partir.

:

ATUALIZAÇÃO

Após a publicação do artigo, Cláudio Ávila enviou nota. Circula também áudio onde ele detona Dila, mas como envolve terceiro, não vou postar.

Siga na íntegra da nota do vereador.

Prezado Rafael;

Gostaria de ter sido ouvido antes da publicação, mas respeito a sua decisão jornalística.

De público, aproveito a oportunidade, para dizer que não citei o nome do Lira, mas sim Congresso Nacional, didaticamente, como sabes, trata-se do conjunto da Câmara dos Deputados com o Senado Federal. Por óbvio, sim, estão lá para modular ou não os projetos do governo. Aliás, umas das funções essenciais do parlamento. 

Quanto ao governo Zaffalon, em que pese o meu papel fiscalizador e de oposição, o Prefeito tem a minha inteira e plena confiança, terá, como teve até aqui, garantia dos meus atos em prol da governabilidade e a favor das boas ações do governo.

Os falsos heróis terão que buscar outras situações para se mostrarem úteis, pois no que depender de mim, o governo não terá dificuldade alguma para seguir adiante dentro do que se propôs a fazer. Seguirei com a mesma postura que tive até aqui. 

Sua reportagem, ao lembrar do Lira, me relembrou do ex-Senador Demóstenes Torres, que de tanto defender a moralidade pública, acabou esquecendo de exercê-la.

Cordiais saudações.


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