Os fundadores do polêmico templo luciferiano em Gravataí agora querem inscrever o município no mapa das religiões mundiais. Tata Hélio de Astaroth e Mestre Lukas de Bará da Rua anunciam para julho o lançamento público oficial do Noltismo, proclamada como a religião institucional da Nova Ordem de Lúcifer na Terra (N.O.L.T.). O mês escolhido simboliza um ano da instalação da estátua de cinco metros de Lúcifer em santuário na zona rural, cuja inauguração e funcionamento seguem barrados pela Prefeitura e pelo Tribunal de Justiça gaúcho.
Mas, o que prega o noltismo?
Conforme os sacerdotes, o evento marca a consolidação pública de um movimento que, segundo seus fundadores, busca oferecer uma estrutura doutrinária sólida e distinta para práticas espirituais baseadas na Demonolatria e em uma visão específica de Lúcifer.
Os idealizadores anunciam que o Noltismo define seus seguidores como “daimomantes”. O termo, explicam, é uma fusão de “daimon” (entidade espiritual interior, conceito presente em filosofias antigas) e “amantia” (estado de entrega ritual). “O daimomante é aquele que não apenas crê, mas ativa e manipula sua própria centelha espiritual interna, através das trilhas ritualísticas reveladas no livro da Ordem”, detalham.
“O Noltismo não é apenas mais um movimento. É agora uma religião e uma casa simbólica para os que caminham com o Lúcifer vivo. E todos estarão convidados a entrar”, declarou Mestre Lukas.
Nem luciferianos, nem satanistas
Os idealizadores explicam que um dos pilares do lançamento é a busca por uma identidade própria, distanciando-se explicitamente das imagens associadas ao Luciferianismo e ao Satanismo tradicionais, frequentemente vinculadas ao “mal” no imaginário popular. A N.O.L.T. afirma que o Noltismo surge para “unificar práticas espirituais baseadas em Demonolatria” e preencher lacunas percebidas nessas outras correntes.
Para fundamentar essa nova identidade, será lançado o Livro da Nova Ordem, obra que estabelece pela primeira vez as bases dogmáticas do Noltismo como religião estruturada. O livro, cuja distribuição será gratuita, conterá: dogmas próprios da N.O.L.T., práticas de culto aos demônios (entendidos como arquétipos ou energias específicas) e uma nova interpretação da espiritualidade luciferiana na Terra.
Cerimônia com símbolos e rituais
O evento de lançamento em julho coincidirá com o aniversário da instalação da estátua de Lúcifer, erguida em Gravataí em agosto de 2024 como símbolo máximo da Nova Ordem no Brasil e marco do início do que os sacerdotes descrevem como sua “nova era espiritual”.
Um dos momentos principais da cerimônia será o ritual chamado “soltar das energias dos evocadores”. Nele, será derramado o “Líquido de Evocação”, descrito como uma substância preparada ritualmente e consagrada pelos “evocadores” – entidades que, segundo a doutrina, surgem da união entre a sombra do praticante (o magista) e o poder das “trilhas espirituais”. Este ato simbolizará o batismo público da nova fé.
Uma nova era “infernalmente consciente”
Para os adeptos, a fundação do Noltismo transcende o estabelecimento de uma nova religião. Representa o início de uma nova era espiritual, caracterizada conforme os idealizadores como ousada, livre e “infernalmente consciente”.
“Para nós, adeptos do Noltismo, Lúcifer e seus espíritos são fragmentos de energias vivas dentro de cada praticante”, explicou Tata Hélio de Astaroth, reforçando a visão interior e pessoal da divindade central da fé, mais como uma força interna de iluminação e rebeldia consciente do que como uma entidade externa no sentido tradicional.
O lançamento do Noltismo em Gravataí, cujo local ainda não foi divulgado, promete atrair a atenção de estudiosos de religiões, curiosos e, evidentemente, críticos. A polêmica sobre o templo e a maior estátua para Lúcifer já instalada no Brasil ganhou postagens nos principais portais da mídia nacional e até repercussão internacional.
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