SAUL TEIXEIRA

Inter e a “versatilidade” como aposta para o sucesso

Num futebol cada vez mais parelho e competitivo, cada detalhe pode fazer a diferença. No Internacional de Eduardo Coudet, uma das apostas para o êxito na temporada está justamente na versatilidade do elenco. Falando em português mais claro, muitos atletas são capazes de desempenhar mais de uma função dentro das quatro linhas.

E não falamos de improvisações sem “pé nem cabeça”. Nos referimos a jogadores que cumprem com méritos uma das premissas atuais do Planeta Bola: o esporte tornou-se, cada vez mais, a arte de ocupar e criar espaços, independente da posição/função originais dos jogadores.

Alan Patrick é 10 até na camiseta. Dentro do gramado, pode atuar mais próximo a Valência ou mais recuado, como dublê de segundo volante. Charles Aránguiz pode ser 5 ou 8. Bruno Henrique 8 ou 7. Maurício, que voltou no segundo tempo após passagem pela esdrúxula Seleção Pré-olímpica de Ramon Menezes, pode ser 7, 10 ou 11. Assim como o “novato” Hyoran. Wanderson 11 ou 7. Futebol se ganha, se perde e se empata é justamente no meio-campo.

Olhem quantas combinações é possível fazer com base no pitaco citado acima. Naturalmente, a comissão técnica ganha inúmeras opções de desenho e variações táticas. É a chance de um Inter menos previsível em 2024.

Ainda na meia-cancha, falta um volante mais guardador de posição para a formatação do grupo, ao menos para meu singelo gosto visando o tão necessário equilíbrio. Gabriel Ruf-Ruf seria alternativa, mas Coudet prefere atletas que “tratem” melhor a gorducha. Lembram de Moledo no banco enquanto Zé Gabriel aparecia como camisa 3? Aqui um alerta.

A tese nunca pode superar o fato. Nesse caso, foi improvisação absurda e não versatilidade. Percebem a diferença? Acho Gabriel super útil ao elenco, principalmente porque não vejo em Rômulo a capacidade defensiva exigida para um 5 mais “clássico”.

Voltemos ao “diagnóstico” proposto inicialmente. No ataque, Enner Valência é segundo atacante. Também pode figurar como referência ofensiva e até como uma espécie de camisa 10 ponta-de-lança à moda antiga, com liberdade de movimentação. Lucca é 9 de carteirinha, mas tem “ferramentas” para também deixar a área. O mesmo ocorre com o maior reforço da temporada, já anunciado, mas ainda longe do Beira-Rio, Rafael Santos Borré. Lucas Alário, que desencantou contra o Brasil de Pelotas, é 9 da “gema”, mas também está habituado a jogar com dupla ofensiva desde a categoria de base no futebol argentino.

Na tábua defensiva, Mercado é lateral-direito de origem e atua dos dois lados como zagueiro. Vitão é zagueiro central, mas no próprio Inter já figurou como camisa 2 numa proposta mais defensiva. Igor Gomes da mesma forma. Até a chegada de um lateral-esquerdo, o canhoto Robert Renan também pode ser opção para a camisa 6 numa ausência de Renê, por exemplo, já que o “mundo inteiro” reconhece em Thauan Lara virtudes ofensivas, mas parcas capacidades sem a bola. Hugo Mallo é lateral-direito e pode atuar como central. Fabrício Bustos é 2, mas pode atuar numa linha mais avançada como ala – conforme já ocorre quando o time está na fase de construção.

Mais do que a versatilidade, o grupo de 2024 é muito mais amplo em qualidade e quantidade. A comissão técnica dispõe de quase 2 atletas de potencial semelhante para cada posição. Um diferencial e tanto propiciado pela direção no comparativo com as últimas temporadas. Se quiser sonhar com voos altos e o fim do constrangedor jejum de “canecos”, não tem outro caminho. Quem tem apenas 1 titular, não tem nenhum, como se diz na gíria da bola.

No Brasileirão, lembrando, são 38 rodadas. Somente para a disputa nacional, já se justificaria os “investimentos” para a temporada. O elenco robusto garante, ainda, um time competitivo (pelo menos no papel) para as disputas da Copa do Brasil, da Sul-americana e, agora, claro, do Gauchão.

Aliás, o primeiro tempo contra o Xavante no Beira-Rio foi de gala. Volume ofensivo, marcação avançada, perde-pressiona para recuperar a bola, variações táticas, repertório ofensivo. É preciso relevar a fragilidade do adversário, claro! Mas o nível de atuação do Inter, na comparação com ele próprio desde a estreia, é digno de elogios.

O goleiro, porém, talvez seja um ponto de atenção, não? Embora pouco exigido, Anthoni falhou no gol dos Pelotenses, por exemplo.

Enfim, senhoras e senhores…

É o Inter renovando os sonhos da Torcida Colorada. O destino pertence aos deuses da bola, mas é inegável que o colorado tem sedimentado muito bem o caminho rumo ao sucesso. De degrau em degrau. De jogo em jogo. De reforço em reforço.

Feliz 2024 à Nação Alvirrubra!

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