“O torcedor de futebol é um jogador adicional” (Luis Fernando Suárez, técnico colombiano).
“Quando uma seleção recebe uma denominação específica, como “leões”, “Laranja mecânica”, “águias”, para inspirar esperança, respeito ou temor, os seus torcedores se aproximam dela, através de símbolos como animais, cores, corpos celestes, guerreiros (Raffaele Poli, professor do Centro Internacional de Estudos do Esporte CIES, em Neuchatel, Suíça).
“Quando o torcedor de futebol não tem mais confiança e carinho por uma equipe, ela está perdida” (Luis Bedoya, dirigente colombiano).
O jogo era Holanda e Argentina, em Gelsenkirchen, na Copa do Mundo de 1974, na Alemanha Ocidental, à tarde. Saída de Frankfurt de manhã, de trem, o repórter com o fotógrafo Olívio Lamas. A Holanda fica logo do outro lado da fronteira, e parecia que todo o país tinha vindo todo a Gelsenkirchen, que vestia só uma cor: laranja. Havia vaga para nós num hotelzinho meia-boca, e só, e o quarto não tinha telefone para a transmissão das telefotos.
Vida de fotógrafo era difícil por aqueles tempos: além das câmeras, lentes e filmes, o cara viajava levando o transmissor das imagens, uma mala metálica cheia de produtos químicos e uma bacia para a revelação das fotos. E ficou pior naquele dia: sem telefone no quarto, o jeito foi improvisar – antes da ida ao estádio, ficou combinado com o dono do hotel que o nosso transmissor seria montado no pequeno corredor entre a cozinha e o restaurante, junto ao único telefone disponível.
A Holanda “Laranja Mecânica” – de Jongbloed, Suurbier, Rijsbergen, Haan e Krol; Jansen, Van Hanegen e Neeskens; Rep, Cruyff e Rensenbirnk – esmerilhou a Argentina por 4×0, o fotógrafo saiu antes do fim do jogo, o repórter ficou no estádio para redigir e enviar de lá mesmo os textos, por telex. No hotel, a tragédia estava montada: uma centena de holandeses, risonhos, passava de mão em mão as dez fotos que o Lamas tinha feito – e perdido para aquela alegre turba laranja.
Acontecera o seguinte: entre germânicos canecões de cerveja e germânicas salsichonas com chucrute os gentis e felizes e bebuns holandeses tinham perguntado, sim (só que em holandês!), se podiam ficar com aquelas belas fotos, na medida em que elas ficavam prontas, e o sorridente fotógrafo não tinha entendido nadica e a holandesada foi pegando porque interpretara aquele sorriso como uma resposta de concordância.
– Chutaram as minhas fotos e eu não sei como pedir de volta – choramingou a vítima do involuntário e amável furto.
O jeito foi negociar, e na verdade não houve problema nenhum: os holandeses “emprestaram” as fotos, o Lamas transmitiu uma a uma – sete minutos cada! – pelo telefone e devolveu todas aos holandeses, e saiu todo mundo satisfeito.
Quer dizer, quase isso: TODOS menos o teuto e regrado (e furioso) dono do hotelzinho, que acabou quebrando alguns pratos no caminho da cozinha ao restaurante e literalmente enlouqueceu com toda aquela baderna.
: "Laranja Mecânica", 1974: da esquerda – Neeskens, Krol, Van Hanegen, Jansen, Suurbier, Rep, Rijsbergen, Rensenbrink, Haan, Jongbloed, Cruyff
Zagueiro goleador do Cerâmica
Paraná 1×0 Inter, gol do zagueiro Maidana. Paraná 2×1 Criciúma gol de Maidana. O gigante Iago Maidana, 1m96, 21 anos, gaúcho de Cruz Alta, começou na base do Cerâmica, de 2010 a 2012.
Agenda histórica do futebol gaúcho na semana
15.10, domingo
1929 – Cruzeiro de Porto Alegre campeão gaúcho, 1×0 contra o Guarany de Bagé, na Chácara das Camélias, Avenida José de Alencar
16.10, segunda-feira
1945 – Primeiro jogo do Inter na Bahia, goleada de 6×0 sobre o Botafogo de Salvador
1951 – Grêmio apresenta maquete do Estádio Olímpico
17.10, terça-feira
1943 – Inter é o primeiro tetracampeão gaúcho, 7×1 no vice Guarani de Cachoeira
1948 – Maior goleada em Gre-Nal do Inter, 7×0 (com outros quatro gols anulados pelo árbitro)
1962 – Inter 2×1 Cruzeiro de Minas, Copa Brasil, no Olímpico
1973 – Zagueiro Figueroa termina jogo como goleiro do Inter em 2×0 sobre Moto Clube em São Luiz, após expulsão de Rafael
2015 – Brasil de Pelotas empata em 0x0 com Fortaleza e sobe para segunda divisão brasileira, no Estádio Castelão completamente lotado, 63.903 espectadores
18.10, quarta-feira
1931 – Primeira substituição de jogador em Gre-Nal, após 22 anos do clássico: Risada, zagueiro do Inter, dá lugar ao reserva Alfredo
2008 – “Duda” Kroeff eleito presidente do Grêmio, 2.904 votos contra 2.452 de Vicente Antônio Martins
2014 – Romildo Bolzan Júnior presidente do Grêmio com 6.398 votos contra 2.557 de Homero Bellini Júnior
19.10, quinta-feira
1943 – Nacional compra Estádio da Chácara das Camélias, inaugurado em 1923, do Porto Alegre, ex-Fuss-Ball
1953 – Inter passa a ter 180 conselheiros
20.10, sexta-feira
1953 – Início da primeira excursão de um clube gaúcho à Europa: Cruzeiro viaja de avião ao Rio de Janeiro, daí a 24 de outubro durante 12 dias no navio “Giulio Cesare”, para 15 jogos em seis países, inclusive com sete graus abaixo de zero; foram sete vitórias, cinco empates e apenas três derrotas, com recepção do Papa Pio XII no Vaticano dia 29 de novembro de 1953, e retorno a Porto Alegre em 1º de fevereiro de 1954, após 105 dias, ou três meses e meio
21.10, sábado
1971 – Grêmio contrata zagueiro Ancheta, da seleção uruguaia e do Nacional de Montevidéu
1973 – Morte minutos antes do narrador e piloto Pedro Carneiro Pereira, 35 anos, em Tarumã: jogo Inter x São Paulo no Beira-Rio é interrompido para minuto de silêncio pelo árbitro Arnaldo César Coelho
2012 – Eleição para presidente do Grêmio: 13.547 votos (7.964 eletrônicos e 5.583 por carta), Fábio Koff 7.697, Paulo Odone 4.951, Homero Bellini Junior 843, 45 nulos, 11 brancos