Tímido, com poucos amigos, comportamento ingênuo, mas trabalhador. Aos poucos, surge um perfil para Lucas Fernando Garcia de Souza — o jovem de 23 anos que desapareceu em dia 17 de novembro. Apesar de muitas novas informações sobre quem ele era, não existem pistas de onde possa estar.
Depois de alguns dias de insistência e buscando contato através do celular de um amigo, o Diário de Viamão conseguiu uma conversa com o irmão de Lucas, Renan Souza, de 19 anos, por uma rede social. Ele confessa que as esperanças de encontrar o irmão com vida vêm diminuindo.
– Eu já penso no pior.
Com poucas palavras, comportamento de adolescente, ele lembrou o que sabe sobre o mistério do sumiço do irmão.
— Tínhamos uma relação tranquila, apesar de não conversarmos muito. Ele não era de conversar com ninguém da família — conta Renan.
O irmão mais novo de Lucas e o último que teria visto o jovem antes do desaparecimento segue vivendo na casa deixada pela avó, no Beco dos Cunha. Sem emprego e longe da escola mesmo sem ter concluído o ensino médio, tem dividido os cômodos da casa com amigos — coisa que a mãe não aprova mas, por morar longe, não pode intervir.
Renan conta mais sobre Lucas:
— Eu não convivi muito com ele antes de morarmos juntos. Eu fui morar sozinho aos 16 anos, em Canoas. Antes disso, quando eu tinha 14 anos, o Lucas foi morar em São Leopoldo por causa do quartel, onde ficou por dois anos.
Sobre o desaparecimento do irmão no dia 17 de novembro passado, Renan apenas repetiu o que vem dizendo há quase dois meses.
— Ele saiu de casa dizendo que ia até a casa da namorada e depois ia trabalhar.
(O Seguinte: acrescenta: A namorada de Renan é a auxiliar de cozinha Daiane de Fátima Ribeiro da Silva, de 22 anos, que mora na vila Padre Réus, em Gravataí)
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Durante a conversa, Renan trouxe informações que não haviam surgido até então. Segundo ele, o irmão tinha problemas na época de escola e sua timidez esconderia um comportamento desconhecido até da família.
— Ele brigava, às vezes — afirma.
“Eu jamais vou desistir do Lucas”, diz Roseli
A versão de Roseli Garcia, mãe dos meninos, é diferente.
— Nunca ouvi reclamação de escola nenhuma enquanto o Lucas estudava. Muito pelo contrário, era muito querido e tem muitos ex-colegas que estão preocupados e entrando em contato comigo — resume a mãe.
— O Lucas era muito infantil, atrasado para a nossa realidade. O mundo dele eram os desenhos, os animes. E ele era mulherengo como qualquer jovem da idade dele, só isso — diz Roseli.
Mesmo depois de quase dois meses do desaparecimento, a mãe diz ainda acreditar que o filho está vivo e irá voltar.
— Eu sinto que ele está vivo, mas sinto também uma angústia, como uma sensação de quase morte. Ele não está bem, mas está vivo. Ele era muito influenciável, não descarto ele estar com alguém que fez a cabeça dele para sair de casa. Ao mesmo tempo, isso não faz sentido, já que ele estava feliz no trabalho e com a namorada. Eu jamais vou desistir do Lucas.
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Muito apegado as avós
Roseli diz que Lucas viveu momentos difíceis com a perda das duas avós, que faleceram com apenas dois meses de diferença.
— Ele era muito apegado a elas. Em junho do ano passado, morreu a minha mãe. Em agosto, foi a avó Zilá, mãe do pai dele, que vivia com eles e mantinha a casa. Foi um baque para ele. Eu acho que talvez ele se sentisse sozinho.
A mãe conta que chegou a convidar o filho mais velho para uma nova vida em Sapucaia, onde vive, mas Lucas não quis.
— Ele queria ser independente.
Par a mãe, o único problema que o filho enfrentava era o convívio com as amizades do irmão, Renan.
— O Lucas brigava com o Renan diariamente e não se dava nada bem com os amigos do irmão, que frequentavam a casa.
— Apenas o Lucas trabalhava. Hoje, as contas da casa estão atrasadas. Não sei como vai ser para o Renan se manter. Eu já convidei ele para vir morar comigo, mas ele não quer — comenta a mãe.
O caso na polícia
Segundo informações do escrivão Carlos Augusto Silva, da 1ª Delegacia de Polícia de Viamão, o caso será transferido para a Delegacia de Homicídios e a delegada Larissa Fajardo passará a ser responsável pela apuração do desaparecimento.
— Estamos esperando o inquérito chegar de Sapucaia, onde o registro foi feito, e será encaminhado para lá.
Devido ao volume de casos abertos e a falta de pessoal, a Polícia ainda não conseguiu convocar os familiares de Lucas Fernando nem sua namorada Daiane da Silva para prestarem depoimento.
Um colega de Lucas no supermercado, que teria trazido o rapaz até Viamão na noite anterior ao seu sumiço, também deve prestar esclarecimentos sobre o que sabe.
Quem tiver informações, ajude!
Amigos, ex-colegas e familiares estão atrás de qualquer informação que possa levar ao paradeiro do jovem. Quem souber de alguma informação que possa auxiliar a polícia nas investigações, pode entrar em contato com a família pelo telefone (51) 9986.48413.