Miki Breier estreou em 2017 com uma façanha comum aos grotões, mas não a cidade com 98 mil eleitores: 100% dos vereadores eleitos pertenciam a partidos do governo.
A solidez da base já foi testada nos primeiros dois meses, quando o prefeito apresentou projetos cortando o que uns consideram vantagens, outros privilégios do funcionalismo. As leis foram aprovadas, estourou a maior greve da história de Cachoeirinha e uma vereadora do seu PSB tornou-se a principal figura da oposição com mandato eletivo, já que PT, PSOL e Rede, por exemplo, não elegeram ninguém para a Câmara.
É Jacqueline Ritter, a Jack, que ao votar contra o ‘pacotaço’, teve demitidos desde então os cargos que indicava na Prefeitura.
Na última semana, a vereadora em segundo mandato deflagrou nova guerra com o governo ao conseguir liminar na justiça barrando por tempo indeterminado a votação do Plano Diretor que aconteceria na sexta.
O Seguinte: foi ouvir a 'ovelha negra da família'.
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Seguinte: – És hoje a principal personagem da oposição entre os detentores de mandato. Não deixa de ser exótico, já que pertences ao partido do prefeito.
Jacqueline – Sou oposição ao governo quando acho que os projetos não são bons para a cidade. Entendo que fiz bem para o prefeito, para o governo e para Cachoeirinha ao buscar a liminar. A votação arriscaria ser nula, e os fortes indícios estão na própria decisão judicial. Avisei o prefeito dos erros em ofício enviado pela Câmara e do qual não tive resposta. Erraram na paridade da audiência pública no momento em que um secretário municipal participou como representante da comunidade. Tentam liberar indústrias poluentes em áreas de proteção ambiental e, o mais preocupante, sob a justificativa do desenvolvimento, querem permitir que uma cidade de 44 quilômetros quadrados triplique sua população. Onde estão as garantias de que a malha viária suportará esse crescimento? Haverá escolas e postos de saúde para atender a demanda? Para Cachoeirinha crescer não é preciso um liberou geral no Plano Diretor. Agora teremos tempo para debater um tema tão complexo e importante para o futuro do município.
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Seguinte: – Tens sofrido pressões do governo e do partido pelo teu comportamento rebelde?
Jacqueline – Subjetivas, sim. Ameaças de expulsão, não. Sou integrante da executiva estadual e não mudei um milímetro em meu comportamento na defesa pelos mesmos ideais. Estar no partido do mandatário da cidade não significa uma obrigação de dizer amém. Pelo menos não para mim.
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Seguinte: – Indicas cargos no governo? Há outros vereadores que se rebelaram na votação dos cortes na folha de pagamento e agora no Plano Diretor que não entregaram os cargos.
Jacqueline – Não tenho cargos no governo. À época avaliei que faltou diálogo do governo com o funcionalismo. Também barrei na justiça a contratação de consultoria por meio milhão, em meio à crise, o que incomodou o governo. Quando avalio um projeto procuro não colocar partido ou cargos em primeiro plano.
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Seguinte: – Vais enfrentar Miki em uma prévia para disputar a Prefeitura em 2020?
Jacqueline – Sim.
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Seguinte: – Sempre foste mais próxima de José Stédile do que de Miki. Esperas o apoio do ex-prefeito, ex-deputado federal, presidente licenciado do PSB gaúcho e atual secretário estadual de Obras?
Jacqueline – Espero o apoio de todos.
Seguinte: – Então ficas no PSB?
Jacqueline – (silêncio) Pretendo.
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