Em fevereiro, quando o Rafael Martinelli deu início à cobertura da "Lava Jato de Viamão", ele foi lúcido ao cravar que culpado ou inocente, André Pacheco restaria alijado politicamente da Operação Capital. Não errou.
As investigações ainda não encerraram, o Ministério Público (MP) sequer ofereceu denúncia e, salvo nova movimentação processual nas próximas horas, os demais suspeitos apontados terão seus afastamentos findados no começo da semana que vem.
Menos André.
A decisão do desembargador da Quarta Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do RS (TJ) Julio Cesar Finger nesta tarde (7) em acatar pedido do MP e prorrogar o afastamento do prefeito de Viamão escolhido pelas urnas é, na prática, cassação de mandato antecipada. É a morte política de Pacheco, eis que ao fim do novo prazo, desta vez de 120 dias, terá transcorrido o ano, a eleição e o desgaste da imagem será praticamente irreversível.
Sem juízo de valor sobre culpa ou inocência, mas o pedido do Ministério Público indica que há mais por apurar. E o aceite da Quarta Câmara do TJ corrobora a tese de que Pacheco segue com muita influência nos bastidores – foi essa a justificativa para mantê-lo longe da Prefeitura até dezembro, conforme o Diário de Viamão/Seguinte: mostrou em Os motivos que levaram o MP a pedir a manutenção do afastamento de André Pacheco. E a hipótese ganha força quando ele é visto em reunião com vereadores de diferentes correntes ideológicas que articulavam o acordão para a mesa diretora da Câmara e a escolha do seu próprio substituto.
De que adiantariam 22 dias de gestão, no apagar das luzes de 2020, após 300 dias de afastamento? A ironia aqui é que André deveria torcer para que o MP ofereça logo sua denúncia. Marcado na testa, ele já está, por tudo que paira contra si. Assim, poderia tratar de sua defesa e tentar construir uma narrativa que lhe favoreça, o que não conseguiu até agora.
Tentar provar inocência e voltar logo à cadeira é o pouco que lhe resta.
E aos defensores que questionam neste momento porque não ventilo um arquivamento do processo, respondo que é chance remota, para não dizer nula. Fosse o contrário, nenhum desembargador de Justiça em sã consciência assinaria uma cautelar que praticamente extingue um mandato.
Ao fim, fecho com a frase do Martinelli no primeiro dia do afastamento: "André Nunes Pacheco é um cadáver político sob o risco de, ao fim do processo penal, ou a qualquer momento, ser preso."
O que decidiu o Tribunal de Justiça
O desembargador da Quarta Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do RS (TJ) Julio Cesar Finger acatou nesta tarde (7) o pedido do Minstério Público e prorrogou o afastamento do prefeito de Viamão André Pacheco por mais 120 dias. O político permanece impedido de frequentar as estruturas do Poder Executivo, de contratar com o município ou manter contato com os demais investigados pela Operação Capital até dezembro deste ano.
A Procuradoria Geral do Município e a Câmara de Vereadores já foram notificadas pelo TJ da decisão. Com isso, Nadim Harfouche permanece no comando da Prefeitura, salvo se as ações judicias e políticas do vereador Evandro Rodrigues (DEM) tenham desfecho favorável ao grupo opositor (MDB, PSB e DEM).
O que diz o prefeito:
André Pacheco e seus advogados mantém silêncio desde o início da Operação Capital. A coluna oferta espaço para eventuais manifestações.
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