e agora Brasil?

Lava-Jato… Lula… E aí Brasil?

Em função de compromissos escrevo a minha coluna desta semana com antecedência maior do que a habitual. Não tenho, portanto, maiores informações sobre as manifestações nas ruas de Curitiba e o que teria acontecido no tão esperado primeiro encontro cara a cara entre o juiz Sérgio Moro e o ex-presidente Lula na tarde de ontem, quarta-feira.

O fato é que o ex-presidente Lula chega bastante enfraquecido para prestar depoimento em Curitiba. A todo o momento vão surgindo acusações comprometedoras contra Lula nos depoimentos. Não são apenas dos diversos executivos de empreiteiras, mas também, agora, de ex-companheiros de partido e de governo.

Como no campo jurídico a situação de Lula é desanimadoramente precária nas ações penais em que é acusado dos crimes de corrupção (17 vezes), lavagem de dinheiro (211 vezes), tráfico de influência (4 vezes), organização criminosa (3 vezes), e obstrução da Justiça (1 vez), só resta ao ex-presidente e ao seu partido tentar organizar uma grande manifestação popular tentando mostrar o apoio que ainda tem do povo e com isso procurar constranger o juiz Moro.

O ex-presidente Lula, uma pessoa com pouca cultura, mas com inteligência acima da média, já compreendeu que em condições normais deverá ser condenado e cumprir a seu pena, preso.

Não acredito em convulsão nacional caso o ex-presidente Lula venha a ser preso. Alguns manifestantes que militam por 50 reais, um refrigerante e um pão com mortadela podem fazer alguma agitação e por pouco tempo, mas daí o país explodir em um grande conflito tem uma enorme diferença.

O cumprimento estrito das leis cabe aos juízes, fazer política é para os políticos e o resultado das eleições cabe ao povo. Acima de tudo, nada de conflitos ou confusões.

Lula definitivamente é um paradoxo!

Enquanto a sua situação jurídica deteriora rapidamente, a sua condição como candidato a Presidência da República faz o caminho inverso e melhora a cada pesquisa. Lula lidera as intenções de voto em todos os cenários do primeiro turno e poderia vencer os seus possíveis adversários no segundo turno.

Tenho acompanhado com atenção os desdobramentos da Lava-Jato desde o seu início e à medida que a operação avança tem se consolidado como um marco na história do nosso país pois, finalmente, começamos a ter o entendimento que a lei é para todos no Brasil.

Penso nos brasileiros, cidadãos de bem que trabalham, pagam impostos e pouco recebem de um Estado cleptocrático. Penso sempre nos meus filhos que querem ir morar no exterior, cada vez mais indignados com o que observam no dia a dia no nosso país, em que políticos e poderosos com acesso a bons advogados, foro privilegiado e instâncias superiores, conseguiam até bem pouco tempo se safar de acertar contas com a Justiça.

A sabedoria das ruas sempre gritou que o Brasil é um país de muitas leis, mas que são aplicadas para poucos. Será que continua sendo assim?

Ao Brasil cabe, a partir da Lava-Jato, definir que país quer ser.

 

Para refletir…

 

“Não adianta sentir indignação e não mover um músculo para alcançar a transformação. Isso se chama preguiça e pode muitas vezes ser originada pela hipocrisia.”

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