Eduardo Leite (PSDB) não vai tirar férias da democracia. Curtindo folga na Bahia até dia 10, o governador gaúcho decidiu participar da cerimônia institucional que lembra um ano dos atos golpistas de 8 de janeiro, ao lado dos presidentes da República, Senado, Câmara Federal e Supremo Tribunal Federal, além de comandantes militares.
Leite – que havia sido incluindo pela Folha de S. Paulo entre governadores que informaram que não vão ao ato, como Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Romeu Zema (Novo), de Minas, e Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina – “ajustou a agenda”, conforme GZH.
É uma decisão coerente. Democrata, estava entre os governadores que, de baços dados com Lula, caminharam do Palácio do Planalto até o STF no dia seguinte aos atos antidemocráticos que vandalizaram os Três Poderes.
Leite, com sua presença, honra a memória da Legalidade, e não adere aos que tentam negar a tentativa de um golpe de estado, que começou dias antes com o que poderia ter sido uma tragédia, não fosse descoberta a bomba que explodiria o aeroporto de Brasília na véspera do Natal.
Associo-me às impressões de Reinaldo Azevedo:
Certa canalha, alguns na imprensa, quer fazer crer que o 8 de janeiro de 2023 não obedecia a um método. Entrevista de Alexandre de Moraes ao Globo evidencia o contrário. O fato de que tudo fosse estúpido não exclui o planejamento.
Não fosse a reação do STF, incluindo o afastamento de Ibaneis Rocha – defendi sua prisão no dia do ataque –, os sortilégios teriam sido maiores.
Um golpe triunfaria? Já escrevi várias vezes: dar golpe militar pode ser relativamente fácil; mantê-lo é que são elas. Não seria sustentável. Ocorre que, sem a resposta rápida do STF, teria havido mortes. E igualmente correta foi a decisão de Lula de não recorrer à GLO.
Lugar de golpista é a cadeia. Ponto. “E qual é o lugar de assaltante, estuprador, traficante, homicida?” Ué!!! A cadeia também. Inexiste o direito de roubar, traficar, estuprar ou dar golpe. SIMPLES. TUDO COISA DE BANDIDO.
Ao fim, reputo acerta Leite em não enforcar a lembrança do 8 de janeiro. É um ato de país, não de governo ou sequestrado por algum lado da ferradura ideológica.
Parafraseando Lênin, a democracia é como um rio, não tem três margens: ou você a defende, ou não.