A Polícia Civil deflagrou, nesta terça-feira (18), a Operação Minerador, ação conduzida pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de São Leopoldo. A ofensiva, considerada uma das maiores realizadas pela especializada nos últimos anos, atingiu núcleos operacionais do crime organizado em toda a Região Metropolitana de Porto Alegre, no Litoral Norte e no Interior, revelando a capilaridade de uma facção responsável por abastecer diversos municípios.
Foram cumpridos nove mandados de prisão preventiva e 17 ordens de busca e apreensão em Sapucaia do Sul, Esteio, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Porto Alegre, Palmares do Sul, Charqueadas, Montenegro e Canoas.
Até o momento, dez suspeitos haviam sido presos. A operação também resultou na apreensão de três armas de fogo, munições, dois veículos, drogas e R$ 26 mil em dinheiro.
Expansão regional: a rota da organização criminosa
A investigação aponta que o grupo possuía estrutura descentralizada, com pontos de apoio em cidades estratégicas da Região Metropolitana.
Em Canoas, segundo agentes envolvidos na operação, a facção utilizava imóveis “laranjas” para armazenamento e redistribuição de drogas e armas. Canoas seria também rota logística entre Porto Alegre, Vale do Sinos e Litoral.
Em Esteio e Sapucaia, atuavam células responsáveis pela cobrança de “pedágios”, fornecimento de armas e transporte de entorpecentes.
Em Montenegro, investigados davam suporte financeiro e operacional aos pontos de venda instalados no Vale do Caí.
Em Palmares do Sul, as equipes localizaram ramificações ligadas ao abastecimento de drogas para cidades litorâneas.
A rede era comandada, conforme a Polícia Civil, por um criminoso conhecido no submundo pelo apelido que deu nome à operação: Minerador.
O líder da facção: cinco homicídios e ampla influência prisional
A Operação Minerador é um desdobramento da Operação Liberdade, que investigou o avanço da facção entre 2024 e 2025. O líder — preso desde 31 de outubro de 2024 — possui histórico de cinco homicídios qualificados, latrocínio, além de diversos inquéritos por tráfico de drogas, associação para o tráfico e organização criminosa.
Mesmo recolhido ao sistema prisional, ele seguia determinando execuções, abastecimento de pontos de venda e negociação de armas. A atuação do grupo dentro e fora das cadeias foi um dos principais focos da investigação.
Segundo o delegado Ayrton Figueiredo Martins Júnior, titular da Draco de São Leopoldo, a facção mantinha domínio do tráfico nos bairros Pinheiros e Campestre. A partir do Vale do Sinos, irradiava influência para municípios vizinhos.
“Outros indivíduos seguem sendo alvo de prisões preventivas e buscas domiciliares. São pessoas envolvidas em tráfico de drogas, associação para o tráfico, tráfico de armas e organização criminosa”, explicou Martins Júnior.
A ação desta quarta-feira busca estrangular a cadeia de comando, atingindo tanto operadores de rua quanto articuladores financeiros e logísticos.





