Um dos líderes da maior organização criminosa do Rio Grande do Sul desembarcou na tarde da sexta-feira (12) no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, após ser capturado na Bolívia em uma operação internacional de inteligência. O criminoso, natural de Canoas, estava foragido desde outubro de 2024 e foi encaminhado ao sistema prisional gaúcho.
A prisão ocorreu na última quarta-feira (10), em Santa Cruz de la Sierra, fruto de uma ação conjunta da Polícia Civil, por meio do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), da Polícia Federal, da Interpol e da Fuerza Especial de Lucha Contra el Narcotráfico (FELCN), da Bolívia. Outro foragido, de Cachoeirinha, que o acompanhava, também foi detido.
Vida de luxo e documentos falsos
Depois de obter o benefício da prisão humanitária em 2024, o chefe da facção cruzou a fronteira e se refugiou na Bolívia, onde ostentava uma vida de luxo. Para despistar as autoridades, usava documentos falsos – incluindo uma identidade expedida no Maranhão, o que pode acelerar sua expulsão do país, sem necessidade de um processo formal de extradição.
As investigações foram coordenadas pela Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro do Denarc, que revelou um sofisticado esquema de lavagem de capitais operado pela cúpula da facção. A captura é desdobramento da Operação Beatus, deflagrada em dezembro de 2024, que desarticulou uma rede responsável por movimentar recursos ilícitos em grande escala.
Na ocasião, foram cumpridos 48 mandados de busca e 17 de prisão preventiva, além da apreensão de veículos de luxo, imóveis e o bloqueio de ativos financeiros em bancos e exchanges.
O criminoso tinha três mandados de prisão preventiva ativos, um deles já com condenação em primeira instância. Ao todo, acumula 33 anos de condenações por diversos crimes.
Histórico criminal
Entre os crimes que marcaram sua trajetória está o assassinato do fotógrafo José Gustavo Bertuol Gargioni, de 22 anos, ocorrido em Canoas, em julho de 2015, motivado por ciúmes. O líder também possui antecedentes por roubo a banco, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Em 2024, bens e propriedades atribuídos a ele no Vale do Sinos – avaliados em cerca de R$ 122 milhões – foram confiscados. A lista incluía 28 imóveis usados pela quadrilha para movimentar recursos provenientes do narcotráfico.
A prisão é resultado de meses de cooperação entre as forças policiais do Brasil e da Bolívia. Para as autoridades gaúchas, a captura representa um duro golpe contra a estrutura financeira da facção criminosa que há anos comanda atividades de tráfico e lavagem de dinheiro no estado.