pequenas grandes conquistas

Mãe, essa contradição

Estou há alguns meses sendo integralmente mãe.

Apenas mãe?

Maternidade nunca é apenas. É a penas: a duras penas.

O corpo que dói para que o bebê encontre a primeira luz é a menor das dores. Fazer o filho encontrar a luz do seu caminho é que dá trabalho: educar, diariamente, para o bem, para a honestidade, para o asseio, para a crítica, para a honradez, para a autonomia é processo repetitivo e cansativo. Penoso. Todos os dias reexplicar como arrumar a cama, todos os dias reafirmar que escovar os dentes é importante, todos os dias reiterar o respeito aos outros. Todos os dias. Todos os dias (re) lembrar. Parece uma marcha à ré, mas não. O avanço é permanente.

E, num certo dia, ele fará tudo sozinho. A mãe terá o sofá e o silêncio disponíveis, mas não vai querer. Vai sentir falta de todos aqueles redizeres. Quem entende o amor contraditório de uma mãe

Um bebê desenvolve-se muito rápido. Mas há aqueles meses iniciais, um tanto cinzentos, em que a mãe quer mesmo que o filho cresça, e que não tenha mais cólica, e que não chore mais tanto à noite, e que dê um sorriso.

E, num certo dia, o bebê cresce, come sua primeira fruta, tem seu primeiro dentinho despontando, e a mãe fica pensando: não pode ser! Não precisa crescer tão rápido!

Não há como entender o amor contraditório de uma mãe. Eu mesma não entendo. Mas sinto intensamente tudo isso.

A areia escorre na ampulheta: logo voltarei à rotina de trabalho, de estudo, e serei mais do que apenas mãe. Continuarei mãe, a penas. Contraditória, exausta, mas, acima de tudo, maravilhada. Porque um dentinho a mais, a autonomia do menino que vai sozinho à escola, o pezinho do bebê que chega até a boca, a pergunta do filho sobre a injustiça social são as pequenas grandes conquistas de todo o esforço.

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