E Daniel Bordignon (PDT) visitou Dimas Costa (PSD).
É preciso ir além da imagem e das palavras protocolares do post feito no facebook pelo vereador mais votado na eleição sobre a conversa de mais de três horas que aconteceu em seu gabinete na Câmara, oito meses após o afastamento do ex-prefeito e ex-companheiro de PT.
– Tivemos uma agradável conversa sobre a política atual e o futuro de Gravataí – teclou Dimas, num post que, reunindo um campeão de votos a um fenômeno das redes sociais, em minutos chegará às mil curtidas, passa de cem comentários e ganha mais coraçõezinhos que Grrs à reaproximação de personagens que chegaram a ser chamados de ‘pai e filho’, pela semelhança física, ideológica e de práticas políticas.
– Quero agradecer pela sua gentileza e de sua equipe de trabalho de me receberem em seu gabinete. É sempre um motivo de satisfação testemunhar um mandato que trabalha entusiasticamente pelo bem da comunidade em pleno recesso parlamentar. Fiquei honrado com a possibilidade de debater com vossa excelência assuntos de extrema relevância para a nossa querida cidade. Obrigado – digitou o prefeito eleito nas urnas em 2 de outubro com 45.374 votos, e depois declarado inelegível pelo TSE, nos comentários da postagem compartilhada pelo presidente pedetista Cláudio Ávila e onde aparecem apenas os dois, no momento reservado após até Cristiano Kingeski, ex-vice-prefeito, melhor amigo de Dimas e já reconciliado com ‘Daniel’, como intimamente o chama, ter saído da sala.
Ali, o ‘Grande Eleitor’, até o mais ingênuo da política não tem dúvidas, certamente tocou na possibilidade de Dimas apoiar a campanha de Rosane, vereadora eleita e esposa de Bordignon, na disputa pela Prefeitura de Gravataí em 12 de março.
Dimas, como já é notório, não aderiu à campanha de Anabel Lorenzi (PSB), de quem seu partido, onde sempre pareceu estar sem ser, e se filiou por receio de não ter legenda com a debandada de petistas que seguiram Bordignon ao PDT em maio passado, indicou como vice o irmão, Dilamar Soares, com quem sempre manteve uma relação de Caim e Abel – politicamente falando, para não preocupar a dona Margarida.
Não há foto reunindo Dimas e Anabel. Sequer com ‘cara de Levi’.
No kinderovo da José Loureiro da Silva, 2597, a fofoca rolou solta do térreo ao terraço, desde que o ex-prefeito cumprimentou um a uma funcionários da segurança e da portaria e chamou o elevador para o gabinete 13 do terceiro piso.
O simples estalar da caminhada rápida de Bordignon pelas chapas do chão dos corredores da Câmara já provocou a saída de assessores para espiar pela porta dos gabinetes, telefones tocando entre ramais, conversas e mais teorias que a morte do ministro nos cochichos entre as finas divisórias até o fumódromo.
– O Dimas vai ser o vice da Rosane – quase queimando a língua com o café, um CC ligado a um partido do governo Nadir Rocha (PMDB), e apoiador da reeleição de Marco Alba (PMDB) enviou mensagem a um grupo de WhatsApp.
– Mas só se o PSD largar a Anabel e coligar com o PDT. Ou não tem como – explicou outro, grisalho na política, mais informado sobre as leis eleitorais.
– Esses já estão pensando na frente. O Bordignon esquenta a candidatura da Rosane com o apoio do Dimas, e o Dimas, com o apoio do Bordignon, seria eleito deputado em 2018. E como quer ser prefeito em 2020… – resumiu um vereador, lendo o óbvio após surpreender-se com o post no facebook, que quase instantaneamente foi printado e enviado por apoiadores, mais de uma vez, a Anabel e Marco.
Além dos bytes cuidadosamente digitados na rede social, ainda não foi possível ouvir, sentir e trazer ao leitor as palavras e entrelinhas dos dois. Dimas estava em sua manhã de babá do filho Lorenzo e disse que retornaria mais tarde a ligação ao Seguinte:, e o número de Bordignon chamou até cair.
Aguardem, seguiremos nessa história que, para quem testemunhou o nível de intolerância recente de um com o outro, é um improvável, apesar de não inimaginável, fato político que move sol e chuva no ‘veraneio das urnas’.
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