Mana Athanázio

Mana e a alegria da bailarina

Mana foi homenageada na quarta-feira em evento que abriu o SESC em Movimento | Divulgação

Projeto SESC em Movimento faz homenagem a Mana Athanázio, que em 1984 abriu a primeira escola de balé em Gravataí

 

Se alguém tiver dúvidas, Mana Athanázio esclarece:

– Sou professora de balé.

Aos 63 anos e com um joelho pinado que lhe obriga à fisioterapia e lhe tira da dança, Mana foi a homenageada no evento de abertura do projeto SESC em Movimento – 4 dias dedicados à dança no Teatro do SESC, em Gravataí, de quarta até sábado. Tudo gratuito, aberto ao público e com atividades para quem gosta de dança em todas as idades – até os novatos, como a Oficina de Dança para Educadores de Bebês, que acontece amanhã, às 9h.

– Fiquei muito emocionada por um evento como esse estar acontecendo em Gravataí.

Não poderia ser diferente: de certa forma, tudo começou com Mana, em 1984. Uma dúvida e uma certeza dela é que levaram ao Centro de Arte, a primeira escola de balé clássico de Gravataí.

– Eu trabalhava em Porto Alegre quando viemos para Gravataí e meus filhos nasceram. Quando eles estavam maiores, veio a dúvida sobre o que fazer. Sou professora de balé, então, vou dar aulas de balé! – decidiu.

E fez.

No dia 9 de abril de 1984, o Centro de Arte – Escola de Dança estava com as portas abertas no mesmo prédio em que funcionou até o fechamento, em abril de 2000, na Adolfo Inácio, descidinha de quem vai para o Cine-Teatro, número 500.

 

Aqui é balé clássico

 

Mana Athanázio tem, literalmente, o pé no balé desde os 6 anos de idade. Ela morava com os pais em Porto Alegre, ele comerciante e ela professora. Tinham vindo de São Francisco de Paula, onde Mana nasceu, tentar a vida na capital.

– Eu estudava no Ignácio Montagna, onde minha mãe era diretora. E quando ia ao dentista, no Centro, conheci a escola de balé e me apaixonei. Era o lugar a que meu pai deixava ir sozinha, de bonde: mas ele ficava no ponto, cuidando – conta.

A escola era de Marina Sedojeva – russa de nascença, bailarina de coração. Ficava bem na esquina da Rua dos Andradas com a Uruguai, no Centro, ao lado de onde paravam os bondes da época. Mana conta que a mestre – “dona Mariana”, como ela chama – havia fugido da guerra no leste europeu e se refugiado no Uruguai. De lá, foi trazida a Porto Alegre para ensinar balé às jovens gaúchas da capital.

– Havia muitas professoras russas no Brasil, mas ela era a única aqui em Porto Alegre.

Mana não saiu mais de lá – até professora da escola se tornou, anos depois de formada.

 

: Mana ensinando balé às meninas em sua escola, o Centro de Arte, no centro de Gravataí

 

A aventura da bailarina

 

Quando resolveu que faria a escola de balé em Gravataí, Mana e o marido, Carlos Athanázio apostaram na cidade.

– Eu fui nas escolas, na Prefeitura, na Secretaria de Educação, no Rotary, na Acigra… em tudo que tivesse envolvimento comunitário, fui falar do Centro de Arte.

Com as primeiras alunas, Gravataí conheceu o rigor da bailarina.

– As pessoas pensavam que era só ir lá e ter uma aulinha, duas. Não! Com a gente tinha apresentação de três em três meses, contrato, nota. Era tudo certinho ou nada – conta.

Todos os anos, ocupavam o auditório do Gensa ou do Dom Feliciano para uma grande apresentação com as alunas.

– Quando o Centro de Arte fez 15 anos, entrei em um edital de licitação e levei a apresentação de A Bela Adormecida para o Teatro Renascença, em Porto Alegre.

Foi a primeira vez que de toda a turma.

– A gente se apresentava só em auditório, que não tem a mesma estrutura de luz, de bastidores, às vezes não tem camarins.

Em 2000, no entanto, a aventura da bailarina chegaria ao fim: depois de uma apresentação no Cine-Teatro, o Centro de Arte se despediu de Gravataí – mas Mana não deixou a dança.

– Apoio a Celícia Santos, com quem eu trabalhei durante algum tempo. Somos amigas.

Afastada da dança por conta do joelho, Mana não pode mais separar sua vida da arte:

– A dança me ajudou a criar meus filhos, mas judia da gente também. Dinheiro eu não ganhei! Mas sou muito feliz!

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