RAFAEL MARTINELLI

Marco Alba na casa de Simon: a volta da democracia, a revogação do AI-5 e o acaso

Marco e Patrícia Alba na casa de Pedro Simon, em Porto Alegre

“Em política, nada acontece por acaso. Se isso acontecer, é porque assim foi planejado”, é uma frase atribuída ao ex-presidente estadunidense Franklin Delano Roosevelt e com a qual, por experiência, comungo.

Reportei a ‘polarização dos #tbts’ postados na quinta-feira pelo prefeito Luiz Zaffalon (PSDB) e o ex-prefeito Daniel Bordignon (PT), em TBT no palanque do bolsonarismo-raiz não é por acaso: a ‘bolsonarização’ de Zaffa e Também não é por acaso TBT de Bordignon com Lula e Alckmin; A fake news ou fake opinion da polarização.

Sábado, o ex-prefeito Marco Alba (MDB) e a deputada estadual Patrícia Alba (MDB) postaram vídeo no Instagram com visita à residência de Pedro Simon.

Com grifos meus, leia o texto do post do casal Alba, cujo áudio é “Coração de Estudante”, música composta por Milton Nascimento para consagrar o estudante secundarista Edson Luis Lima Souto, símbolo do movimento estudantil e da luta contra a ditadura, cuja morte pela polícia originou onda de protestos que em 1968 levou ao ato de repressão mais brutal, o AI-5.

Abaixo sigo, evocando o ‘acaso’.

“(…) Na manhã de sábado, (15/06), eu e a deputada Patrícia Alba visitamos o maior líder político da história do MDB/RS, Pedro Simon, na sua residência, em Porto Alegre. Foram momentos de relembrar acontecimentos mais significativos da redemocratização do Brasil. O ex-senador Simon é uma inspiração para todos os homens e mulheres que querem o bem deste país. Recebemos dele o apoio de quem tem a experiência na condução política e de gestão de um dos Estados mais importantes na história política e econômica do nosso país.

Pedro Simon também foi uma das vozes mais importantes e corajosas a se levantar pela volta da democracia. Construiu sua trajetória política com a palavra, coragem e determinação.

Ao lado de Ulysses Guimarães, Teotônio Vilela, Tancredo Neves, Franco Montoro e peemedebistas históricos, foi um dos líderes da resistência ao governo militar. Esteve à frente pela Lei da Anistia, liberdade de imprensa, volta do pluripartidarismo, revogação do AI-5 e pelas Diretas Já, o maior movimento civil do país desde a Nova República.

Obrigado pelo carinho, Pedro Simon; você é sempre um farol a nos guiar, pelos 60 anos de vida pública exemplar (…)”

Sigo eu.

Aceitemos que apenas o acaso tenha, num intervalo de três dias, unido os #tbts à visita na casa de Simon.

Ainda assim, o texto e áudio que sacralizam a luta pela democracia permitem a leitura de que os Alba não vão se associar a extremistas golpistas.

Reputo o passado do inelegível dizendo que a ditadura matou pouco, o 8 de janeiro, e tudo que se apurou sobre a tentativa frustrada de um golpe de estado, demonstram que a “polarização”, o “outro” do bolsonarismo-raiz, é a democracia.

Aí, para instigar mais teorias da conspiração, a postagem acontece dois dias após Zaffa postar lembrança de presença no palanque do bolsonarismo mais radical de Gravataí, em ato onde – quando não mais estava, registre-se – o DJ soltou aquela música misógina: “…dou para CUT pão com mortadela e para as feministas ração na tigela / As minas de direita são as top mais belas, enquanto as de esquerda têm mais pelo que cadela…”.

Ao fim, se a característica de Simon é “falar não só com a boca, mas com o corpo”, a de Marco Alba na política é jogar parado, em silêncio, observando e emitindo sinais que considera estratégicos.

Inegável é que o texto carrega evidências de que seu farol, do “MDB de guerra”, restará no caminho do meio nestas eleições.

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