A eleição de 2020 pode não ser de bandeiras brancas no comitê do candidato que Marco Alba (MDB) escolher para disputar sua sucessão à Prefeitura de Gravataí.
Se já tinha subido o tom ao falar na quarta passada para os membros do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (Codes), como tratei no artigo O que faz a saúde ’matar gente’ em Gravataí; o nome das coisas, nesta segunda o prefeito seguiu em notas altas, estridentes até.
– É o futuro da cidade que está em jogo – resumiu, ao defender a continuidade de seu legado, na assinatura da ordem de início da duplicação da ponte de Morungava, conforme tratou o jornalista Silvestre Silva Santos na reportagem COM VÍDEO | Uma ponte para a Rota Turística, publicada pelo Seguinte:.
Selecionei algumas declarações do diapasão político.
– Por 40 anos só governaram enxergando a próxima eleição, fazendo carinho nos amigos e não pensando na cidade como um todo. Como chegamos a um endividamento tão grande, com tão poucas soluções? – questionou, calculando o pagamento de R$ 200 milhões em dívidas frente a um passivo de outros R$ 200 milhões, “tudo anterior ao nosso governo”.
– Agradeço aos vereadores, importantes para arrumarmos a casa, pagar contas e limpar a sujeira do tapete – disse, exemplificando com o “corte de benefícios, que são aquilo que quem paga, que é o povo, não tem”, e levaram a uma redução da folha de pagamento do funcionalismo em pelo menos R$ 100 milhões.
– Por que aqueles que têm estabilidade no emprego não podem aguardar melhorar a situação para o povo aqui fora?
Sem nominar ninguém, por desnecessário, Marco parece ter dado a senha para a ‘caça aos petralhas’, ou ‘comunistas’, como o leitor preferir.
– Muitos deles estão por aí, já vestidos de gente diferente, nova, criticando o que fazemos, quando fizemos em três anos o que não fizeram em 30. É gente disfarçada, que depois de anos aparece com camiseta nova, de outro partido, querendo dizer que não tem nada a ver com a seita do presidiário, e são todos adeptos da seita do presidiário. Todos são fãs, o querem solto! – fuzilou, alertando para a “incompetência e enrolação dos governos de Gravataí”, ao citar que, como vereador, foi relator da Lei Orgânica Municipal em 1991, mas só 25 anos depois, ao assumir a Prefeitura, fez cumprir artigo que previa uniforme para alunos da rede municipal.
– Isso que eram os queridos, os melhores prefeitos, o político aquele que vai a tua casa tomar chimarrão, mas bota a mão no teu bolso e toma tudo que tu produz. É o povo quem paga a conta.
Marco apelou para que o eleitor seja “exigente”.
– Não só quando o político abre a boca, porque para falar, para reclamar, todo mundo é inteligente e brabo. Que seja inteligente ao votar e não escolher porcaria, não só bons de papo. Bom de papo até eu fiquei, tem até curso para ensinar a dar papinho na orelha de alguém. Dizer coisas boas e usar o dinheiro de vocês para gentileza qualquer um faz. Gestão é outra coisa, é mais difícil. Por isso, passo mais tempo na Prefeitura do que na rua.
– Não é um jogo de futebol. A contra B, ou B contra C. O político que fala em gentileza e favor é canalha. É o dinheiro de vocês. É obrigação. Não faço mais do que minha obrigação, mas outros que vieram antes não fizeram, não cumpriram. Reafirmo, é o futuro da cidade que está em jogo, não quirelas do poder para uns e outros – concluiu.
Marco Alba encerra o segundo mandato em 31 de dezembro de 2020 e não concorre à reeleição. Mas será o ‘Grande Eleitor’ do candidato do governo à Prefeitura. E parece ter indicado o ‘modo campanha’: responsabilizar os governos anteriores pelas dívidas, informar sobre como arrumou a casa, entregar obras e ligar os adversários ao PT.
Na Gravataí que deu sete a cada dez votos para Jair Bolsonaro em 2018, Luiz Inácio Lula da Silva será personagem na eleição de 2020.
Como sempre escrevo, não é torcida ou secação, são os fatos, aqueles chatos que atrapalham argumentos.
Siga o vídeo em que o prefeito explica a Rota Turística