3º NEURÔNIO

María Corina, a ‘Bolsonaro venezuelana’, ganha Nobel da Paz

Histórica golpista da Venezuela, denunciada por várias tentativas de derrubada do governo do seu país foi escolhida pelo Comitê Norueguês da premiação nesta sexta-feira (10). Compartilhamos a reportagem de Tatiana Carlotti, para o Opera Mundi


María Corina Machado, denunciada por várias tentativas de golpe na Venezuela, é a vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2025. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (10/10) pelo Comitê Norueguês do Nobel alegando que a líder da extrema direita venezuelana é um “símbolo da luta democrática”.

O Comitê Norueguês justificou a escolha por “seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos do povo venezuelano e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”.

Premiada em meio à ofensiva norte-americana contra o governo de Nicolás Maduro, a deputada cassada em 2014 na Venezuela é uma defensora da intervenção de Washington no país e uma contundente voz ultraliberal e antichavista no país.

Considerada uma versão venezuelana do bolsonarismo, ela participou de várias tentativas de golpe na Venezuela, como o de 2002 contra o então presidente Hugo Chávez; a tentativa de deposição do presidente Nicolás Maduro, em 2019, ao lado do autonomeado presidente, Juan Guaidó; além dos protestos violentos e ações  visando deslegitimar as eleições de julho de 2024 na Venezuela.

Casa Branca: ‘política acima da paz’

A escolha de María Corina é uma derrota para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que havia transformado o Nobel da Paz em uma meta pessoal. Nesta quarta-feira (08/10), ele havia comemorado o acordo entre Israel e o Hamas, classificando-o como “um passo histórico em direção à paz mundial”. Trump reiterou várias vezes a possibilidade de vencer o prêmio e estava entre 338 indicações recebidas pelo Comitê neste ano.

Em um post publicado no X, o porta-voz da Casa Branca, Steven Cheung, afirmou que “o presidente Trump continuará fazendo acordos de paz, acabando com guerras e salvando vidas. Ele tem o coração de um humanitário, e nunca haverá ninguém como ele, que pode mover montanhas com a força de sua vontade”. E criticou: “o Comitê do Nobel provou que eles colocam a política acima da paz.”

Intervenção e golpes

Como explica a professora de Relações Internacionais da Unifesp, Carolina Pedroso, “há bastante tempo Marina Corina defende que os Estados Unidos intervenham militarmente na Venezuela. Disse isso no primeiro governo Trump, frisou no contexto de manifestações contra Maduro na eleição de 2018”.

Ela destaca que embora, muitas vezes vendida como a esperança restaurada de uma democracia na Venezuela, Marina Corina “é uma fascista”. “Participou do golpe em 2002 contra Chávez e tinha ligações muito próximas com [George W.] Bush nos anos 2000”, relata.

Há meses, a líder da oposição radical na Venezuela vive na clandestinidade para não ser presa. O processo contra ela começou em 2015, quando o TSJ decidiu por sua inelegibilidade por 12 meses por “inconsistência e ocultação” de ativos na declaração de bens que deveriam ser entregues à Controladoria-Geral da República (CGR), no período em que ela foi deputada da Assembleia Nacional, entre 2011 e 2014.

Em junho de 2023, a CGR ratificou que María Corina estaria inabilitada para ocupar cargos públicos por 15 anos e em agosto do ano passado, o Ministério Público da Venezuela abriu uma investigação criminal contra ela e o então candidato presidencial Edmundo González (Plataforma Unitária) pela tentativa de deslegitimar as eleições presidenciais de julho que reelegeram Maduro, com 51,2% dos votos.

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