Dory, a peixe que esquecia tudo em Buscando Nemo, não passa de personagem de desenho animado.
Kevin Warburton, especialista no comportamento destes vertebrados da Universidade Charles Sturt, na Austrália, atesta após 15 anos de estudos que essas criaturas tem aprendizagem e memória bastante sofisticadas.
Na política da aldeia, nosso Peixe também mostra não ser desmemoriado ao cobrar contas do passado.
Alex Peixe.
Nem o vereador eleito pelo PDT, nem seus apoiadores esquecem o tratamento inadequado que entendem ter recebido de Daniel Bordignon, vencedor da eleição nas urnas, e principalmente do vice e presidente do partido, Claudio Ávila.
Sétimo entre os eleitos em 2012, com 2.150 votos, Alex Peixe caiu para 14º em 2016, garantindo a eleição com 1.468 votos.
Em seu reduto eleitoral, a ‘Grande Morada do Vale’, que engloba a I, a II e a Águas Claras, além de Denis Santos dos Santos, o Tita, que era seu apoiador e fez 479 votos pela Rede, partido da base do governo Marco Alba (PMDB), Peixe teve a concorrência de Filipe Justo, o Felipão do Mega X, por anos um dos gigantes em suas campanhas.
E Peixe ouviu de muitos que Felipão era um dos preferidos de Cláudio Ávila entre os candidatos a vereador.
Fez 522 votos.
Que poderiam ter tirado a reeleição do filho de Carlinhos Medeiros, que antes de passar o legado ao filho foi eleito por cinco mandatos para a Câmara como ‘o vizinho preferido’.
Peixe também não esquece que foi para o PDT como o número 1 para ser o vice de Bordignon, que ainda restava no PT. A esposa, Rose Vargas, já estava em campanha quando Cláudio Ávila foi o escolhido e – para garantir a reeleição do projeto familiar e da vizinhança – Peixe teve que voltar atrás e concorrer ele à reeleição.
– Buscamos uns votinhos fora, ou estaríamos mortos – confidencia uma pessoa que conhece bem o vereador.
Peixe também comenta a quem quiser ouvir que enfrentou um processo de desgaste interno e externo, quando votou a favor do aumento nos salários dos vereadores e foi suspenso pelo partido – ação que, se fosse levada adiante, poderia inclusive desaguar em uma expulsão e na inelegibilidade nestas eleições.
Para não morrer na praia, Peixe teve que se submeter ao constrangimento de assinar uma ação na Justiça contra o aumento que ele próprio havia aprovado.
“Por engano”, como justificou depois.
Até a abertura das últimas urnas, de sua região, que lhe garantiram uma vitória que parecia que não viria, Peixe não fez borbulhas.
Com a reeleição, parece que a marola começou.
Nesta segunda, postou em seu Face foto quase de rostinho colado com Dimas Costa (PSD), que compartilhou.
Dimas é hoje mais que adversário, é inimigo de Bordignon.
Se isso não é um recado, uma declaração de independência, que o TSE invalide meus 20 anos de cobertura política, porque eu não sei de nada.