Alguns vão correr para dizer que é uma coisa que não aconteceu, contada por quem não estava lá, mas Cachoeirinha, a capital do PSB no Rio Grande do Sul em força política, deve testemunhar nas próximas horas um pacto de suas principais lideranças pela reeleição de José Ivo Sartori (PMDB).
O atual prefeito Miki Breier e o ex-prefeito por oito anos, deputado federal e presidente estadual do partido José Stédile teriam chegado a um acordo para reeditar a aliança dos socialistas com o governador.
Na noite desta quinta o PSB gaúcho tem reunião do diretório para tratar do tema. A decisão pela coligação deve ser tomada, apesar de publicamente Stédile sustentar o discurso de esgotar o debate sobre uma candidatura própria com Hermes Zaneti em todas as instâncias partidárias, o que levaria a uma oficialização apenas na convenção marcada para o dia 21 do mês que vem.
O apoio a Sartori tem como principal articulador Beto Albuquerque, que será lançado ao Senado, rifando o recentemente filiado José Fortunati, já que o PMDB manterá a candidatura de Germano Rigotto para a outra vaga de senador.
Ideologias à parte, há coerência na manutenção da aliança, já que em 2014 o PSB foi o primeiro aliado de Sartori, quando o governador ainda era um coadjuvante nas pesquisas. A articulação da época envolveu a retirada da candidatura de Beto a governador e o apoio de Sartori a Eduardo Campos na eleição presidencial, parceria mantida com Marina Silva, de quem Beto foi candidato a vice, após a morte do governador.
Além disso, com a saída do PP para lançar Luis Carlos Heinze a governador, hoje o PSB é o partido com mais cargos no governo Sartori depois do PMDB. Para reforçar a tendência governista, em abril Rogério Salazar saiu da chefia de gabinete de Stédile para o comando da Secretaria de Obras, Saneamento e Habitação do Estado.
Como, apesar de muitos não acreditarem, políticos também fazem política para tentar melhorar a vida das pessoas, há o sentimento de que os sacrifícios e desgastes – para o PSB, mais à esquerda, principalmente com o funcionalismo e os salários parcelados – teriam sido inúteis e os reflexos positivos de uma recuperação econômica do RS não seriam compartilhados em um segundo governo com mais fôlego para investimentos.
Esperança reforçada pela mais recente pesquisa que coloca Sartori como favorito na eleição.
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Já paroquialmente, o que parece uma vitória política de Miki, também permite outra interpretação: a sobrevivência de Stédile. É que a aliança governista deve ser ampliada para outros partidos na eleição para a Câmara Federal, o que aumentará as chances de reeleição do ex-prefeito.
Estão na mira PSD – que deve seguir com José Cairoli como vice – Solidariedade, PPS, PR, PRB, PHS, PSC e Avante.
Hoje, pelos cálculos de bastidores dos próprios socialistas, sem uma coligação é provável a perda de uma cadeira, com a eleição de apenas um deputado federal. Em 2014, Heitor Schuch fez 101.243 votos, Stédile 60.523.
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De acerto mais difícil, mas não impossível, também pode entrar no jogo a retirada da candidatura de Vicente Pires a deputado estadual, com Stédile compondo na região e pelo interior também com candidaturas ligadas ao grupo de Beto e Miki. O exemplo mais próximo é Juliano Paz, que traria também o apoio de Anabel Lorenzi, candidata do partido a prefeita de Gravataí nas últimas três eleições.
Em tempos de Copa na Rússia, é preciso lembrar Garrincha: só falta combinar com os russos.
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