coluna do silvestre

Minhas acidentadas histórias com bicicletas

Da série me cortem os tubos!

Me aguentem ou…

 

Aprendi a andar em bicicleta quando era guri de uns oito ou nove anos nas estradas encascalhadas de Cerro Branco. Era uma antigona, tipo essa da foto que está aí ao alto, que era emprestada pelo Arlindo – não me lembro o sobrenome dele – que morava perto do armazém do Beno Bratz.

As vezes ele me carregava na garupa quando o deslocamento dele coincidia com a minha caminhada para a escola ou para casa. Recordo que, numa das feitas, quando me ensinava a equilibrar, ao invés de ficar segurando a bicicleta como sempre fazia, ele soltou. Fui-me ao mato!

Noutra feita ralei os joelhos no cascalho, mas a bicicleta não estragou, acredito…

Depois disso, acho que só fui ver bicicleta de novo quando mudamos, eu e meus pais, para a cidade, em Cachoeira do Sul, eu já com meus 12 anos. Não lembro de quem era, mas andei em muita bicicleta emprestada. Não tinha como comprar uma!

Tinha predileção pela Monareta, um modelo da Monark (não sei se ainda existe esta fábrica que, na época, dominava o mercado) por ter rodas menores e ser mais fácil de ‘subir’. 

 

: Monark, modelo Monareta

 

Mais tarde, em Butiá, quando eu e minha mãe visitávamos a tia Elci e os primos, conheci outro modelo, também da Monark. Uma variação da Monareta que se popularizou como Tigrão. Não sei por quais razões. Eu já era esquelético, e naquele período em que estivemos por lá acho que fiquei ainda mais magro, tanto que pedalei na Rua Polônia.

 

: Monareta apelidada de Tigrão

 

Até que um dia…

Comprei minha primeira bicicleta!

Uma Monark, aro 20, com uma barra circular no meio do quadro que a diferenciava e que foi anunciada como Copa 70, referência à Copa do Mundo de Futebol que, naquele ano, havia consagrado a Seleção Brasileira por ter conquistado o tricampeonato.

Comprei na Casas Buri para pagar em 24 prestações. Incrementei a bike. Coloquei buzina, fitilhos coloridos nas extremidades do guidão, limpa raios, capa no assento. Era uma relíquia. Andava pela cidade toda com ela. Lavava e lubrificava periodicamente. Coisa de dar inveja.

 

: Monark aro 20, Copa 70

 

Certa feita desmontei a roda traseira sei lá por quais razões. Na hora de montar, coloquei o torpedo (freio que era acionado pedalando para trás) virado. Nossa casa (minha mãe mora nela até hoje) ficava numa ladeira e a rua era de chão batido. Não tinha saída. Na realidade era um beco.

Quando fui experimentar para aferir a lubrificação, descida a baixo, cadê o freio? Parei dentro da valeta onde a rua acabava. Não lembro de ter me machucado nessa empreitada.

Em outra ocasião, quando trabalhava como balconista da loja A Brasileira, de confecções, e simultaneamente era garçom na Cantina do Mahfuz, descia pela Júlio de Castilhos a toda velocidade. Ainda era uma via de mão dupla. Nas imediações da Praça Borges de Medeiros, da Caixa D’Água, um caminhão era conduzido à baixíssima velocidade.

Eu tinha que ultrapassá-lo, só que pela direita não dava por que havia uma carroça com tábuas arrastando no calçamento, ainda feito com paralelepípedos. Hoje é asfalto. Eu tinha que decidir rápido, pois vinha em velocidade elevada. Joguei-me, então, para a esquerda do caminhão.

Imagine!

Dei de cara com um Fusca. Batemos de frente. Eu voei sobre o fusquinha e só não fiquei com o peitoral rasgado porque usava uma boa jaqueta de nylon. O risco do friso do teto do Fusca ficou nela… O para-lamas dianteiro e esquerdo do carrinho entortou todo, e a roda da frente da minha Monark virou “um oito”.

O garfo – de sustentação da roda dianteira – ficou que era um arco. Perdi a buzina…

Lá me fui, arrastando a bicicleta rumo à oficina do Raul que na época ficava na rua David Barcelos, não muito longe de onde me aconteceu esta tragédia. Rua afora, chorando. Não lembro quanto me custou o conserto, sei que pedi pressa para que minha mãe não ficasse sabendo do ocorrido.

Esta mesma bicicleta me foi roubada no Colégio Roque Gonçalves, quando eu estudava lá. (Aliás, tem outra triste história lá, no Roque. Mas fica para outra hora!) Quando dei falta dela à saída da aula noturna, iniciei uma investigação pelas vizinhanças. E não é que achei a minha bicicleta? E voltei com ela para casa. Outros tempos, outros moldes de criminalidade.

Depois dessa comprei uma Caloi de corrida, aquelas com 18 marchas e pneus bem finos. Eu era magro mesmo, mas tinha força nas pernas, Eu andava pela avenida Marcelo Gama em direção a outro estabelecimento em que trabalhei, o Restaurante do Mahfuz. E em alta velocidade mesmo.

Apostava corrida com veículos mais pesados, tipo ônibus e caminhão. Facilitasse, até carro eu botava na roda!

 

: Calói 18 marchas, de corrida. A minha era cor prata

 

Com esta, a de 18 marchas, fui fazer uma corrida com a gurizada na pista do kartódromo que havia num bairro periférico de Cachoeira, no Alto do Amorim. Nunca que eu conseguiria fazer as curvas como fazem os pilotos de kart, muito menos em alta velocidade.

Na primeira curva levei um sacode e me fui às britas. Mas também não passou de arranhões.

Mas, afinal, por que estou contando estas histórias das bicicletas da minha vida? É que nesta noite sonhei que estava andando em uma. Coisa que, na realidade, não faço há mais de 20 anos, no mínimo. Daí fui pesquisar na internet a interpretação para este meu sonho.

Não vale a pena publicar!

 

Por estas e por outras que eu digo, para o mundo que eu quero descer.

Ah, aproveita e me corta os tubos!

 

 

 

 

 

 

 

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