Do mini lockdown que a Capital decreta a partir desta terça, Gravataí e Cachoeirinha não escaparão. Seja indiretamente, já que não há fronteiras na região metropolitana, ou pela curva ascendente de contágio colocar na bandeira vermelha do Distanciamento Controlado do Governo do RS toda Região Porto Alegre e pressionar por maiores restrições em toda região metropolitana.
O decreto 20.639 publicado pelo prefeito Nelson Marchezan e que você lê clicando aqui, prevê, entre outras restrições, o fechamento por 15 dias de salões de beleza, academias e Mercado Público, além de proibição para estacionar na Área Azul, interdição de parques, como a Orla do Guaíba, e, a partir de quinta-feira, 9, bloqueio de vale-transporte para trabalhadores de estabelecimentos que não estão autorizados a funcionar.
O susto vem do mapa dos leitos na Região Porto Alegre, que mostrei na noite deste domingo em UTIs lotadas ou próximas à lotação em Gravataí e região; é ’bandeira roxa’. A ocupação das UTIs da Região Porto Alegre, a qual pertence Gravataí, também sobe junto. O mapa de leitos do Estado mostrava, no último dia de junho, uma taxa de ocupação de 74.6%. Neste sábado, foi para 75,6%. Hoje, domingo, já chega a 77.2%, quase 8 a cada 10 unidades de tratamento intensivo ocupadas. De 1º de junho até este domingo o percentual de pacientes com COVID-19 em UTIs cresceu de 9.1% para 29.7%. Sábado estava em 29%. No último dia de junho, 24,8%. É a pressão do vírus para lotação nas UTIs.
A grita é grande, como já acontece em Gravataí e Cachoeirinha na bandeira vermelha do Distanciamento Controlado fake do Governo do RS. É compreensível comerciantes, meio fechados, e com menos clientes, sofrerem de falta de ar a cada fim de mês perpétuo. Mas o abre-e-fecha é pior! Como traçar um plano sem saber quando a curva da pandemia reduzirá?
O contágio econômico também atinge as prefeituras. Gravataí, conforme projeção do FMI sobre o PIB, terá um tombo de R$ 100 milhões. Cachoeirinha, R$ 50 milhões. Os empregos perdidos nas duas cidades já passam dos 2 mil, entre janeiro e maio, congelando a economia local.
Com obvias diferenças culturais e governamentais, o exemplo de que o lockdown funciona é a China, que fechou de verdade, mapeou o vírus, testou os contatos e saiu da crise em menos de dois meses. Nós, e a crítica vale para todo Brasil, não fechamos, não respeitamos as mínimas restrições, não testamos e não temos controle sobre os contatos dos infectados – nem das vítimas fatais.
Para incentivar a trágica volta ao ‘normal’, o auxílio emergencial do governo demorou, o socorro às prefeituras também e o crédito a micro, pequenas e média empresas, como o próprio ministro da Fazenda Paulo Guedes disse neste domingo na CNN, “está chegando agora”.
Como tratei em Pior mês da COVID fecha com crescimento de mais de 300 por cento em Gravataí e Cachoeirinha; é hora de reabrir comércio?, Pedro Hallal, epidemiologista e reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) que é o líder da maior pesquisa no mundo sobre a presença do novo coronavírus, e que serve de base para o Distanciamento Controlado gaúcho, defendeu no fim de junho “um lockdown rigoroso de 15 dias no Brasil inteiro” como forma mais eficaz e rápida para derrubar a curva de casos e com menos traumas à economia, conforme reportagem de Patrícia Comunello, no Jornal do Comércio.
– Neste momento em que estamos perto ou no pico da contaminação, estarmos com as portas abertas é uma irresponsabilidade – critica na entrevista, onde alerta que o “fecha, abre e fecha" é mais danoso do que fazer um fechamento total, adotado em outros países.
Ao fim, não é torcida ou secação, são os fatos, aqueles chatos que atrapalham argumentos. É o que indica a ‘ideologia dos números’. Infelizmente, nenhum município no Brasil fechou de verdade. Com as quarentenas fake, restam perdidos ‘CPFs’ e ‘CNPJs’. Quando o lockdown chegar, mesmo que mini, e a bandeira preta virá, aguardemos o comportamento de nosso covidiotas.
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