O Ministério Público arquivou o Inquérito Civil 01220.002.351/2022 que respondia o ex-prefeito Miki Breier (PSB), cassado em Cachoeirinha no ano passado.
A investigação conduzida pelo promotor de Justiça Thomaz de La Rosa da Rosa não encontrou irregularidades na reforma administrativa feita pelo ex-prefeito em 2021, quando assumiu o segundo mandato.
– Não se comprovou o entendimento inicial de que aumentamos os salários dos diretores acima da Lei de Responsabilidade Fiscal. Se comprovou que, ao reduzir secretarias, geramos economia para o município – resume Miki.
O ex-prefeito segue respondendo ação penal por supostas irregularidades em contratos de limpeza urbana que, a partir de investigação do MP nas operações Proximidade e Ousadia, levaram a seu afastamento do cargo por um ano por determinação da 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça.
A cassação não foi por motivos criminais e sim eleitorais, pelo suposto abuso de poder econômico e político no pagamento de benefícios a servidores durante o período eleitoral; leia em É absurda cassação de Miki e Maurício pelo TRE e TRE mantém cassação: decisão impede recurso de Miki e Maurício subir para TSE; Uma freeway para a nova eleição em Cachoeirinha.
– Acompanho os processos. A informação que tenho é que ações penais podem levar até três anos para conclusão – observa Miki, que considera o arquivamento deste inquérito como mais uma confirmação de que agiu sempre dentro da legalidade.
Ao fim, sempre lembro que há na vida real um trágico ‘caso Josef K.’ – personagem de Kafka que, ao ser conduzido para a execução, ao responder se era “inocente”, respondeu “inocente de quê?” – que deveria balizar ações judiciais, midiáticas e até julgamentos pessoais, os ‘cancelamentos’ que fazemos no dia a dia.
É o do reitor Luiz Carlos Cancellier, acusado injustamente de desviar R$ 80 milhões da Universidade Federal de Santa Catarina – ‘absolvido’ pelo TCU mês passado; leia em Suicídio do reitor inocente: sem pano no sangue das mãos lavajatistas; Quem cala morre contigo, Cancellier!.
Para quem não lembra, um ano depois da “convicção” de PowerPoint de Deltan Dallagnol e Sérgio Moro sobre a culpa do ex-presidente Lula na investigação sobre o triplex, a delegada da Polícia Federal, Erika Marena, uma das integrantes da Lava Jato, comandou em Florianópolis a Operação Ouvidos Moucos, que prendeu o reitor em uma penitenciária de segurança máxima, com todo o combo de revista íntima, 2h nu na frente de outros presos, mãos e pés algemados e um calvário de 30 horas até conseguir um habeas corpus.
Pasmem, ou vomitem: os 80 milhões da acusação correspondiam ao total dos repasses ocorridos entre os anos de 2008 e 2016 para o programa de ensino a distância, alvo do inquérito. Seria como desviar todo o recurso disponível. Cancellier ocupava a reitoria há apenas 16 meses.
– Ele deixou a prisão preocupado com a família e o filho. Tentou nos tranquilizar, mas, claro, estava muito abatido. Ele não tinha carro, então andávamos de táxi pela cidade. Mas percebi que ficava muito constrangido, com medo de ser reconhecido – contou à revista Carta Capital Acioli Cancellier, que acompanhou o irmão nos últimos anos de vida.
Libertado, saltou do sétimo andar de um shopping localizado na Avenida Beira-Mar, na capital catarinense.
Miki não vai se suicidar, já disse em SEGUINTE TV: A primeira entrevista de Miki em vídeo após ser tirado da Prefeitura de Cachoeirinha; “Pensei em desistir de tudo, mas a vida é bela”.
Fato é que, por pelo menos mais três anos, tempo que prevê até conclusão da ação penal, resta assassinada a reputação de Miki, como já alertei lá em 2021, em O assassinato da reputação política de Miki; Prefeito de Cachoeirinha é afastado e chefe do MP fala em mesada e malas de dinheiro.
Uma gota de sangue de seu cadáver político, porém, resta limpa, com o arquivamento do inquérito deste 22 de agosto de 2023.
Assista entrevista de Miki para SEGUINTE TV em 2022
