RAFAEL MARTINELLI

Moção de vereador de Gravataí só serve para fazer eleitor e servidores de bobo; O voto de hoje é a contrariedade ou a abstenção de amanhã

São os próprios políticos que fazem mal à política. A moção de Thiago De Leon (PDT) votada pela Câmara de Gravataí nesta terça-feira é um exemplo. Reputo é fazer o eleitor de bobo, ao submetê-lo a um resultado que diz nada vezes nada.

As ideologias, por pelo menos duas legislaturas, restam tão mortas quanto convicções de abstenção.

O vereador propôs uma moção de “apoio aos servidores públicos estaduais inativos e pensionistas devido ao desconto previdenciário” cometido pela reforma da previdência de Ranolfo Vieira Jr. (PSDB) & Eduardo Leite (PSDB).

Nada diferente do que fez o prefeito Luiz Zaffalon (MDB) em Gravataí, ou o usurpador Michel Temer (MDB) na Presidência.

Não entro neste artigo na necessidade das reformas, o que já apanhei muito por ter coragem de analisar à luz das impopulares necessidades, o que chamo ‘ideologia dos números’.

Inegável é que a bagunça na votação, se fizermos uma relação com a reforma da previdência municipal, só demonstra que o eleitor é refém do humor de momento dos políticos.

Vamos às informações.

A moção foi reprovada.

Votaram a favor da moção Bombeiro Batista (União Brasil), Carlos Fonseca (PSB) e Thiago De Leon (PDT).

Votaram contra a moção Alan Vieira (MDB), Alex Peixe (PTB), Alison Silva (MDB), Áureo Tedesco (MDB), Cláudio Ávila (União Brasil), Demétrio Tafras (PSDB), Dilamar Soares (PDT), Fábio Ávila (Republicanos), Evandro Coruja (PP), Márcia Becker (MDB) e Mario Peres (PSDB).

Se abstiveram ou desconectaram na hora da votação Anna Beatriz da Silva (PSD), Bino Lunardi (PDT), Claudecir Lemes (MDB), Clebes Mendes (MDB) e Paulo Silveira (PSB).

O presidente Roger Correa (PP), que votou a favor da reforma da previdência em Gravataí, só precisaria votar na sessão de hoje em caso de empate.

Agora vamos à bagunça.

Entre os que votaram pela derrubada da moção resta Cláudio Ávila, que votou contra a reforma da previdência municipal, apesar de, à época, dizer que era a favor, mas seguia seu partido, então o PSD.

Entre os que não deram voto favorável ou contrário está Anna Beatriz da Silva, que na reforma municipal votou contra, mas experimenta a circunstância política de Dimas Costa, companheiro e líder de seu PSD, ser cotado para participar do secretariado do governo Leite.

Também se abstiveram Bino Lunardi, Clebes Mendes, Claudecir e Paulo Silveira, que votaram favoráveis à reforma da previdência municipal.

Dos três, só Clebes não tinha CCs no governo na época da votação da reforma de Gravataí.

Fato é que Claudecir, que é brigadiano aposentado, deu voto favorável à reforma municipal, que não lhe atingia, mas não se manifestou sobre a estadual, que atinge sua categoria.

Entre os a favor à moção, ou seja, contra os descontos reforma estadual, está Carlos Fonseca, que em Gravataí, onde tinha cargos no governo, mesmo sendo funcionário público, aprovou reforma igual.

Também está Bombeiro, coerente com seu voto contra a reforma municipal, mas manifestando mais uma contrariedade ao voto de Ávila, colega do partido que agora preside.

Há, também, o autor, Thiago De Leon, em um Dos Grandes Lances dos Piores Momentos.

É que, se foi coerente com seu voto contra a reforma municipal, não ‘combinou com a russa’: Miguelina Vecchio, uma das dirigentes estaduais mais influentes em seu PDT, com senão algum dos deputados eleitos, deu discurso de apoio a Leite na reunião de encerramento da transição de governo, semana passada.

Faremos um governo melhor ainda.

Ao fim, aposto que gente que leu até aqui vai voltar e reler novamente, para tentar entender o artigo. É a prova da bagunça.

Vereadores, parem de gastar luz e água, perdendo tempo com esse tipo de votação na Câmara. Arrisca o Ministério Público denunciar crime ambiental.

E, Thiago De Leon, não subestime o servidor. Poucos ainda saem do teatro do qual são envolvidos acreditando em mocinhos ou vilões.

Culpa de boa parte dos políticos, à esquerda ou direita, invariavelmente inebriados com o doce sabor de ser oposição, ou as benesses pessoais de ser governo.

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