3º Neurônio | cinema

Morreu Aleisha Brevard, a primeira atriz transgênero dos EUA

Aleisha Brevard morreu em 1 de julho, aos 79 anos

Morreu em 01 de julho a atriz e modelo A'leisha Brevard, a primeira artista transgênero a trabalhar em Hollywood. Curiosamente, o público só soube deste detalhe de sua vida em 2001, quando ela publicou um livro de memórias, com o título The Woman I Was Not Born To Be: A Transsexual Journey (A Mulher que eu não nasci para ser, uma viagem transexual).

 

 

A'leisha Brevard estreou no cinema como uma das muitas beldades lançadas nas telas na década de sessenta. Ela começou a carreira como modelo, e conseguiu seu primeiro papel quando soube que a Universal buscava uma ruiva alta e voluptuosa para atuar no filme O Deus do Amor (The Love God?, 1969), estrelado pelo comediante Don Knotts. Após o filme, viajou pelos Estados Unidos em turnê com Don Knotts, e conseguiu um contrato com a Playboy, como coelinha. Também chegou a fazer números de strip-tease em Reno. Na época usava o nome de A'leisha Lee, sobrenome de seu marido.

 

A'leisha a direita, dançando

 

Nos tempos da Playboy

 

A'leisha Brevard nasceu Alfred Brevard Crenshaw, em 09 de dezembro de 1937, em uma comunidade rural e religiosa no Tennessee. Ela teve uma infância muito difícil, não se aceitando e não sendo aceita na comunidade em que vivia. Ela fugiu de casa antes de terminar o ensino médio, partindo em um ônibus rumo a Nova York.

Foi em Nova York que começou a fazer shows na boate Finnochio's, tendo se apresentando para estrelas como Bette Davis, Errol Flynn e Lana Turner. Mas não gostava de ser apresentada como imitadora, como um homem travestido de mulher. Foi nesta época que conheceu o médico Harry Benjamin, e começou a fazer o tratamento para a mudança de sexo, no final dos anos 50.

 

Nos tempos da Finnochio's

 

Em 1962 ela finalmente fez a cirurgia, sendo uma das primeiras pessoas a fazer tal procedimento nos Estados Unidos. Mas como sempre sonhou em ser uma estrela de cinema, escondeu sua história com medo que ela atrapalhasse sua carreira. Começou a trabalhar como modelo logo após sua transformação e pouco tempo depois estreou no cinema.

 

Como modelo, em 1968.

 

Fazendo teste para elenco, em 1969

 

A'leisha fez em seguida o filme O Pé Grande (Bigfoot, 1970), e participações nas séries de TV A Família Dó-Ré-Mi (The Partidge Family, 1970) e Galeria do Terror (Night Gallery, 1970). Foi uma das protagonistas de Um Punhado de Fêmeas (The Female Bunch, 1971), um filme "B" estrelado por Lon Chaney Jr. Também foi presença regular em programas como The Red Skelton Show e The Dean Martin Show.

 

Cartaz de Um Punhado de Fêmeas

 

A partir da década de setenta passou a dedicar-se mais ao teatro, como atriz, diretora e escritora. Em 1976 terminou um mestrado em estudos teatrais na Marshall University. Retornou a televisão na série Legends of the Superheroes (1979), uma tentativa fracassada de adaptar os quadrinhos da DC Comics em uma série televisiva, que só durou dois episódios. A'leisha interpretava a vilã Giganta.

 

A'leisha como Giganta, com Alfie Wise (o Homem Átomo)

 

Ela ainda atuou nos filmes O Rosto de Humphrey Bogart (The Man With Bogart's Face, 1980), Smokey and the Judge (1980), American Pop (1981) e Hard Country (1981). Depois dedicou-se ao teatro e a vida particular.

 

Em O Rosto de Humphrey Bogart

 

A'leisha Brevard poderia ter ficado na história do cinema apenas uma showgirl bonita que passou pelas telas cinematográficas se em 2001 não tivesse revelado ao mundo ser transgênero em sua biografia, e afirmou que escondeu sua história por medo de não ser aceita. Desde então, passou a ser um importante ícone na luta pelos direitos LGBT.

 

 

"Hoje em dia, entende-se que às vezes os meninos são meninas.

No caso de Alfred Brevard Crenshaw, ele queria ser uma mulher. 

E OH, QUE MULHER!"

(crítica de seu livro, escrita no jornal Publishers Weekly)

 

 

 

: Em 2016

 

A'leisha Brevard morreu em 01 de julho, aos 79 anos.

 

 

Diego Nunes é gaúcho, formado em Rádio e TV pela Universidade Metodista de São Paulo, é pesquisador da memória cultural e artística, e sua paixão é o cinema. Além disso, atua como diretor cultural da Pró-TV, Museu da TV Brasileira, e no departamento de arquivo da Rede Record de Televisão.

Acompanhe-o pelo Memória Cinematográfica.

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