A retirada de cervos do Pampas Safari para um suposto abate sanitário por contaminação por tuberculose segue proibida. A deputada estadual Regina Becker recebeu agora pela noite a confirmação de Carolina Barth, promotora do meio ambiente do ministério público de Gravataí, de que o secretário estadual de agricultura, pecuária e irrigação, Odacir Klein, não emitiu guia de trânsito animal (GTA), como davam conta informações que circularam em sites e redes sociais nesta segunda-feira.
— Os cervos não podem ser retirados do Pampas. Se houver descumprimento da recomendação do ministério público de que não seja emitida a guia de trânsito as medidas judiciais cabíveis serão tomadas imediatamente — alerta a parlamentar, que por ser assistente é informada de cada passo do processo.
— Vamos lutar até o último recurso para garantir a vida desses animais — garantiu.
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Conforme GaúchaZH publicou na noite desta segunda, os laudos que apontam a presença de Mycobacterium tuberculosis (o agente causador da maioria dos casos de tuberculose em pessoas) em um camelo e uma capivara do Pampas Safari não garantem que a causa da morte dos animais foi a tuberculose humana, e nem que era essa a variante da doença que eles contraíram.
A reportagem de Guilherme Justino informa que, “depois de conferir os documentos, divulgados por GaúchaZH no domingo (29), o departamento de defesa agropecuária da secretaria estadual da agricultura, pecuária e irrigação (Seapi) apontou que o exame, apesar de indicar a contaminação por tuberculose humana, não é definitivo para identificar a doença”.
— O teste aponta a presença de Mycobacterium, não necessariamente da Mycobacterium tuberculosis. É complicadíssimo trabalhar com essa micobactéria. O teste não garante que os animais estavam infectados pela bactéria que causa a tuberculose humana — explica na reportagem Rodrigo Nestor Etges, médico veterinário da Seapi.
A matéria informa ainda que, “conforme Etges, o laudo apontou que houve reação aos anticorpos do agente causador dos casos de tuberculose em pessoas porque as amostras dos animais mortos foram expostas a esse anticorpo: se tivessem sido expostas aos anticorpos de outra variante da tuberculose, também reagiriam a ela, já que as espécies são muito parecidas”.
— Há chance muito grande de que aqueles animais tenham morrido por tuberculose bovina, pois é a bactéria que já foi identificada em outros casos, através de isolamento, que é o diagnóstico padrão ouro para tuberculose. São muito semelhantes essas bactérias, poucos elementos as diferenciam. No caso desses testes, o anticorpo vai se ligar à Mycobacterium bovis como se ligaria a outras do grupo de bactérias onde estão agrupadas as espécies que afetam os humanos e mamíferos — afirmou o veterinário à reportagem, que recorda que “laudos de 2012 e de 2014 da UFRGS, também feitos em necropsia, já haviam identificado ou sugerido a presença de tuberculose bovina em cervos e lhamas do Pampas Safari”, mas “essa foi a primeira vez que testes apontaram presença de tuberculose humana, ainda não descartada, no Pampas”.
A reportagem conclui reforçando que, "segundo Etges, isso provavelmente se deu porque o teste realizado foi diferente, feito com um anticorpo capaz de se ligar a outras bactérias do gênero, o que sugeriu a possibilidade de o camelo e a capivara analisados terem sido afetados pelo mesmo causador da tuberculose humana".
Ativistas da causa animal que acompanham a polêmica desde a revelação da matança de cervos em agosto do ano passado já se mobiizam para novos protestos.
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