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Muhammad Ali, 1942-2016. Ele nocauteou o racismo, o belicismo e o cristianismo

A lendária resistência de Muhammad Ali acabou sábado 4/6, derrotada após 32 rounds de Parkinson. Só mesmo uma parada respiratória para tirar seu imbatível fôlego, aos 74 anos. Depois de décadas de descontrole com o mal incurável, agora os punhos mais mortíferos do boxe mundial estão em paz. O ex-campeão de pesos-pesados venceu mais que grandes rivais. Várias vezes Muhammad Ali levou o sistema à lona.

 

 

Ninguém precisa ser amante do boxe para admirar quem enfrentou o exército americano sem nenhuma arma. Em 67, ao se recusar a servir no Vietnam, Muhammad Ali disparou mais uma das suas declarações bombásticas. Ele lutava tão bem com palavras quanto com socos (veja rol de frases mais baixo).

 

 

O desempenho físico de Muhammad Ali pode ser resumido assim: técnica impecável, resistência fora do comum. E o cartel dessa lenda humana mostra em números o poder devastador dos punhos: em 61 lutas profissionais, 56 vitórias e 5 derrotas. Como amador, foram mais de 100 lutas e menos de 10 derrotas.

 

 

Nada ruim para quem começou a brigar pra se defender aos 12 anos. A partir daí treinou e virou amador. Aos 18 conquistou ouro nas Olimpíadas de Tóquio. Vítima de racismo num restaurante nos EUA, jogou a medalha no Rio Ohio. Campeão mundial aos 22, foi o primeiro a ganhar 3 vezes o título dos peso pesados.

 

 

A trajetória de Muhammad Ali impressiona: desafiou e foi desafiado, ganhou a maioria e raramente perdeu, deu revanches e recuperou cinturões, foi afastado e retornou, saiu de cena e voltou, saiu e ficou cada vez mais longe dos noticiários. Mas continuou vivo na memória dos amantes do boxe e do esporte.  

 

 

Além das surras nos ringues, bateu forte contra o racismo e o belicismo. E em 1975, ao abraçar o Islamismo, golpeou firme o cristianismo. Por tudo isso foi adorado e criticado, virou ícone de Andy Warhol, foi personagem de filmes, assunto de livros, brinquedo em loja.

 

 

Seja como mito do boxe, seja como ídolo pop, Muhammad Ali  é indiscutível referência ideológica e influência na cultura popular do nosso tempo, e não apenas para afrodescendentes. Altivo, será lembrado pela coragem de expressar suas convicções, um pioneiro da atitude negra.

 

 

Em vida, Muhammad Ali foi coroado como o Esportista do Século pela Sports Ilustrated e Personalidade Esportiva do Século pela BBC. Na morte, foi capa em todos os veículos internacionais, tributo à dignidade do atleta. Leia o adeus ao Rei do Mundo nos obituários da BBC Brasil e de El País Brasil.
 

 

FRASES DE MUHAMMAD ALI

 

O cara lutou como só ele sabia e sempre falou o que acreditava. Muitas frases são porradas que valem por um round. Entre trocentas, o Seguinte: prefere as seguintes:

 

"Classius Clay é o nome de um escravo. Eu não escolhi isso. Não quero. Eu sou Mohammad Ali, um homem livre."

"Eu odiei cada minuto de treino, mas não parei de repetir-me: não desista, sofra agora e viva o resto de sua vida como um campeão."

“Impossível não é um fato. É uma opinião.

“Eu sou o maior. Disse a mim mesmo quando eu não sabia que era.”

“Me pediram para vestir um uniforme e ir a 10.000 milhas de casa jogar bombas e atirar em pessoas de pele escura enquanto aqui negros são tratados como cachorros e são negados os direitos humanos mais simples. Eu não vou ajudar a matar e queimar outra nação pobre simplesmente para continuar a dominação do branco escravista".

 

“Nenhum vietcongue me chamou de crioulo, porque eu lutaria contra ele?”

“O silêncio é ouro, quando não é possível encontrar uma boa resposta.”

"É apenas um trabalho. A grama cresce, pássaros voam… Eu luto num ringue.”

"Quando você está certo, ninguém se lembra, mas quando você está errado, ninguém esquece."

"O boxe é um monte de homens brancos, vendo como um homem negro bateu mais um negro".

"Servir aos outros é o aluguel que deve ser pago para um quarto na terra."

"Eu era o Elvis do boxe, o Tarzan do boxe, o Superman do boxe, o Drácula do boxe. O grande mito do boxe."

“No golfe também sou o melhor, embora eu ainda não tenha jogado.”

"Sou tão rápido que ontem à noite eu desliguei o interruptor no meu quarto de hotel e estava na cama, antes que o quarto estava escuro."

 

: Muhammad Ali por David Levine, um dos maiores caricaturistas americanos.

 

Assista a 10 nocautes históricos de Muhammad Ali.

 

Para conhecer a história e a trajetória Muhammad Ali, acesse o site oficialPara saber mais sobre a trajetória de Muhammad Ali, acesse a Wiki em português ou a Wiki em inglêsPara conhecer alguns documentários sobre Muhammad Ali, acesse o site IMDb.

 

Assita, para se emocionar com a participação de Muhammad Ali no acendimento da pira na abertura dos Jogos Olímpicos em Atlanta:

 

Assista um trecho de uma gozação dos Simpson´s com a dicção de Bob Dylan, Tom Waits, Popeye e Muhammed Ali:

 

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