coluna da teresa

Mundo (des)corporativo

Para uma empresa, pessoas são números. Dizer “mundo corporativo” é um equívoco, então, porque o corpo, para uma empresa, também não existe. A única materialidade possível são os números.

Pessoas escrevem currículos, números são contratados.

Pessoas apertam o soneca do despertador, números batem cartão.

Pessoas fazem planos para as férias, números têm metas de produção.

Pessoas têm hérnias de disco, números apresentam atestados médicos válidos.

Pessoas têm estômagos que fazem barulho, números esperam na fila do refeitório.

Pessoas são um número no contrato de trabalho.

Números recebem contracheque, pessoas pagam a conta de luz.

Números fazem reuniões, pessoas encontram-se depois do expediente.

Números produzem lucro, pessoas estimulam a motivação dos colegas.

Números saem pela porta da firma, pessoas passam na padaria e compram pão.

Números com dez anos de trabalho são meras despesas; pessoas com dez anos de trabalho têm patrimônio profissional.

Números são demitidos. Pessoas explicam ao filho que uma segunda-feira não é feriado só porque estão mais cedo em casa.

Números assinam um contrato de rescisão e deixam de existir.

Pessoas somente continuam existindo, alma e corpo ativo, quando deixam de ser números. Apenas no mundo real.

O mundo corpo(r)ativo é um equívoco nominal.

 

Participe de nossos canais e assine nossa NewsLetter

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Conteúdo relacionado

Receba nossa News

Publicidade