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Na cozinha dos Souza, a tradição de Gravataí

Os irmãos Pedro (esquerda) e Roni (direita) mantêm a tradição iniciada pelo pai | GUILHERME KLAMT

O universo da cozinha é para poucos. Imagine, a cada dia, lidar com o preparo de 20 kg de arroz, 7 kg de feijão, 10 kg de massa, 40 kg de batatas e outros pelo menos 50 kg de carne. Esta é a tradução, em números da rotina dos irmãos Souza. Roni, 52 anos, e Pedro, 63 anos, comandam o Restaurante e Lancheria Souza, na altura da parada 69 da Avenida Dorival de Oliveira, naquele endereço, há 19 anos. Mas com experiência em bem servir Gravataí há mais de duas décadas.

— A cada dia, servimos entre 200 e 250 almoços. Dá muito orgulho perceber que as pessoas têm o nosso restaurante como uma referência. Nosso esforço é sempre por tratar bem este cliente, com humildade. Foi o que aprendi com o meu pai e é o que tem mantido a nossa tradição — orgulha-se o Roni José de Souza.

O restaurante é referência principalmente para os trabalhadores da região das paradas de Gravataí, mas também vira ponto de encontro. No período eleitoral, por exemplo, é parada obrigatória para quem busca votos na cidade.

 

 

Cabe ao Roni a adminstração financeira do restaurante. O irmão, Pedro José de Souza, é praticamente um especialista na Ceasa. É dele a responsabilidade pela produção deste mundo da alimentação. E a parceria é forte. Teresinha de Fátima de Souza, 61 anos, esposa do Pedro, é a chefe de cozinha. Neste time familiar, tem ainda a filha do Pedro no caixa, e o do Roni, no balcão da lancheria. São 16 funcionários no restaurante, alguns deles, estão com a família desde que o estabelecimento foi aberto no atual endereço.

— Neste ramo da alimentação, tu tens que gostar muito do que faz. Isso é o que mantém um negócio deste tipo tanto tempo com sucesso — acredita o Pedro.

Todos os dias, enquanto ele pilota a churrasqueira, Teresinha capricha nas sobremesas, uma de suas especialidades.

— O importante é servir a todos como eu gostaria que me servissem — define a chefe de cozinha.
Para Roni, o cliente é um rei. Ensinamento do "Tio Maneca", o paí deles.

 

Tio Maneca, o empreendedor

 

Em 1974, ele trouxe a família toda de São João do Sul, Santa Catarina, por conselho da irmã. Empreendedor, o Maneca sentia que lá não teria mais condições de sustentar a casa. Aqui, chegaram em Cachoeirinha e, seguindo o fluxo populacional da época, tinham como destino o trabalho no Distrito Industrial. Mas quem disse que o espírito empreendedor sossegaria.

Primeiro, montaram, no bairro Princesa Isabel, em Cachoeirinha, uma fruteira e aviário. Depois, na Avenida Imbuí, ainda em Cachoeirinha, um armazém. Por fim, em 1978, o "Tio Maneca" fez uma aposta. Alugou a área onde havia uma lanchonete. Chamava-se, curiosamente, "Sem Nome". 

— Era motivo de graça, o pessoal ria, mas começou a frequentar e uma clientela fiel foi se criando. Aí o pai mudou para Lancheria Souza — conta o Roni, que desde os 11 anos trabalhava junto com o paí.

 

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Em meio aos anos 1980, o "Tio Maneca" faleceu, e os irmãos trataram de manter a lancheria prosperando.

Em pouco tempo, ficou pequena. Já estavam em três salas para dar conta da procura, na altura da parada 70. Deram o passo adiante.

— Em 1999, compramos o terreno onde funcionava o sucatão, e aqui nos estabelecemos até hoje — diz o Roni.

 

Contra a crise

 

A intenção dos irmãos era também mudar o perfil do restaurante, e adaptarem-se aos novos tempos. Queriam um buffet executivo, compatível com o crescimento da economia local. Mas e o patrimônio maior que haviam herdado do pai?

— Não poderíamos deixar para trás os nossos clientes antigos e o que nos caracterizava. O pessoal ainda procurava o prato feito, por exemplo. Então, o nosso restaurante desde sempre tem três segmentos: buffet executivo, comercial, com prato feito, e a lancheria. Agradamos a todos — garante.
Quem chega ao restaurante, olha uma revenda de veículos na esquina com o mesmo sobrenome, mas não, este não e o negócio da família. Apesar da coincidência do nome, eles não diversificaram os negócios a tal ponto. 

A diversificação está no centro de Gravataí. Lá, a família mantém o Espaço Souza, uma casa de eventos. Foi uma das fórmulas encontradas para driblar a crise. Pudera, a partir de 2014, a quantidade de almoços servidos caiu dos mais de 300 para em torno de 250 diários. 

— A casa de eventos é um investimento importante que fizemos. Estamos em recuperação, como toda a economia da cidade, mas não é fácil — avalia Roni.
 

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