‘Nada a ver’, como diziam os mais antigos, esse post do prefeito Cristian Wasem (MDB) andando por Cachoeirinha em um monociclo elétrico.
Assista clicando aqui, porque depois você pode seguir no texto já me condenando por ser tão chato.
É obvio que prefeitos tem direito ao lazer. É até recomendável. Quem vive o ambiente da política sabe a pressão, desde o militante não pago, passando pelo CC, até os mandantes.
Mas ser político, e ocupar um cargo que tem poder para mexer com a vida das pessoas, com ações, inações e, não diminuam o poder disso, falas e exemplos de comportamento, exige saber-se ‘sequestrado’ pela opinião pública.
Reputo ainda não era momento para Cristian passear pela cidade num brinquedo. Ainda amargamos o pós-enchente, que reportagens durante e depois da catástrofe estimavam ter atingido 25 mil pessoas, e, no mapa oficial do governo estadual, agora identificam 8.892 habitantes; leia em Mapa do governo gaúcho mostra extensão menor da enchente em Cachoeirinha e Gravataí; Saiba como acessar.
Os comentários nas redes antisociais me dão razão – não que isso seja bom; na maioria das vezes é ruim.
Tem muito lixo na rua ainda, prefeito. A crise com a empresa prestadora de serviços – que culpou os funcionários! – não está resolvida. Bairros que tinham coleta três vezes por semana, hoje se tem uma, os moradores já agradecem.
Até por questões de segurança, não vou recomendar ao senhor flanar por lá, mas dia desses um carro caiu no Arroio Passinhos, porque a pavimentação cedeu na Telmo Dorneles, a ‘rua do valão’.
No post, prefeito, escreves “Noite de domingo com esporte e sustentabilidade, monociclo Elétrico”. Mas, vamos lá, fazendo o Advogado do Diabo: o transporte coletivo, do pobre, em Cachoeirinha, não retornou à oferta pré-enchente, mesmo que os subsídios públicos, o repasse da Prefeitura para empresa para ‘equilibrar o contrato’, tenha pingado regularmente.
Apesar de seu reconhecido equilíbrio sobre o monociclo elétrico, como atestam comentaristas do Grande Tribunal das Redes Sociais, também há um desequilíbrio nas contas públicas, com um comprometimento da folha com o funcionalismo acima do limite da Lei de Responsabilidade Fiscal, como reportei na reposição salarial dada e tirada do funcionalismo em Governo Cristian paga e depois desconta reposição para o funcionalismo de Cachoeirinha; O Jogo dos Quantos Erros.
Ao fim, posso estar sendo chato, assim como opositores e apoiadores seus que me mandaram o vídeo entendendo ser um despropósito. “Imaturidade”, disse-me, sem eu perguntar, alguém que torce muito por sua reeleição.
Não de hoje faço uma crítica a alguns comportamentos seus, Cristian: parece-me que não consegues tirar o vereador do corpo. Ser prefeito é diferente. Sua gestão não é nenhum desastre. Mas é caracterizada por uma sucessão de erros, que considero por vezes conseqüência de Cachoeirinha ser, não por culpa exclusivamente sua, uma ‘República de Vereadores’, onde cada um tem sua ‘prefeitura’.
Nunca tivemos proximidade (por meses espero uma entrevista), mas só ouço coisas boas sobre o ser humano Cristian. “Ele é puro”, dizem. Talvez esse passeio seja um reflexo disso.
Se foi inspirado na coach Beatriz Moraes, foi mal.
Alerto, porém, que superexposições como essa, que muitos consideram ridícula, assim como quando andou de carrinho de lomba ou se equilibrou sobre um pneu de bicicleta, podem traduzir uma pessoa desprendida do ‘sistema’, positiva, mas diminuem sua imagem institucional, e, consequentemente, seu poder, como prefeito.
Preocupa-me, já que és favorito à reeleição.