inspirado em saul

Não adianta querer fugir de si mesmo

Excelente o artigo “Fugindo de mim” escrito pelo colunista, escritor e professor Saul Sastre (Revista Mais Matéria). Tanto o é pela forma como aborda o assunto como pelo profundo conteúdo filosófico vivencial. Não há como fugir de si mesmo, mesmo que muitos acreditem e tentem mudar, mudando de onde estão.

Ouve-se, com frequência, pessoas dizendo, no auge da sua ansiedade, tribulações e desespero:

“Quero virar as costas e sumir” ou “não aguento mais, vou deixar tudo para trás e ir para um lugar bem distante…”. Há quem o faça, mas jamais, sem o devido tratamento, poderá se livrar dos traumas do passado, do seu temperamento e, inclusive, da sua personalidade.

“Eu continuarei sendo quem sou, independentemente de onde eu esteja ou vá!!

Se quisermos mudar, comecemos aqui e agora!

 

O ARTIGO DE SAUL

 

Desisto de fugir de mim, todos os lugares por onde ando, acabo me encontrando. Já fiz viagens para o meio do nada, onde a probabilidade de existir alguém era praticamente nula, mas para minha surpresa eu estava lá. Saí do país para driblar a mim mesmo. Comprei passagem para um só lugar no avião. Passei a noite sobrevoando o oceano e de vez em quando olhava para trás para ver se não tinha mais ninguém comigo. Mal desci no aeroporto, do outro lado do mundo, e imagina, acabei me encontrando. Eu estava em todos os lugares comigo.

Tentei fugir de mim na cachaça e na cocaína, mas depois que passou o efeito, acabei me encontrando em piores condições. Tentei fugir de mim sendo autista para as coisas que ocorriam na minha volta, mas foi a pior das fugas. Vivi egoisticamente num mundo paralelo distante da realidade, deixei flancos para ser traído, enganado e ainda me achando o bom. Por isso desisti de fugir de mim, até mesmo morrendo eu acabaria me encontrando, o jeito é tentar viver comigo mesmo.

E num ímpeto de reconciliação me convidei para almoçar. Nem precisava, pois sabia que no pior ou melhor restaurante, eu iria me encontrar e na pior ou melhor comida eu teria eu mesmo como parceiro. Não tenho nada contra mim, mas se conseguisse fugir um pouquinho, talvez me livrasse de alguns pensamentos que me incomodam, pudesse mudar de vida e resolver situações de um passado que me deixam para baixo. Mas a cada sushi com molho shoyo que colocava na boca, mais eu me encontrava e refletia.

Ser humano tem essa sina, para viver bem, tem que estar bem consigo mesmo, sendo facultado fugir para onde quiser, menos de si. Tem que enfrentar o presente, as reações de suas ações e toda sorte de adversidades. Tem que extrair coragem do mais seco cactos para avançar e ver a vida lucidamente como ela é. Respirar fundo e seguir sem a possibilidade de recuo. A única saída é enfrentar.

Antes até pensava em viajar para o futuro, mas não ia adiantar, hoje sei que não estou lá, mas quando chegar, eu vou estar junto.

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