RAFAEL MARTINELLI

Não caia no conto de uma CPI do Hospital de Cachoeirinha, prefeito Cristian; O vilão pode restar o senhor

Não cometa o erro de liberar sua base de governo para apoiar uma CPI do Hospital Padre Jeremias, prefeito Cristian Wasem (MDB). Se dizem sobre CPIs que “se sabe como começa, nunca como termina”, antecipo o fim desta: explodirá na sua gestão.

Antes de explicar, lembro que a uma CPI – ideia que o senhor esquentou politicamente ontem, ao contar no podcast amigo ‘Falando Sozinho’, que já conversou com o presidente da Câmara Paulinho da Farmácia (PDT) sobre o tema – precisa de um fato determinante.

Arrisca um fiasco jurídico, porque fato determinante não há. Talvez a Câmara nem tenha prerrogativa de investigar um hospital que é estadual, com foco na maternidade e cuja relação com Cachoeirinha vai pouco além de ter CEP no município; não há dinheiro da Prefeitura no HPJ.

Mas vamos às consequências políticas.

O SUS é um sistema. Se há problemas no atendimento de emergência do hospital, não seria porque a rede básica de saúde não está funcionando adequadamente?

Não seria pelo fato de que nenhuma unidade de saúde está com equipes médicas completas, por exemplo?

Seria melhor dedicar o tempo a melhorar a marcação de consultas online e permitir uma margem de atendimento diária nos postos de saúde.

Assim como investir na UPA, onde o senhor pode até contratar gente, graças ao ex-prefeito Miki Breier (PSB) – às custas da popularidade – ter garantido o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal por Cachoeirinha, reduzindo os gastos com a folha de pagamento de 70% para menos de 54%, hoje.

Aí, ilustrando de uma forma didática: se uma pessoa está gripada, precisa de um atestado, procura o posto. Se os sintomas são mais graves, é encaminhada para UPA. E se precisa entubar, só então há necessidade de ir para o HPJ e, conforme o caso, ser transferida para outro hospital, a partir do Gerint, que é o sistema que regula vagas em leitos em todo Rio Grande do Sul.

Cachoeirinha, diferentemente de Gravataí, não recebe milhões em recursos federais e estaduais para atendimento hospitalar, por meio do que se chamava de ‘gestão plena da saúde’. O contrato com o Hospital Dom João Becker, por exemplo, ultrapassa os R$ 70 milhões.

Reputo, ao invés de ir à guerra com uma CPI, seria melhor o senhor orientar a secretária Bianca Breier a negociar com o Instituto de Cardiologia, que administra o HPJ.

Poderia, inclusive, usar o caso da Santa Casa administrando as UPAs de Gravataí, e, logo adiante, talvez as unidades de saúde, para fazer um bom negócio, integrando todo sistema de saúde de Cachoeirinha.

É SUS, mas o IC disputa mercado com a SC.

Ao fim, uma CPI do Hospital – além do risco de paralisar um governo que deveria focar em conseguir as certidões necessárias e construir um plano de investimentos para os R$ 80 milhões em financiamentos já aprovados pela Câmara – não atende o interesse público, porque não há resultado possível para além de, certamente, render bastante protagonismo político e cliques a demagogos e aloprados.

O Grande Tribunal das Redes Sociais sempre adora um vilão na saúde.

Pense bem. O vilão pode restar o senhor.

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