greve

Não quebrei o Ipag, diz Bordignon; ex-prefeito defende legado

Daniel Bordignon governou Gravataí entre 1997 e 2004

Daniel Bordignon não aceita ser incluído na lista dos vilões do Ipag: nem do Ipag Previdência e, muito menos, do Ipag Saúde. Conversei com o ex-prefeito – que queria contestar a opinião de que ‘asfaltou até Lua financiado por um calote no instituto de previdência e assistência’ – antes do sindicato dos professores deflagrar a greve desta segunda contra a extinção do plano de saúde que atende cerca de 10 mil pessoas entre servidores ativos, inativos, pensionistas e familiares.

É diferente do que acusou o atual prefeito domingo, em entrevista à Band, que tratei nesta terça no artigo O povo paga plano de saúde privado a alguns servidores e familiares, diz Marco Alba; prefeito liga sindicato dos professores ao PT, publicado pelo Seguinte:.

– Não quebrei o Ipag, não quebrei Gravataí. Peço que faça justiça, porque é meu legado. Administrei com muita dificuldade, numa economia de guerra, porque tínhamos a expectativa do ‘efeito GM’, mas os impostos ainda não retornavam para Gravataí, a cavalaria ainda não tinha chegado! Acredito que quem viveu a época reconhece meus governos – resume o professor de história que governou entre 1997 e 2004, foi deputado estadual por duas vezes e, na tentativa de retornar à Prefeitura já pediu música no Fantástico em impugnações de suas candidaturas em 2008, 2012 e 2016.

Siga trechos do que disse Bordignon, se minha memória não me trai.

 

“Edir Oliveira foi o prefeito que criou o Ipag em agosto de 96, prevendo 11% de desconto para a Prefeitura e 9% para os servidores. Em dezembro, o SPMG me procurou e pediu que fosse instalado. Foi o que fiz em 97”.

 

“Edir criou o Ipag para se livrar da dívida com o INSS. Por 30 anos, a Prefeitura nunca recolheu a parte patronal. A herança ficou para nosso governo. Gravataí era maior devedora de INSS do Rio Grande do Sul e das campeãs do calote do Brasil. Em valores nominais, R$ 66 milhões. Nunca tinha sido recolhido FGTS: outros R$ 35 milhões. O orçamento era de R$ 36 milhões. O gasto com folha de pagamento era de 72% e tínhamos que pagar salários atrasados de novembro, dezembro e o 13º. Por ter que parcelar o INSS devido, houve atrasos na parte do Ipag Previdência, mas não é a causa dos problemas de hoje. Essa dívida é de R$ 100 milhões frente a um orçamento que hoje é de R$ 800 milhões”.

 

“Em 2000 criei a contribuição de 4,5% do governo para o Ipag Saúde. Havia só os 4,5% dos servidores. Cortei o Ipag dos secretários e CCs. Respeitei o artigo primeiro da lei, que garantia ao Ipag autonomia financeira, administrativa e patrimonial. Os sindicatos e servidores comandavam o conselho fiscal e deliberativo. Eu sempre disse: o instituto é de vocês, cuidem dele. O cálculo atuarial foi feito por empresa licitada, sob o controle do funcionalismo. Nunca houve apontamentos do Tribunal de Contas do Estado, meus oito anos foram aprovados pela Câmara de Vereadores”.

 

“Consegui dar para o funcionalismo os maiores reajustes da história de Gravataí, quase 50%. E mantive a folha no limite de 51,3% previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal, diferente de 96, quando passava dos 80%. Não deixei de fazer obras e prestar serviços. A aprovação com que deixei o governo traduz isso”.

 

“Não está correto dizer que o problema do Ipag é essa conta de R$ 100 milhões da falta de recolhimento patronal. Veja a proporção: herdei R$ 66 milhões de dívida com a previdência e negociei, paguei, com um orçamento de R$ 36 milhões. Hoje esses R$ 100 milhões estão negociados num orçamento de R$ 800 milhões. Queria eu ter uma dívida dessas à época, muito mais fácil de administrar”.

 

“Os déficits nos institutos de previdência acontecem em todo país, não é um problema só de Gravataí. É preciso geri-lo sem deixar de prestar serviços à população. Eu deixei a casa em ordem”.

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