No ‘Enem do piso em cascata’, que professores aplicaram aos vereadores de Gravataí no Instagram, uma pergunta errada jamais terá resposta certa.
Abaixo de cards individuais, cada um com a foto de um dos políticos, sob o questionamento-afirmação “qual a tua vereador?!”, o perfil @profesdegravataí indaga:
“Vereador, o que tu acha do Prefeito Zaffalon NÃO ir na reunião sobre o piso do magistério e ainda na página da prefeitura MENTIR de que foram apresentados benefícios para a categoria? Revogação da lei do plano de carreira, fim da licença prêmio, auxílio alimentação só pra quem não faltar, não colocar atestado e ir trabalhar doente são benefícios?”
Na lista dos supostamente ‘a favor’ dos professores, foram incluídos, com um ‘confirmado’, Alan Vieira (MDB), Alison Silva (MDB), Áureo Tedesco (MDB), Anna Beatriz da Silva (PSD), Carlos Fonseca (PSB), Cláudio Ávila (União Brasil), Mario Peres (PSDB), Paulo Silveira (PSB), Roger Correa (PP) e Thiago De Leon (PDT).
Printe & Arquive na Nuvem: pode ter questão anulada neste ‘Enem’.
Entre os ‘confirmados’, poucos responderam diretamente o que seria prático para a categoria ouvir: apoio ao pagamento do piso sem a revogação da lei dos níveis que garante repercussão sobre toda carreira.
Há, na lista, vereadores que ainda tem cargos no governo.
Vamos aos exemplos.
Áureo Tedesco disse: “Só para deixar claro sou favorável que se pague o piso dos professores. Professor bem pago, educação de qualidade. Sempre defendi”.
Não fosse conversa que já tive com o parlamentar, trataria a resposta como dúbia, já que o prefeito, na primeira reunião com o sindicato dos professores, disse que pagaria o piso – só que para os 300 que ganham abaixo, não com repercussão de 10% em todos os 5 mil educadores, entre ativos e inativos.
Se não mudar de ideia, Áureo me disse que votaria contra a revogação de uma lei que, como vice-prefeito de Marco Alba (MDB), ajudou a construir e foi aprovada por unanimidade pelos vereadores em 2019.
O mesmo não posso assegurar sobre o vereador Roger.
“Já deixei minha posição bem clara nas sessões em que o assunto foi abordado. Sim eu apoio os professores e apoio que sejam valorizados. Peço que olhem as lives que ficam salvas no youtube, tive vários momentos de fala!”, respondeu o vereador governista, que tem pelo menos uma dezena de indicados na Prefeitura.
Reputo para pergunta errada, resposta certa não há.
Acompanhei todas as manifestações do vereador em sessão e Roger nunca se comprometeu a votar contra a revogação da lei de níveis.
Sempre disse que valoriza os professores, mas nunca se comprometeu com votar contra uma revogação da lei, caso enviada pelo prefeito.
Da mesma forma, a manifestação de Cláudio Ávila (União Brasil),que também tem na Prefeitura cargos em ‘barriga de aluguel’, indicados por outros vereadores, nunca foi incontestável sobre votar contra uma revogação da lei de níveis.
Alguns vereadores não responderam ao ‘Enem do piso em cascata’.
Porém, por esta conta de ‘confirmados’ pelos professores, a vitória em plenário poderia ser garantida com o voto de Claudecir Lemes, do MDB de Marco Alba, Áureo, Alison e Alan, mesmo que Márcia Becker confirmasse que vai sair do partido e apoiar a reeleição de Zaffa.
O vereador não respondeu à enquete, mas caso seguir com o grupo de Alba, garantiria um 10 a 10. Aí, Alison, como presidente, desempataria.
Ao fim, insisto: para pergunta errada, resposta certa não há.
Deveriam os professores ter perguntado: “se o prefeito enviar projeto revogando a lei de níveis, você vota a favor ou contra?”.
Como não serei eu a duvidar da capacidade cognitiva de nossos educadores, resta compreender que o ‘Enem do piso em cascata’ tem como objetivo maior constranger, do que assegurar o voto dos vereadores.
Chato é que engana parte da categoria, que acha que tem apoio de quem não tem.
