Mário Bruck, presidente estadual do PSB desde que José Stédile assumiu a secretaria de Obras do governo Eduardo Leite, foi ao kinderovo da Câmara confirmar o apoio à candidatura do vereador Paulo Silveira à Prefeitura de Gravataí.
– Agradeço a confiança e estou pronto, com a inspiração do saudoso Eduardo Campos. O partido sempre foi protagonista nas eleições municipais e em 2020 não será diferente – disse, na reunião em seu gabinete, o parlamentar em segundo mandato e presidente municipal.
O Seguinte: também perguntou a Mário sobre a crise que vive o partido em Cachoeirinha, a segunda maior prefeitura da sigla, comandada por Miki Breier.
Siga os principais trechos da entrevista.
Seguinte: – Em Gravataí o partido parece em paz. Paulo foi escolhido candidato com apoio dos vereadores Carlos Fonseca e Wagner Padilha. Na turbulenta relação interna em Cachoeirinha, Miki é o candidato à reeleição?
Mário – O projeto do PSB é ter candidaturas às prefeituras de municípios com mais de 40 mil eleitores. Em Gravataí, contamos com Paulo Silveira para a missão. É uma eleição sui generis, sem coligações para os legislativos e a primeira nos municípios com fundo partidário. É momento de apresentar nosso projeto, mostrar a cara do partido, permitir ao eleitor identificar quem é quem. O PSB foi fundado em 47 num momento semelhante ao de hoje, uma divisão intolerante entre comunistas, totalitários e liberais. Representamos o socialismo moderno, democrático, brasileiro. Já Cachoeirinha ainda tem feridas decorrentes da divisão na última campanha…
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Seguinte: – Entre os grupos representados por Miki e Juliano Paz; Stédile e Vicente?
Mário – Sim. Acredito que faltou maturidade a todos. Mas dar toda liberdade às direções municipais na escolha das candidaturas é característica de nosso partido a direção estadual.
Seguinte: – Não há arrependimento por uma falta de intervenção, já que Stédile não conseguiu a reeleição para Câmara Federal por menos de 800 votos?
Mário – Poderíamos ter barrado candidaturas em nosso congresso estadual, mas preferimos respeitar as decisões locais. Mas é sim um exemplo para reflexão e muita psicologia.
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Seguinte: – E Miki, é, para o presidente estadual, o candidato à reeleição?
Mário – É o prefeito, o primeiro da fila. Não seria natural, e nem uma boa, termos outra candidatura. Mas é uma decisão do PSB de Cachoeirinha, que tem outras lideranças fortes que tem o direito, como qualquer filiado, de pleitear uma candidatura. É natural em um partido há 16 anos no governo e com um projeto vitorioso, pelo menos até a última eleição, quando não elegemos deputado estadual e federal da cidade.
Seguinte: – Stédile quer ser candidato a prefeito?
Mário – Não vejo essa disposição do Stédile em concorrer à Prefeitura.
Seguinte: – O PSB não teme perder Miki por uma falta de definição sobre a reeleição? Sabe-se do assédio do PSD e do PTB, que parecem estar formando um ‘centrão’ na região, com atuais prefeitos ou candidatos às prefeituras de Gravataí, Canoas, Viamão e Glorinha, já de olho na eleição para o Palácio Piratini em 2022?
Mário – Estranharia uma saída do Miki. Ele tem muita afinidade programática e filosófica com o PSB. Por óbvio seria uma grande perda. E nosso projeto de candidaturas às prefeituras também mira em 2022, quando disputaremos o governo do Estado.
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Seguinte: – Em Gravataí, o partido perdeu para o PDT Anabel Lorenzi, sua maior expressão eleitoral nas últimas três eleições municipais.
Mário – Anabel chegou no PSB como uma dissidência do PT e sempre teve nosso apoio para grandes tarefas em Gravataí, no RS e Brasil. Lamentamos, mas temos a consciência tranqüila: foi escolha dela seguir outro caminho.
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Seguinte: – Não falta mais apoio da direção estadual para Miki? O prefeito pareceu sozinho quando precisou aprovar o corte de vantagens do funcionalismo em 2017 e também na crise que envolveu vereadores do partido favoráveis ao seu impeachment este ano.
Mário – O PSB sempre esteve com Miki. Ninguém gosta de medidas duras, como as que ele teve que tomar logo ao assumir, mas a direção estadual nunca ficou contra o prefeito. E, nas disputas internas decorrentes da polêmica do impeachment, agimos como instância julgadora. A vereadora Jack (Ritter) foi suspensa pelo partido no município, mas, na estadual, avaliamos que o processo não tinha garantido direito de defesa e devolvemos à instância local. Porém, o PSB estadual emitiu nota em defesa de Miki e contra o impeachment.
Seguinte: – O autor do impeachment prestava serviços ao PSB.
Mário – Não para a direção estadual. O que fizemos foi pedir aos municípios que contratassem assessoria jurídica para prestação de contas e o advogado ofereceu o melhor preço e serviço. Nem sabia que era filiado ao partido na época e nem que tinha trabalhado na campanha de Miki.
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Seguinte: – Como avalias o governo Miki?
Mário – O prefeito teve dificuldades no início pela crise econômica que, desde 2015, derrete a economia brasileira. Acredito que enfrentou bem a situação e Cachoeirinha está voltando a crescer, paga salários em dia… Miki tem minha confiança.
Seguinte: – O PSB estadual vetará aliança com algum partido em 2020 nas eleições municipais?
Mário – A princípio, não. Nacionalmente, não apoiamos Bolsonaro na última eleição. Mas respeitaremos as realidades locais. Se o DEM, ou um partido da extrema direita apoiar nosso projeto que busca o crescimento econômico com a valorização do ser humano, ótimo. Difícil seria o PSB apoiar um projeto que não tivesse nossa cara, que não defendesse os trabalhadores, as minorias.
Seguinte: – Então, por analogia, se o PSB está no governo estadual, é porque Eduardo Leite (PSDB) tem essa cara?
Mário – O movimento do governador para alterar os critérios de distribuição de parte do ICMS para os municípios, a fim de estimular o investimento em educação, representa bem isso. É a social democracia, com a qual nos identificamos aqui e nos agradam representações dela na Alemanha, Espanha e com o socialismo moderno de Bernie Sanders, nos Estados Unidos.
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